OS
VENTOS REVOLUCIONÁRIOS PÕEM EM XEQUE MAIS DE TRÊS SÉCULOS DE SUPREMACIA DOS
ROMANOV NA RÚSSIA
Czar Alexandre II, da Rússia
Os
debates que se sucediam entre grupos pró-reformas liberais se davam pelo fato
de que enquanto a Europa se transformava economicamente e culturalmente,
respirando ares de modernidade em todos os setores estratégicos como
transportes, a Rússia continuava mergulhada em uma atmosfera medieval, com
cerca de 60 milhões de pessoas vivendo no campo e submetidas às condições de
servidão/escravidão. Na contramão desse caminho pró-reforma estrutural estava a
classe senhorial feudal respaldada politicamente pelo poder autocrático dos
Czares.
As
guerras e projetos estruturantes como a construção da grande ferrovia
transiberiana que ligaria Moscou à extremidade oriental do país exigiram do
Estado altas somas de recursos cujos impostos cobrados deixavam a população cada
vez mais insatisfeita. ALEXANDRE II, acatando as pressões dos setores mais
liberais encaminhou algumas reformas importantes que garantiram melhorias à
população do campo como o direito de propriedade e abolição da servidão. Além
dessa incipiente “reforma agrária”, promoveu mudanças no sistema judiciário do
país, garantindo independência dos juízes nos tribunais e fazendo valer a ação
dos contraditórios.
Os
ventos revolucionários de cunho marxista que dominavam os debates políticos na
Europa ocidental envolvendo estudantes e seguimentos da classe média, também
passaram a ter vez na Própria Rússia dos Czares, cujo cenário conjuntural
criado, por pouco não antecipou a revolução socialista que culminou em 1917.
Quanto aos acontecimentos que antecederam a revolução de 1917, frágeis são as
fontes que procuram dar tal interpretação. No Brasil, os livros referentes ao
tema disponibilizados nas escolas além de não mencionar esses fatos,
simplificam ao máximo o contexto histórico russo, tanto anterior como depois da
revolução.
Até
hoje o debate sobre o socialismo e a sua concretização como proposta de projeto
de sociedade rende debates calorosos, principalmente quando os posicionamentos
são divergentes sobre qual estratégia seguir, se é pelo esgotamento do
capitalismo ou pela ação armada. Para uma corrente de intelectuais ortodoxos, a
Inglaterra, por exemplo, nação que teria superado as fases da Revolução
Industrial, seria o país com reais condições de promover a revolução
socialista. O fato de ter ser materializado em um país que não cumpriu sequer a
primeira etapa da industrialização, atrasada economicamente e socialmente,
levantou discussões sobre a necessidade de aprofundar os estudos dos clássicos do socialismo, entre eles o próprio
Karl Marx.
Atualmente
quando se pensa na Revolução Socialista na Rússia, o que permeia no imaginário são
os intelectuais que tiveram participação direta no movimento de outubro de
1917, como Lênin e Trotsky. Não podemos esquecer que o movimento de 1917 teve
suas raízes muito antes da queda do Czar Nicolau II, ou seja, na metade do
século XIX quando NIKOLAY CHERNYSHEVKSKY conseguiu a partir do lançamento do
romance -“O QUE FAZER” - modificar padrões de comportamento de uma geração de
jovens universitários russos, muitos dos quais estudantes de São Petersburgo.
Prof. Jairo Cezar
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