terça-feira, 22 de janeiro de 2019



Acredito que muita gente deve ter se irritado, indignado, com tantos dias ininterruptos  de calor escaldante, que mais parece uma fornalha. Aqueles/as que residem próximos ao mar, rios, lagos e lagoas conseguem até ter um alívio momentâneo. Porém, quem não tem tais recursos, nem mesmo ar condicionado ou ventilador, provavelmente vem implorando aos céus uma trégua para poder trabalhar ou respirar com menos sufoco. Se não bastasse o terrível e interminável calor, quase todos os finais de tarde somos surpreendido por fortes tempestades, cuja incidência de raios vem superando todas as estatísticas históricas.Teria tudo isso algum fator especial?
Os mais otimistas admitem que tais fenômenos extremos são considerados normais, pois se repetem a cada ciclo médio e longo do tempo. Já os mais críticos e menos entusiásticos que o primeiro grupo, argumentam que tais episódios extremas do tempo se devem as bruscas mudanças do clima global, causados pelo efeito estufa. É de se ressaltar que a posição desse último grupo contrário aos ciclos naturais, por si só são merecedores de todas as atenções das autoridades e chefes de Estados envolvidas nos encontros de cúpulas sobre o clima.
Desde a primeira reunião global sobre o meio ambiente ocorrida em Estocolmo, Suécia, em 1972, já foram realizadas 24COP (Conferências das Partes) e outras tantas conferências como a RIO-92 e RIO+20, com os mesmos propósitos de pensar soluções à crise climática global. Nessas glamorosas jornadas que reuniram e reúnem milhares de representes do mundo inteiro, são assinados protocolos de compromissos mútuos para limitar a emissão dos gases responsáveis pelo aquecimento global. Entretanto, a cada novo encontro de cúpula, os relatórios mostram que parcos são os resultados obtidos por cada país membro.
Os fracassos geralmente são motivados por pressões das grandes corporações que não admitem dispor ou ceder o mínimo para conter as emissões. Na Conferência do Clima de Paris, a COP21, em 2015, cientistas do clima alertaram que o planeta teria no máximo 12 anos de sobrevida, antes do colapso climático definitivo. Alertados sobre a provável hecatombe, governos, durante a cúpula de Paris, assinaram documento se comprometendo em adotar medidas austeras para evitar o pior. Na última COP24 realizada na Polônia, países como Rússia, EUA, Arábia Saudita e Kuait questionaram o documento considerando-o anti produtivo. O menosprezo desses países acerca da opinião inquietante dos pesquisadores do clima, irá colocar por terra qualquer possibilidade de minimizar as emissões de CO2 no limite de 1,5 graus, níveis considerados toleráveis. Tudo indica que o limite crítico de 2 graus de temperatura média global poderá ser atingindo muito antes do previsto. Milhões de pessoas no mundo inteiro poderão sofrer efeitos terríveis como estiagens prolongadas, inundações, ondas insuportáveis de calor e frio.   
Depois de dois anos, 2014 e 2016, com volumes de emissões de CO2 estagnados,  entre 2017 a 2018, novamente acendeu a luz vermelha com o crescimento das emissões de gases poluentes no planeta. Em escalas de comparações, no ano de 1959 a quantidade de partículas lançadas na atmosfera foi de 9,28 bilhões de toneladas. Quase cinqüenta anos depois esse volume pulou assustadoramente para 37,1 bilhões de toneladas. A China que naquele momento tinha uma participação insipiente em emissões, 0,71 bilhão de toneladas, em 2018 o volume ultrapassou os 10 bilhões. Agora se juntarmos outros países como a Índia e nações do sudeste asiático em franco crescimento econômico, os volumes em bilhões de CO2 emitidos são assustadores.
A decisão dos EUA de romper do acordo de Paris, que poderá ser seguido pelo Brasil, coloca um hiato no cumprimento dos protocolos para a redução do aquecimento global. O fato é que os últimos acontecimentos no mundo e no Brasil dão mostras que estamos caminhando na contramão do ambientalismo. A greve dos caminhoneiros no Brasil em 2017, as recentes manifestações de Rua na França, ambos envolvendo combustíveis fósseis, são alguns exemplos de que há forte desconexão entre os discursos ambientalistas dos governos e a frágil realidade sócio econômica dos países dos quais representam.
Prof. Jairo Cezar       

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