segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A quem interessa a criação dos Comitês das Bacias Hidrográficas no Brasil

Durante a realização da Assembleia Geral do Comitê da Bacia do Rio Araranguá, ocorrido em 07 de agosto de 2014, nas dependências do Centrar (Centro de Treinamento) com expressiva participação dos membros integrantes do parlamento das aguas, cujos assuntos debatidos, além das experiências de comitês no Brasil e no mundo, relatadas pelo professor Daniel da Silva da UFSC, foi a situação preocupante da Lagoa do Caverá, que está secando, narrada pelo representante da comunidade, Sr. Elias. Nos instantes finais do encontro, integrantes do comitê apresentaram uma moção, prestando solidariedade à população daquela comunidade pela dedicação prestada ao salvamento daquele manancial.
Antes das intervenções do professor Daniel e do representante da Lagoa do Caverá, foi concedido espaço à empresa perfil, contratada pelo comitê para a realização dos estudos e elaboração do plano de gestão dos recursos hídricos da bacia, para informar aos presentes os trabalhos já desenvolvidos e quais as próximas ações previstas. Deixou claro que na sequência do plano, será avaliada a disponibilidade de água, quais as demandas e suas relações de causa e efeito. Esclareceu que quando a empresa prestou assessoria no Rio Grande do Sul, no planejamento dos comitês, em nenhum momento, nos encontros e assembleias ocorridas, teve a participação dos gestores públicos.
Além do mais, dos comitês criados naquele estado, apenas um está funcionando. Diante dessa realidade preocupante relatada pelo técnico da empresa, um membro do comitê de Araranguá solicitou a palavra proferindo críticas à empresa contratada, denunciando que a mesma prestou um péssimo trabalho no comitê da bacia do rio Tubarão. Diante da crítica recebida, o responsável pela empresa se defendeu afirmando que na época havia uma conjuntura desfavorável à execução do plano, que hoje a empresa adquiriu muita experiência, que está sendo importante para o bom desempenho dos trabalhos na bacia do Araranguá.
Em relação a participação dos seguimentos do poder público municipal, prefeitos e vereadores, há evidências concretas de que o comitê de Araranguá venha sofrer os mesmos problemas vivenciados no RS, pois é inexpressiva a presença de ambos nas reuniões e assembleias. Um exemplo de descomprometi mento do poder público, foi a assembleia do dia 07 de agosto, dos 16 municípios que integram o comitê, apenas o prefeito do município de Forquilhinha se fez presente. Portanto, como promover transformações significativas na região da bacia do Araranguá, cujo comitê nos dez anos de funcionamento não conseguiu reduzir “um milímetro” os níveis de poluição dos rios da região. Para o professor Daniel da Silva, da UFSC, a gestão dos comitês nas instancias federais, estaduais e municipais vem pecando quanto a sua filosofia de atuação, devendo romper o modelo ainda tecnocrático, estatal, de linguagem ainda acadêmica, para uma postura mais pedagógica, didática, que facilite o entendimento de todos os seguimentos envolvidos. 
Quanto às legislações que tratam sobre a gestão da água, o Brasil, comparado aos demais países, é o que possui uma legislação mais completa. Porém, peca no que tange a sua aplicabilidade, não conseguindo ainda solucionar problemas elementares como a redução dos fluxos de poluentes nos principais rios urbanos, como os da bacia do Araranguá.  É necessário, para que os planos de gestão de bacias deem certo, que os comitês concentrem esforços na elaboração de políticas públicas voltadas à educação ambiental. A intenção da educação ambiental é conscientizar a sociedade sobre a importância dos comitês que atende os municípios vinculados a respectiva bacia. Outra etapa importante que o comitê de Araranguá deve concentrar os esforços, antes da realização do cadastramento dos usuários da água, é esclarecer a população sobre a finalidade dos recursos arrecadados e o impacto social resultante dessa política? Partindo dessa metodologia é possível entrar na intimidade de cada cidadão e obter informações mais fidedignas da sua realidade. Como fazer com que o plano de bacia do Araranguá dê certo se seus afluentes situados à margem esquerda, lado norte, vem sendo agredido com o lançamento de resíduos piritosos do passivo ambiental provenientes das carboníferas. Sem contar os demais poluentes, agrotóxicos, esgotos domésticos e industriais, etc., que somados ao carvão, proporcionam a bacia do rio Araranguá o terrível título de uma das mais degradas do Brasil.
