Professor Paulo Brack, biólogo da UFRGS,
discorreu sobre o papel das Ongs e as adversidades do Clima Global no 3° EFAMUC, em Araranguá
Entre
as várias palestras de importante relevância em relação ao clima apresentadas
no terceiro EFAMUC (Encontro sobre Fenômenos, Adversidades e Mudanças
Climáticas) ocorrido em Araranguá entre os dias 6 e 7 de novembro de 2014, sem
sombra de dúvida a participação do professor Paulo Brack, biólogo da UFRG (Universidade
Federal do Rio Grande do Sul), que discutiu o tema: a atuação das Ongs na preservação
da biodiversidade e em questões relacionadas às mudanças climáticas foi
espetacular por proporcionar aos presentes momentos impar para refletir a
problemática climática global e brasileira e a participação das Ongs na
discussão e encaminhamento de propostas alternativas que possam ainda reverter o
quadro nada animador do aquecimento global. Destacou que eventos climáticos
extremos como o Furação Catarina, ocorrido em 2004, e a atual estiagem na
cidade de São Paulo, entre outros acontecimentos, tem relação direta com a
maneira em que o ser humano vem agindo no planeta.
O
modelo de produção de base mercantilista praticando no Brasil, com ênfase na
monocultura e exportação de commodities, é sem sombra de dúvida um dos
principais vetores do agravamento das adversidades climáticas. O desmatamento
na Amazônia é um exemplo de crime ambiental de fortes proporções que merece
maior atenção das autoridades. O governo
federal, através da mídia, vinha tentando induzir a falsa ideia de que os desmatamentos
na Amazônia estavam diminuindo, porém, causou perplexidade quando o IPCC
(Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) apresentou novo relatório
afirmando que entre 2011 e 2012, os desmatamentos na região cresceram cifras
assustadoras de 29%. Sem contar outros biomas que passam pelo mesmo processo
depredatório como o Bioma do Pampa gaucho que corresponde a 2% do território
brasileiro, ocupado por monoculturas como a soja. Seguindo essa lógica, o Brasil adota uma
economia de auto impacto, nada sustentável, que despreza princípios elementares
da dinâmica natural como a auto-reciclagens, a diversidade, das quais dariam
maior proteção à água, o ar e ao próprio clima.
Não
há como negar, o Brasil tornou-se refém do agronegócio, modelo econômico de
auto impacto, não reciclável, que se expande e invade biomas complexo dentre eles o serrado e a Amazônia. Quanto às hidrelétricas, insistentemente
avaliadas pelo governo como modelo sustentável de produção de energia,
pesquisas realizadas há pouco tempo dão conta que tais fontes emitem quantidades
maiores de partículas em comparação a termoelétricas. Isso se dá pelo fato
das hidrelétricas ocuparem áreas enormes
de terras, cujas florestas são cobertas pela água, liberando enorme quantidade
de dióxido de carbono e outros gases.
Em
relação ao carvão, o professor Paulo Brack foi enfático em afirmar que é uma
atividade inviável, completamente insustentável. Não é possível querer utilizar
um tipo de combustível fóssil, quando se sabe que o planeta levou milhões de
anos para sequestrar toda essa substância e depositar no fundo da terra para
que não resultassem em impacto. Retirá-lo do subsolo compromete à água, o ar, liberando
inúmeros matais pesados como nitrogênio, enxofre, chumbo, cádmio, mercúrio,
etc. Na década de 1970, no Rio Grande do Sul, as térmicas a carvão contribuíam lançando
na atmosfera cerca de 30 kg de mercúrio por parte de milhão. Hoje são toneladas
de substâncias pesadas lançadas à atmosfera proporcionando danos irreversíveis
ao ecossistema e à saúde humana, resultando no aumento de doenças degenerativas,
dentre elas o câncer.
É
necessário repensar os modelos tradicionais de produção de energia a base de
recursos fósseis e hidráulico, aprofundando o debate às novas tecnologias
limpas como a eólica, solar, etc. A justificativa apresentada pelo próprio
governo a tais fontes é devido ao fato de os investimentos serem muito
elevados. Tem razão de torna-se caro,
especialmente a solar, pelo simples motivo do governo brasileiro de ter que
importar os painéis fotovoltaicos de países como a China. O caminho seria a
instalação de um parque tecnológico para produção de tais equipamentos,
reduzindo significativamente o custo.
O
uso do biogás também poderia tornar-se opção na matriz energética brasileira.
Só na cidade de Porto Alegre, 1500 toneladas de lixo orgânico são descartados
em buracos de minas desativadas, que poderia se
transformar em gás metano para ser queimado e produzir energia elétrica.
Deixou claro o professor que no Brasil não há interesse pela redução
significativa de energia oriunda de recursos fósseis, pelo simples motivo da
produção e comercialização estar nas mãos de poderosas corporações que lucram
bilhões com esses matrizes energéticas.
OBS –
Sobre o Painel da ONU que reuniu mais de 800 especialistas do mundo todo, foram
unânimes em afirmar que a emissão dos três
principais gases responsáveis pelo efeito estufa deverá ser reduzido para Zero
até 2100, como forma de impedir que a
temperatura do planeta não suba 2 graus como se prevê. Também foram categóricos
em afirmar que a emissão desses gases chegou ao seu nível mais alto nos últimos
800 mil anos. Em dezembro de 2014 estará ocorrendo em Lima, Peru, reunião do
IPCC, onde serão traçados caminhos e estratégias para o grande encontro de
dezembro de 2015, em Paris, que será definido metas e compromissos entre os países
participantes para a redução de poluentes em níveis inferiores a 2 graus. A
questão é se os países ricos que tem metrizes energéticas fósseis como base de
suas economias vão assumir tais compromissos. Temos como exemplo negativo o protocolo de Kyoto, assinado em 1997, que
capenga até hoje por omissão de participação os países que mais lançam à
atmosfera gases do efeito estufa.
Prof.
Jairo Cezar
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