segunda-feira, 25 de junho de 2018

OS VENTOS REVOLUCIONÁRIOS PÕEM EM XEQUE MAIS DE TRÊS SÉCULOS DE SUPREMACIA DOS ROMANOV NA RÚSSIA

Czar Alexandre II, da Rússia

Os debates que se sucediam entre grupos pró-reformas liberais se davam pelo fato de que enquanto a Europa se transformava economicamente e culturalmente, respirando ares de modernidade em todos os setores estratégicos como transportes, a Rússia continuava mergulhada em uma atmosfera medieval, com cerca de 60 milhões de pessoas vivendo no campo e submetidas às condições de servidão/escravidão. Na contramão desse caminho pró-reforma estrutural estava a classe senhorial feudal respaldada politicamente pelo poder autocrático dos Czares. 
As guerras e projetos estruturantes como a construção da grande ferrovia transiberiana que ligaria Moscou à extremidade oriental do país exigiram do Estado altas somas de recursos cujos impostos cobrados deixavam a população cada vez mais insatisfeita. ALEXANDRE II, acatando as pressões dos setores mais liberais encaminhou algumas reformas importantes que garantiram melhorias à população do campo como o direito de propriedade e abolição da servidão. Além dessa incipiente “reforma agrária”, promoveu mudanças no sistema judiciário do país, garantindo independência dos juízes nos tribunais e fazendo valer a ação dos contraditórios.
Os ventos revolucionários de cunho marxista que dominavam os debates políticos na Europa ocidental envolvendo estudantes e seguimentos da classe média, também passaram a ter vez na Própria Rússia dos Czares, cujo cenário conjuntural criado, por pouco não antecipou a revolução socialista que culminou em 1917. Quanto aos acontecimentos que antecederam a revolução de 1917, frágeis são as fontes que procuram dar tal interpretação. No Brasil, os livros referentes ao tema disponibilizados nas escolas além de não mencionar esses fatos, simplificam ao máximo o contexto histórico russo, tanto anterior como depois da revolução.
Até hoje o debate sobre o socialismo e a sua concretização como proposta de projeto de sociedade rende debates calorosos, principalmente quando os posicionamentos são divergentes sobre qual estratégia seguir, se é pelo esgotamento do capitalismo ou pela ação armada. Para uma corrente de intelectuais ortodoxos, a Inglaterra, por exemplo, nação que teria superado as fases da Revolução Industrial, seria o país com reais condições de promover a revolução socialista. O fato de ter ser materializado em um país que não cumpriu sequer a primeira etapa da industrialização, atrasada economicamente e socialmente, levantou discussões sobre a necessidade de aprofundar os estudos dos  clássicos do socialismo, entre eles o próprio Karl Marx.
Atualmente quando se pensa na Revolução Socialista na Rússia, o que permeia no imaginário são os intelectuais que tiveram participação direta no movimento de outubro de 1917, como Lênin e Trotsky. Não podemos esquecer que o movimento de 1917 teve suas raízes muito antes da queda do Czar Nicolau II, ou seja, na metade do século XIX quando NIKOLAY CHERNYSHEVKSKY conseguiu a partir do lançamento do romance -“O QUE FAZER” - modificar padrões de comportamento de uma geração de jovens universitários russos, muitos dos quais estudantes de São Petersburgo.
Prof. Jairo Cezar

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