Como equacionar tais problemas? Não é papel do comitê, aplicar tecnologias para conter tais passivos ambientais. A função do comitê é pedagógica, ou seja, diagnosticar os problemas e discuti-los com a sociedade, elencando mecanismos adequados que permitam compreender a real complexidade de uma bacia hidrográfica e o modo pelo qual cada indivíduo deve se comportar para protegê-la. Um exemplo de ação na qual o comitê pode engajar-se é debater estratégias de produção de alimentos sem agrotóxicos, como o cultivo de arroz orgânico, que tem tornando o extremo sul do estado a região com maior área cultivada no estado. Seria possível expandir a área de produção orgânica sem comprometer a rentabilidade dos produtores? O comitê tem autonomia para promover essa discussão e avaliar as possibilidades.
Em relação às leis homologadas com vistas a auxiliar no plano de gestão das bacias, três delas são relevantes. A primeira é a lei n. 9795/99 que trata da Educação Ambiental; a segunda é a lei 12.651/12, do Código Florestal, e a última, o Estatuto das Cidades, que enfatiza aspectos referentes ao modo como as cidades devem ser planejadas, determinando os municípios como primeiro parceiro da gestão da agua.  No que pese a Educação Ambiental, os municípios que compõem o comitê deverão desenvolver seus planos para que as informações relativas à água da bacia cheguem ao conhecimento da população, estimulando-as a participarem do planejamento sustentável desse recurso. Sobre o modo como os comitês são concebidos pelo Estado, a sociedade deve ter clareza que sua finalidade é eminentemente mercadológica, ou seja, de conceber a água como produto lucrativo, cujo consumidor deve pagar pelo seu uso. A água, segundo o professor Daniel da Silva, não é um bem estatal que pertence ao governo, ela é pública, portando é de todos. O comitê deve direcionar sua linha de atuação para o pedagógico, educação, e trabalhar incansavelmente para não se tornar uma instância que atenda interesses particulares. 
A água, portanto, tem um valor muito além do social, que é ecológico, cuja função ultrapassa os limites básicos de saciar a cede humana e animal. Tem como princípio elementar, a espiritualidade, que transcende sua própria materialidade líquida. Comprometer sua qualidade é tido como ato de transgressão. O mercado é eficiente quando o assunto é transgredir normas relativas à agua, não a enxerga como algo adicionado ao produto final, apenas o lucro tem visibilidade. Pensar a economia excluindo os aspectos éticos nas relações de produção traduz em danos irreversíveis a qualidade da água consumida, que alimenta os rios, lagos e aquíferos.  O processo de planejamento da água deve ser permanente e pedagógico. Cada líder social que participa do comitê tem que atuar nessa linha ajudando a construir de uma filosofia que converta num novo modelo de organização social pensando a agua como bem social e ecológico. Não material, mercadoria, como vem sendo concebido em países como Chile e EUA.
Sobre as políticas públicas de recursos hídricos, em 1997, o Congresso Brasileiro aprovou a lei n. 9433/97 na qual estabeleceu o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos. Dentre os fundamentos definidos pela lei, o que chamou atenção foi o inciso VI do Art. 1 quando afirma que a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada devendo contar com a participação do poder público, dos usuários e da comunidade. Nos dez anos de existência do Comitê Araranguá, pouco foram os avanços significativos, bem como falhou também quanto ao convencimento dos gestores públicos, prefeitos, para que tivessem maior participação das assembleias. O comitê ainda deixa uma impressão de algo ainda distante da sociedade, pois continuam presas as estruturas burocráticas do Estado, que demonstra pouco interesse de torna-lo atuante, de promover transformações significativas no modo de pensar e lidar com a água, pois compromete economicamente e politicamente alguns seguimentos sociais que se beneficiam deste modelo de organização social que impacta a qualidade da água da região. Afinal, quais os objetivos dos comitês segundo a legislação federal?
Um dos objetivos que deve ser ressaltado e que tem relação com o contexto social da região onde abrange o comitê de Araranguá é assegurar à atual e as futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade, adequadas aos respectivos usos. Mais uma vez deve ser considerado que esse objetivo ainda não foi alcançado nos dez anos de existência do comitê, pois a bacia do Araranguá se mantém na condição de uma das mais degradadas, cuja água, na quase totalidade de sua extensão, mantém índices elevados de acidez.  Durante anos o modelo de produção adotado na região de Criciúma na qual congrega a bacia do Araranguá, primou pela exploração do carvão sem considerar os impactos resultantes para o ambiente. Diante desse passivo ambiental, o comitê tem por desafio trazer para o debate o tema carvão, os impactos e a responsabilidade do Estado e do setor minerador na sua recuperação.   
