segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

 

 

CONFERENCIA MUNICIPAIL SOBRE O MEIO AMBIENTE – AMESC - EMERGENCIA CLIMÁTICA – O DESAFIO DA TRANSFORMAÇÃO ECOLÓGICA



Se fôssemos agora fazer uma enquete, perguntar as pessoas se elas têm alguma informação sobre a realização de conferencias sobre o meio ambiente em seus municípios em preparação a conferencia nacional, em maio de 2025, podemos ter certeza que de cem pessoas perguntadas, talvez uma ou duas soubessem ou ouviram falar sobre o assunto. É exatamente essa a sensação que domina o cenário dos mais de 5.500 municípios brasileiros. Afinal, qual a razão dessas conferências voltadas ao meio ambiente?

A proposta é envolver a sociedade brasileira nas discussões das demandas ambientais a partir dos municípios, para que depois, com os delegados escolhidos nos encontros, discutam as propostas elencadas, nas conferencias estaduais, programadas para ocorrerem de janeiro a março do próximo ano. Esse, portanto, é o quinto evento que está sendo realizado, cujo tema norteador é: Emergência Climática – o Desafio da Transformação Ecológica. Nas quatro conferências anteriores, cada uma delas teve temas norteadores, por exemplo, a primeira em 2003 foi: Fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente; a segunda, em 2005 - Gestão Integrada das Políticas Ambientais e o Uso dos Recursos Naturais; de 2008 - Mudanças Climáticas, e de 2013 - Resíduos Sólidos.

Por mais de dez anos, desde 2013, o Brasil deixou de realizar qualquer conferência sobre essa temática. A resposta se deve ao golpe político de 2016, ato que depôs do cargo de presidente da república, Dilma Rousseff.  Os presidentes que assumiram o comando do país a partir dessa ocasião deixaram de lado pautas importantes como a do meio ambiente. Com a posse do presidente Lula em janeiro de 2023, novamente foi reativada a pauta meio ambiente. O próprio tema proposto para a V conferência, emergência climática, se encaixa bem à atual realidade caótica na qual se encontra o clima global, impactado por práticas produtivas nada sustentáveis.

Foto - Jairo


Os episódios extremos do clima em curso nos dão certezas inquestionáveis de que o planeta está em sua fase mais crítica devido ao aquecimento global. Levantamento feito por agencias que monitoram o clima, concluíram que a temperatura média de 1.5° prevista para o final do século, foi alcançada em 2024. Portanto, o que se conclui é que o tempo já está se expirado para salvar o planeta, sendo as COP e as conferências em curso no país são os últimos suspiros que nos restam ainda.

Foto - Jairo


O que espanta é que muita gente ainda não acredita que estamos sob uma crise climática sem precedente em nossa longa trajetória planetária. Os episódios climáticos extremos ocorridos há poucos meses no Rio Grande do Sul e que deixaram centenas de mortos e prejuízos bilionários, parece que não foram suficientes para sensibilizar parte da sociedade gaúcha, do estado catarinense, enfim, de toda a região sul, palco de inúmeras tragédias. Era de se imaginar que diante de tantas catástrofes, os gestores públicos de todos os municípios do sul do estado catarinense seriam motivados em fazerem suas conferencias ambientais. Por acreditar que não o fariam, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá e Afluentes do Mampituba, assumiu o compromisso de promover o evento, ocorrido no dia 11 de novembro, quarta feira, nas dependências da AMESC – Araranguá.

Foto - Jairo


Os 23 municípios que integram a bacia hidrográfica, 11 responderam o convite afirmando que enviaram algum representante do poder público para participar do evento. O auditório da Amesc recebeu 75 pessoas, na sua maioria representante das sociedades civis e particulares. Os 11 municípios que responderam o convite e que enviaram algum representante foram: Araranguá, Balneário Arroio do Silva, Ermo, Jacinto Machado, Morro Grande, Santa Rosa do Sul, Passo de Torres, Praia Grande, São João do Sul e Sombrio e Criciúma. Deixaram de comparecer 12 municípios, sendo 9 desses, vinculados a bacia do rio Araranguá. São municípios que contribuem enormemente com a degradação da mesma bacia. No encontro houve a presença de um prefeito apenas, do município de Santa Rosa do Sul. Sem a presença dos demais prefeitos e de nenhum vereador, a conclusão que se chegou foi de que a conferencia não demonstrou ser de grande importância aos gestores e ao corpo legislativo.

