quinta-feira, 20 de novembro de 2014


Professor Paulo Brack, biólogo da UFRGS, discorreu sobre o papel das Ongs e as adversidades do Clima Global no 3° EFAMUC, em Araranguá  
  
Entre as várias palestras de importante relevância em relação ao clima apresentadas no terceiro EFAMUC (Encontro sobre Fenômenos, Adversidades e Mudanças Climáticas) ocorrido em Araranguá entre os dias 6 e 7 de novembro de 2014, sem sombra de dúvida a participação do professor Paulo Brack, biólogo da UFRG (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que discutiu o tema: a atuação das Ongs na preservação da biodiversidade e em questões relacionadas às mudanças climáticas foi espetacular por proporcionar aos presentes momentos impar para refletir a problemática climática global e brasileira e a participação das Ongs na discussão e encaminhamento de propostas alternativas que possam ainda reverter o quadro nada animador do aquecimento global. Destacou que eventos climáticos extremos como o Furação Catarina, ocorrido em 2004, e a atual estiagem na cidade de São Paulo, entre outros acontecimentos, tem relação direta com a maneira em que o ser humano vem agindo no planeta.
O modelo de produção de base mercantilista praticando no Brasil, com ênfase na monocultura e exportação de commodities, é sem sombra de dúvida um dos principais vetores do agravamento das adversidades climáticas. O desmatamento na Amazônia é um exemplo de crime ambiental de fortes proporções que merece maior atenção das autoridades. O  governo federal, através da mídia, vinha tentando induzir a falsa ideia de que os desmatamentos na Amazônia estavam diminuindo, porém, causou perplexidade quando o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) apresentou novo relatório afirmando que entre 2011 e 2012, os desmatamentos na região cresceram cifras assustadoras de 29%. Sem contar outros biomas que passam pelo mesmo processo depredatório como o Bioma do Pampa gaucho que corresponde a 2% do território brasileiro, ocupado por monoculturas como a soja.  Seguindo essa lógica, o Brasil adota uma economia de auto impacto, nada sustentável, que despreza princípios elementares da dinâmica natural como a auto-reciclagens, a diversidade, das quais dariam maior proteção à água, o ar e ao próprio clima.    
Não há como negar, o Brasil tornou-se refém do agronegócio, modelo econômico de auto impacto, não reciclável, que se expande e invade biomas  complexo dentre eles o serrado e a Amazônia.  Quanto às hidrelétricas, insistentemente avaliadas pelo governo como modelo sustentável de produção de energia, pesquisas realizadas há pouco tempo dão conta que tais fontes emitem quantidades maiores de partículas em comparação a termoelétricas. Isso se dá pelo fato das  hidrelétricas ocuparem áreas enormes de terras, cujas florestas são cobertas pela água, liberando enorme quantidade de dióxido de carbono e outros gases.
Em relação ao carvão, o professor Paulo Brack foi enfático em afirmar que é uma atividade inviável, completamente insustentável. Não é possível querer utilizar um tipo de combustível fóssil, quando se sabe que o planeta levou milhões de anos para sequestrar toda essa substância e depositar no fundo da terra para que não resultassem em impacto. Retirá-lo do subsolo compromete à água, o ar, liberando inúmeros matais pesados como nitrogênio, enxofre, chumbo, cádmio, mercúrio, etc. Na década de 1970, no Rio Grande do Sul, as térmicas a carvão contribuíam lançando na atmosfera cerca de 30 kg de mercúrio por parte de milhão. Hoje são toneladas de substâncias pesadas lançadas à atmosfera proporcionando danos irreversíveis ao ecossistema e à saúde humana, resultando no aumento de doenças degenerativas, dentre elas  o câncer.
É necessário repensar os modelos tradicionais de produção de energia a base de recursos fósseis e hidráulico, aprofundando o debate às novas tecnologias limpas como a eólica, solar, etc. A justificativa apresentada pelo próprio governo a tais fontes é devido ao fato de os investimentos serem muito elevados.  Tem razão de torna-se caro, especialmente a solar, pelo simples motivo do governo brasileiro de ter que importar os painéis fotovoltaicos de países como a China. O caminho seria a instalação de um parque tecnológico para produção de tais equipamentos, reduzindo significativamente o custo.
O uso do biogás também poderia tornar-se opção na matriz energética brasileira. Só na cidade de Porto Alegre, 1500 toneladas de lixo orgânico são descartados em buracos de minas desativadas, que poderia se  transformar em gás metano para ser queimado e produzir energia elétrica. Deixou claro o professor que no Brasil não há interesse pela redução significativa de energia oriunda de recursos fósseis, pelo simples motivo da produção e comercialização estar nas mãos de poderosas corporações que lucram bilhões com esses matrizes energéticas.         
OBS – Sobre o Painel da ONU que reuniu mais de 800 especialistas do mundo todo, foram unânimes  em afirmar que a emissão dos três principais gases responsáveis pelo efeito estufa deverá ser reduzido para Zero até 2100, como forma de impedir  que a temperatura do planeta não suba 2 graus como se prevê. Também foram categóricos em afirmar que a emissão desses gases chegou ao seu nível mais alto nos últimos 800 mil anos. Em dezembro de 2014 estará ocorrendo em Lima, Peru, reunião do IPCC, onde serão traçados caminhos e estratégias para o grande encontro de dezembro de 2015, em Paris, que será definido metas e compromissos entre os países participantes para a redução de poluentes em níveis inferiores a 2 graus. A questão é se os países ricos que tem metrizes energéticas fósseis como base de suas economias vão assumir tais compromissos. Temos como exemplo negativo  o protocolo de Kyoto, assinado em 1997, que capenga até hoje por omissão de participação os países que mais lançam à atmosfera gases do efeito estufa.    

Prof. Jairo Cezar

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