Segundo o professor Daniel, na região de Araranguá, devido a sua intensa degradação, o tempo necessário para recuperação do passivo ambiental será de aproximadamente dez anos. Isso se for aplicada políticas sérias, responsáveis.  Não há como resolver problemas como da despoluição advinda do setor minerador se os comitês não adotarem ações mais contundentes que despertem as emoções dos membros integrantes e da população perante os problemas existentes. Outro problema que vem resultando em indignação no Brasil é o desperdício da água. Isso porque, o território brasileiro possui a maior reserva de água doce do mundo, contribuindo com 13% do total das reservas disponíveis no planeta.  No entanto é um dos países que mais desperdiça água, chegando a um patamar vergonhoso de 70% do total captado, tratado e distribuído.  
No estado de Santa Catarina, esse índice ultrapassa os 49%. O problema do desperdício é decorrente da falta de políticas públicas sérias que ainda concebam a água como um bem social, finito. É preciso mudar urgentemente essa visão equivocada sobre água. Todos os gestores públicos dever ter a água como tema central das suas administrações, pensada de tal forma que possa estar disponível para as atuais e as futuras gerações. Jamais nos quinhentos anos de nossa historia, foi elaborado um plano de gestão que estabelecesse parâmetros sistemáticos e de longo prazo acerca do uso adequado da água. Essa necessidade de planejamento somente “sensibilizou” os gestores públicos quinhentos anos depois, já nos momentos finais do século XX, quando a oferta de água disponível e de qualidade tornava-se menor que a demanda, tendo como causa diagnostica mudanças climáticas e contaminações por dejetos e substâncias químicas. A busca de solução à crise de abastecimento se deu com aprovação da lei n. 9433/97.
No entanto, mesmo com uma lei tão avançada como a dos recursos hídricos, pouco resultado foi obtido.  É sabido que uma lei somente terá sucesso quando transformações significativas no modo de conceber a água pelos gestores e a sociedade ocorrerem, deixar de ser pensada apenas como mercadoria, mas como produto ecológico, que possui vida. O comitê deve também romper com alguns conceitos ultrapassados, deixar de ser ainda interpretado como um parlamento político da água, que imperam discussões pouco democráticas, prevalecendo a opinião de grupos com maior relevância.  O comitê é um espaço de debate, de criação de consenso, onde se pensa a agua como bem público e não material. Como proposta para tornar o comitê mais eficiente, deveria ser instalada nos rios que cortam os municípios da bacia pequenas estações para monitorar o PH da água.
 Nos instantes finais da assembleia, os representantes da comunidade da Lagoa do Caverá fizeram uma breve exposição da situação do manancial que continua perdendo água, correndo sérios riscos de secar se não forem tomadas providências imediatas. Esclareceu o morador que a postura da FATMA, recomendando a elaboração de um novo EIA/RIMA, é inconcebível visto que o estudo solicitado tem por finalidade avaliar os impactos produzidos pela elevação do volume da água da lagoa a partir da construção do dique de contenção da vasão. Que impacto trará se a barragem tem por finalidade recuperar o nível da lagoa? O que causa indignação é o custo financeiro resultante do estudo dos impactos da obra, alcançando cifras próximas a um milhão de reais, com duração de conclusão de dois anos.
Diante desse impasse, o comitê apresentou moção de apoio aos moradores, bem como encaminhou algumas ações como a solicitação para que o município de Araranguá, através do coordenador municipal da defesa civil, presente no encontro, intercedesse junto ao poder público municipal, para que fosse construída petição solicitando a inserção da Lagoa do Caverá como manancial a ser integrado à bacia do rio Araranguá. Porém, essa proposta de inserção, para ter sucesso, todos os municípios situados no entorno da lagoa deverão dar respaldo, pois a recusa de um deles inviabilizará o processo. A partir da inserção do manancial, a defesa civil poderá decretar situação de emergência da lagoa, podendo, nesse caso, solicitar que o comitê interceda arbitrando sobre a mesma, podendo até acionar judicialmente o próprio órgão ambiental estadual caso comprove atitude negligente sobre o manancial.
Esse dispositivo que garante autonomia aos comitês consta na lei 12.661/12, do Código Florestal, seção II, Art. 8, § 3, onde dispensa a autorização do órgão ambiental competente, nesse caso a FATMA (Fundação Ambiental e Tecnologia do Meio Ambiente) para a execução, em caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas.[1] Essa proposta de inserção dos mananciais no grupo da bacia gerenciada pelo comitê de Araranguá foi também sugerida na reunião do dia seis de agosto, no centro comunitário da comunidade da Lagoa.