Foto - Jairo


Cada um dos cinco eixos da conferência foi discorrido por um palestrante convidado. Cabe aqui destacar quais as temáticas de cada eixo norteador. O eixo I trata sobre resíduos, energias renováveis e desmatamento; o eixo IImonitoramento hídrico, monitoramento meteorológico, prevenção de desastres e geologia; o  eixo IIIjustiça ambiental, água potável, saneamento e passivo ambiental; eixo IVdescarbonização econômica, código florestal brasileiro e soluções ecológicas que servem de exemplo; eixo Vgarantias de direitos ambientais e sociais, educação participativa e integração entre todos os setores da sociedade.

O eixo I teve como palestrante Profa Dra Elaine Virmond – da UFSC – Araranguá, cujo tema a presentado foi Redução da emissão de gases do efeito estufa; o eixo número II o palestrante foi Franco Turco Buffon, que é Superintendente Regional de Porto Alegre do Serviço Geológico do Brasil – SGB/CPRM, onde abordou o tema Adaptação e Preparação para Desastres – Prevenção de riscos  e redução de perdas e danos; o eixo III, o convidado foi o Prof. Dr. Calyle  Torres Bezerra de Meneses – PPGCA-UNESC, com o tema Justiça Climática – Superação das Desigualdades; o eixo IV, a palestrante foi Marluci Pozzan – APREMAVI –SC, com o tema Transformação Ecológica  - Descarbonização da economia com maior inclusão social; eixo V – Governança e Educação Ambiental - Marileia Selonke – Formada em Gestão  e Análise Ambiental, já atuou no GTEA RH 06 e no GTEA RH 7, e atualmente  é membro titular  da Câmara Técnica  de Educação Ambiental  do Conselho Estadual  de Meio Ambiente – CTEA/CONSEMA/SC e atua como Assessora de Educação Ambiental  no Consórcio  Intermunicipal  do Médio Vale  do Itajaí – CIMVI; Marcellus Brinkmann – Assessor de Educação Ambiental SEMAE, Presidente da CIEA e CTEA – Formado em Direito e Gestão de Recursos Humanos. Nessa mesa, a mediadora foi Eliandra Gomes Marques – CBH Araranguá e afluentes catarinenses do Mampituba.

Foto - Jairo


Concluída as apresentações das quais oportunizaram aos presentes um vasto e rico acervo de informações relevantes no campo econômico, político, jurídico em escala ambiental, era o momento agora da elaboração do relatório com as demandas em conformidade com os eixos norteadores. O que aconteceu foi que no momento de formar os grupos para que esboçassem as propostas, o auditório já estava quase que vazio, demonstrando assim pouco interesse com o que estava sendo debatido e construído. Em vez de grupos foi decidido que cada indivíduo presente elaborasse suas demandas seguindo os eixos estabelecidos. Finalizada essa etapa, foram escolhidos os delegados que participarão da etapa estadual, que ocorrerá até o final de março de 2025.

Conversando com a uma das responsáveis da conferencia municipal, a atual presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica rio Araranguá e Afluentes Catarinenses do Rio Mampituba, a mesma relatou que havia previsão de ter conferencia somente no município de Sombrio, onde a mesma reside, pois também lá integra uma ONG ambiental. Quanto à divulgação, disse que concedeu várias entrevistas, porém, isso pouco influenciou as autoridades e o público em geral a participarem do evento.

A presidente relatou, mais tarde, que nem mesmo no Sombrio teria a conferência se não tivesse pressionado. Afirmou que a mobilização dos demais municípios foi mínima, quase nada, que de fato foi um trabalhão o comitê, organizar tudo, principalmente contatar os palestrantes. A AMESC, portanto, colaborou cedendo o espaço, bem como fazendo a divulgação, enviando e.mail aos municípios e fornecendo o café ao público. Já próximo das vinte horas foi concluído o rascunho das propostas relativas aos cinco eixos, que serão enviadas à conferencia estadual,  ficando assim distribuídas: eixo I, 3 (três) demandas; eixo II, 4 demandas; eixo III, 2 demandas; eixo IV, 5 demandas e eixo V, 2 demandas.

Prof. Jairo Cesa    

 

             

   https://agenciabrasil.ebc.com.br/meio-ambiente/notic ia/2024-11/prefeituras-tem-ate-dia-14-para-convocar-conferencias-do-meio-ambiente

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