segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Saudades da Amoreira da Minha Escola

Hó Amoreira amada tantas saudades já deixastes. Ainda com frutos, partistes muito jovem, quanta alegria proporcionastes à criançada. Um imenso vazio paira no portão onde fincavas tuas raízes de teu tronco sublime. Todos os dias, meses e anos, você lá estava, seguindo seu ciclo ininterrupto. No inverno embernavas num sono profundo. Tuas folhas te desfazias totalmente, restando apenas galhos descobertos à espera de mais uma primavera. Agosto se aproximava prenúncio de mais uma estação. Sim, é a primavera dando os primeiros sinais. Pequenas e delicadas flores brancas se despontavam transformando em suculentas frutinhas roxas. A criançada, insetos e  passarinhos ficavam maravilhados, era só diversão, sem contar os adultos que quando por ali transitavam, tiravam um tempinho, pouco é claro, mas suficiente para colher algumas “pretinhas” e empurrá-las na boca.  
Amoreira amada, quisestes crescer como é natural entre as espécies do reino  vegetal, sem se dar conta que sobre seu cume  uma rede elétrica resultaria no motivo da sua morte. Não que a fiação tenha cedido e lhe vitimado. Não! A causa foi outra! Sua brutal morte se deu pela fúria humana, que a sentenciou pelo simples fato de ter os seus galhos, repletos de frutos, provocado colapso na rede elétrica. A culpa do transtorno, todos sabemos, não foi sua, amoreira amada! Sua natureza é crescer, florescer, gerar frutos, sombra entre outros tantos benefícios!
E a culpa? Quem seria (am) responsabilizado (os) por tamanha brutalidade a um corpo indefeso que ali estava proporcionando alegria para tanta gente? O culpado seria a máquina que em poucos segundos pôs no chão uma vida ou milhares de vidinhas que quando ingeridas pelo organismo humano transformaria em propriedades terapêuticas para tenros corpos infantis? Não!! A culpa não foi da máquina! A culpa, sim, foi de quem a controlava! Alguém certamente embebecido de cólera, ódio, cujo prazer foi vê-la tombar espalhando suas folhas e frutos por todos os cantos. Seus galhos, com folhas agora murchas, frutinhas ainda verdes, sem vida, continuam lá jogadas no canto frio e úmido do muro.

O que restou, além do cenário triste e vazio onde estava a amoreira, a indignação contra quem cometeu tal brutalidade. Deixa claro que quem autorizou ou execução tal ordem não teve a mínima sensibilidade de perceber que um simples manejo na rede elétrica, o problema seria sanado sem o sacrifício da amoreira. Não! Nada disso! A “maldita amoreira”, que tanto sujava o pátio, os carros, com suas folhas e frutos, teria que pagar pelos crimes cometidos!  Porém, faltava algo que justificasse sua eliminação,  sem gerar constrangimentos e punições aos executores. Acabou o ciclo de uma vida, tudo se silenciou nessa triste quinta feira 02 de outubro. Mas ficara a certeza que tu amoreira, continuarás sempre viva no imaginário de quem muito a amou, que embora não mais floresça e produza frutos, contribuíste para alegrar e adoçar a vida de muitos que por aqui passaram e certamente carregam dentro de si um pouco da sua essência diluída, transformada em energia, fonte vital da existência.        
Prof. Jairo Cezar

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