O que causou estranheza na Assembleia do Comitê foi à ausência de representantes do Legislativo Municipal para respaldarem os líderes da comunidade do Caverá presente no encontro.  Se a intenção do espaço cedido aos moradores da respectiva comunidade era para oficializar o pedido de inclusão do manancial à bacia do Araranguá, o mínimo que se esperava seria a presença da comissão de vereadores que participaram do encontro do dia 06 de agosto. Nada disso ocorreu. O próprio líder da comunidade que participou da assembleia expressou sua indignação alegando descaso das autoridades municipais com o manancial. Enquanto o legislativo municipal e o próprio executivo continuarem mantendo esse comportamento, tratando problemas como do manancial Lagoa da Serra de forma isolada, cada um pensando apenas nos benefícios políticos que terá, a expectativa de solução do problema estará longe de ser resolvida. É preciso deixar de lado as vaidades e os interesses particulares dos vários seguimentos evolvidos no caso e construir redes que potencializem ações que levem no salvamento imediato da lagoa.
Como acreditar que há realmente interesses na salvação da lagoa, se nas reuniões que vêm ocorrendo para tratar do assunto, como a do dia 6 e 12 de agosto, nenhum membro do comitê da bacia foi convidado para se fazer presente? A reunião do dia 12, o jornal Enfoque Popular[2], da edição do dia 13 de agosto, trouxe informações sobre o que foi decidido no encontro. Mais uma vez nada de concreto e imediato foi proposto, apenas, segundo a fala do Procurador do Município, Nazareno de Souza, que representou o presidente do legislativo, “será realizado um requerimento de apoio à reivindicação dos moradores com objetivo de ajuda-los nesse processo”. Esqueceu-se de dizer o procurador que o requerimento não é exclusivamente para ajudar os moradores daquela comunidade, mas de toda uma população que hoje se utiliza daquele manancial.
 Também por ser uma reserva de água doce para as “futuras gerações”, que por estar a mesma conectada com os demais mananciais que caso venha secar comprometerá as demais, em especial o Manancial Lagoa da Serra, que já dá mostras de redução do seu volume de água.   Esqueceu-se de relatar o procurador que na assembleia do comitê, foi proposto e acordado pelos membros, que o município encaminhasse processo junto com os demais municípios integrantes do manancial, solicitando a inserção do manancial na bacia do Araranguá. Com a conclusão dessa etapa, a defesa civil de Araranguá poderia decretar situação de emergência solicitando ação judicial em sua defesa. Na mesma reunião, relatou o jornal que o vereador e presidente da comissão do meio ambiente iria se reunir com o presidente do legislativo e os demais vereadores para repassar as últimas informações obtidas na conversa e sobre o requerimento. No entanto, a única verdade nisso tudo é que o cenário que ora se apresenta em relação ao futuro da Lagoa do Caverá é nebuloso, não tendo nada de concreto que pudesse alentar a angústia vivida pelos moradores do seu entorno. Até quando os moradores da lagoa e a própria população do município continuarão sendo enganadas, ludibriadas, com promessas e mais promessas de salvação da lagoa?
Se expandirmos nossa visão de bacia hidrográfica para um cenário que engloba o território brasileiro, veremos que continua longe de se concretizar as demandas históricas quando o assunto é saneamento básico. Uma dessas demandas na qual seria prioridade de todos os governantes é em relação ao destino dos esgotos produzidos nas cidades. Para se ter noção da gravidade do problema, na região norte do Brasil apenas 13% dos domicílios tem acesso à rede de coleta de esgotos. Não significa que esse percentual de esgoto coletado seja tratado. O caso do esgoto é mais traumático quando comparado o Brasil com os demais países. Dos 200 diagnosticados, quanto ao saneamento, o Brasil está na posição 112. Em 2013, dados da ANA (Agência Nacional de Água) davam conta de que análises feitas em água coletada nas principais cidades brasileiras, 44% delas apresentaram algum problema. Esses dados preocupam porque forçam os municípios e os estados a disponibilizarem de mais recursos públicos para o tratamento da água. Segundo o pesquisador da Escola Politécnica da USP, Rubens La Laina Porto, “resolver os problemas nos serviços de água e esgoto no Brasil não exige adotar ou criar tecnologia nova. É só usar o que já existe e administrar o sistema”.[3] 
Diante de um quadro considerado alarmante, em 2013 o governo brasileiro lançou o PLANSAB (Plano Nacional de Saneamento Básico) que tem por objetivo universalizar os serviços de saneamento e serviços de água até 2033. No entanto, o plano já vem recebendo críticas em decorrência da escassez de recursos previstos para o financiamento dos serviços, bem como da falta de capacidade e comprometimentos dos gestores públicos na implantação dessas políticas. São previstos investimentos de 508 bilhões de reais em saneamento nos próximos vinte anos, ou 13,5 bilhões ano. De 2011 a 2013 foram investidos 8,2 bilhões. Desse montante previsto, o plano estabelece que os municípios, estados e iniciativa privada devam participar com 41%, o restante virá do governo federal.  
Prof. Jairo Cezar




[1]http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm
[2]
[3] Época.globo.com/tempo/noticia/2014/03/o-brasil-pede-baguab.html

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