PRINCÍPIOS
DO SOCIALISMO RUSSO E O CERCO DE LENIGRADO – ATUAL SÃO PETERSBURGO
O CERCO DE LENIGRADO - ATUAL SÃO PETERSBURGO
Esse aparente clima de “liberdade” na Rússia que aflorou nos
movimentos teve como motivação a derrota Russa na Guerra da Crimeia. Os
estudantes acreditavam que uma revolução seria o caminho necessário para romper
o domínio secular do regime czarista. Porém, o processo de ruptura da monarquia
não foi consenso entre os membros revolucionários, porque de um lado estava os
membros radicais ( A Vontade do Povo), que eram favoráveis às práticas
terroristas para derrubar o regime. Do outro lado, os moderados, que acreditam
que com as manifestações populares enfraqueceria o regime, proporcionando a sua
destituição definitiva.
O movimento que apregoava o terror passou a obter novos adeptos comungando
desejos de atacar os membros do governo imperial. No entanto as ações ocorriam
na clandestinidade, pois a legislação em vigor não permitia a organização de
movimentos, nem mesmo a constituição de partidos políticos. A ideia do movimento,
portanto, era expandir as idéias revolucionárias em direção as áreas rurais, na
tentativa de preparar os camponeses para ingressarem na luta contra o regime
dos czares. O que não imaginavam era a reação adversa dos campesinos que agiam
indiferentes ao movimento a tal ponto de denunciarem os integrantes às
autoridades policiais.
Depois de sair em leso a uma tentativa de assassinato na sua casa de
verão, em são Petersburgo, Alexandre II não teve a mesma sorte quando chegava a
sua casa de inverno. Duas bombas foram lançadas em sua carruagem que resultaram
na sua morte, ato que foi interpretado pelas autoridades como um atentado
contra o Estado. Quanto aos movimentos estudantis que contribuíram para a
execução do ato revolucionário de 1917, poucas são as fontes conhecidas que
abordam esse tema.
Saber mais sobre o cotidiano político e econômico da Rússia nos
momentos decisivos do fim de um longo regime de governos despóticos, autocráticos,
de famílias poderosas, obcecadas pelo poder, pelo luxo dos palácios, serão
discutidos mais a frente, quando Moscou se tornar o centro das minhas reflexões
e críticas. Partirá de um olhar breve, porém atento e meticuloso da história e
do cotidiano de um país que ainda congrega grandiosidade territorial e miséria
social.
Dois dias apenas na cidade de São Petersburgo foram insuficientes
para conhecer com mais precisão uma cidade que retrata exatamente o pensamento
de gerações de famílias poderosas. Esse pensamento está representado nos
traçados das ruas, nos córregos que cortam a cidade, nos suntuosos e ricos
palacetes que combinam luxo e estilo, nas magníficas igrejas ortodoxas que
retratam sua importância na construção da identidade social. Entretanto, por
traz dessa aparente beleza estética, a cidade de São Petersburgo esconde um dos
acontecimentos mais terríveis da história russa. Entre 1941 a 1943, durante a
segunda guerra mundial, a cidade na época Lenigrado foi cercada pelo exército
de Hitler provocando a morte de aproximadamente dois milhões de pessoas de fome
e frio.
O que é estranho é que quando se visitou os lugares importantes da
cidade, acompanhado por guias, os mesmos fizeram referências ao museu da
segunda guerra que mantém em exposição equipamentos e imagens retratando a
resistência russa durante a ocupação alemã em Lenigrado. Os guias, porém, não
fizeram qualquer menção ao cerco que muito se assemelha ao assombroso
Holocausto Judeu. Por que as mídias e os próprios livros didáticos destacam
tanto o extermínio dos seis milhões de judeus nos campos de concentrações
europeus e quase nada dos dois milhões ou mais de Russos mortos de fome e frio
na época do cerco? Deixar claro que o holocausto jamais deve ser esquecido,
porém, o cerco de Lenigrado deveria receber a mesma importância nos espaços
escolares.
Prof. Jairo Cezar
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