quarta-feira, 27 de junho de 2018



PRINCÍPIOS DO SOCIALISMO RUSSO E O CERCO DE LENIGRADO – ATUAL SÃO PETERSBURGO

O CERCO DE LENIGRADO - ATUAL SÃO PETERSBURGO

Esse aparente clima de “liberdade” na Rússia que aflorou nos movimentos teve como motivação a derrota Russa na Guerra da Crimeia. Os estudantes acreditavam que uma revolução seria o caminho necessário para romper o domínio secular do regime czarista. Porém, o processo de ruptura da monarquia não foi consenso entre os membros revolucionários, porque de um lado estava os membros radicais ( A Vontade do Povo), que eram favoráveis às práticas terroristas para derrubar o regime. Do outro lado, os moderados, que acreditam que com as manifestações populares enfraqueceria o regime, proporcionando a sua destituição definitiva.
O movimento que apregoava o terror passou a obter novos adeptos comungando desejos de atacar os membros do governo imperial. No entanto as ações ocorriam na clandestinidade, pois a legislação em vigor não permitia a organização de movimentos, nem mesmo a constituição de partidos políticos. A ideia do movimento, portanto, era expandir as idéias revolucionárias em direção as áreas rurais, na tentativa de preparar os camponeses para ingressarem na luta contra o regime dos czares. O que não imaginavam era a reação adversa dos campesinos que agiam indiferentes ao movimento a tal ponto de denunciarem os integrantes às autoridades policiais.
Depois de sair em leso a uma tentativa de assassinato na sua casa de verão, em são Petersburgo, Alexandre II não teve a mesma sorte quando chegava a sua casa de inverno. Duas bombas foram lançadas em sua carruagem que resultaram na sua morte, ato que foi interpretado pelas autoridades como um atentado contra o Estado. Quanto aos movimentos estudantis que contribuíram para a execução do ato revolucionário de 1917, poucas são as fontes conhecidas que abordam esse tema.
Saber mais sobre o cotidiano político e econômico da Rússia nos momentos decisivos do fim de um longo regime de governos despóticos, autocráticos, de famílias poderosas, obcecadas pelo poder, pelo luxo dos palácios, serão discutidos mais a frente, quando Moscou se tornar o centro das minhas reflexões e críticas. Partirá de um olhar breve, porém atento e meticuloso da história e do cotidiano de um país que ainda congrega grandiosidade territorial e miséria social.
Dois dias apenas na cidade de São Petersburgo foram insuficientes para conhecer com mais precisão uma cidade que retrata exatamente o pensamento de gerações de famílias poderosas. Esse pensamento está representado nos traçados das ruas, nos córregos que cortam a cidade, nos suntuosos e ricos palacetes que combinam luxo e estilo, nas magníficas igrejas ortodoxas que retratam sua importância na construção da identidade social. Entretanto, por traz dessa aparente beleza estética, a cidade de São Petersburgo esconde um dos acontecimentos mais terríveis da história russa. Entre 1941 a 1943, durante a segunda guerra mundial, a cidade na época Lenigrado foi cercada pelo exército de Hitler provocando a morte de aproximadamente dois milhões de pessoas de fome e frio.
O que é estranho é que quando se visitou os lugares importantes da cidade, acompanhado por guias, os mesmos fizeram referências ao museu da segunda guerra que mantém em exposição equipamentos e imagens retratando a resistência russa durante a ocupação alemã em Lenigrado. Os guias, porém, não fizeram qualquer menção ao cerco que muito se assemelha ao assombroso Holocausto Judeu. Por que as mídias e os próprios livros didáticos destacam tanto o extermínio dos seis milhões de judeus nos campos de concentrações europeus e quase nada dos dois milhões ou mais de Russos mortos de fome e frio na época do cerco? Deixar claro que o holocausto jamais deve ser esquecido, porém, o cerco de Lenigrado deveria receber a mesma importância nos espaços escolares.
Prof. Jairo Cezar

Nenhum comentário:

Postar um comentário