NEOLIBERALISMO
E XENOFOBIA SE ESPALHAM PELO PLANETA
Quanto
estive na Suécia há quatro anos era visível no semblante dos habitantes da
capital Estocolmo certo ar de insatisfação dos cidadãos suecos frente ao
crescimento vertiginoso do fluxo de imigrantes pobres espalhados por todos os
cantos da cidade. Muitos cidadãos, especialmente os nacionalistas,
responsabilizavam os governos pela situação. A preocupação com o aumento do
fluxo migratório também era sentida nas vizinhas, Noruega e Finlândia, que juntas
com a Suécia, “integram” o grupo dos países nórdicos com excelentes níveis IDH,
porém ameaçados pela fúria neoliberal.
É
claro que a presença de estrangeiros no país aguça ainda mais a insatisfação de
grupos extremistas, vinculados em partidos direitistas, dos quais defendem posturas
mais austeras dos governos para controlar as fronteiras. Mas não é somente a
imigração a causa da exacerbação de grupos extremistas xenófobos na Suécia. As
reformas estruturais em curso, com cortes em investimentos sociais tendeu a
intensificar o ódio conforme ia se intensificando as desigualdades sociais.
Resultado foi o que já era de se esperar no último pleito eleitoral, com 17,5%,
dos votos para os candidatos da extrema direita.
De
acordo com pensador norte americano Neon Chomsky, o modelo econômico neoliberal
teve a sua origem no começo da década de 1970, como reação do capitalismo aos
avanços de categorias sociais até então desassistidas como mulheres, LGBT,
negros, etc, que reivindicavam direitos. Como forma de frear tais ameaças, o
mercado teve que se reordenar adotando políticas restritivas, rebaixando
salários e reformulando sistemas de ensino público.
A
participação do FMI e do BANCO MUNDIAL foi decisiva à formatação desse novo
modelo de ensino ajustado à ordem produtiva descartável, com sujeitos dóceis e maleáveis.
Com a concretização desse modelo produtivo altamente excludente, os lucros no
mercado cresceram mais de 1000%, enquanto que os salários declinaram
vertiginosamente.
Com
a crise financeira de 2008 nos Estados Unidos, a economia seguiu um caminho tortuoso
aumentando a leva de trabalhadores precarizados. Entre 2005 a 2015, a força de
trabalho temporária na América do Norte atingiu 95%. O que se vê hoje é uma
pulverização desse modelo de trabalho informal para além das fronteiras dos
Estados. O capital financeiro especulativo vem agindo com força nos países
periféricos e centrais, afrouxado relações formais de trabalho e enfraquecendo democracias.
As reformas neoliberais em curso no Brasil na hipótese de vitória de candidatos
não comprometido com investimentos sociais, a tendência é o agravamento do
quadro de exclusão social.
Temos experiências de sobra que comprovam que
regimes autoritários não foram suficientes para solucionar problemas sociais históricos.
O que se fez foi reprimi-lo, fechando sindicatos, censurando jornais, prendendo
e torturando, como forma de tornar o caminho livre à aplicação dos programas
desenvolvimentistas, que gerou um dos maiores endividamentos do Estado
brasileiro. Mais uma vez é importante deixar claro que as causas do desarranjo
das estruturas do Estado brasileiro têm como uma das origens a histórica
cultura da corrupção, associada à forte dependência aos fluxos de capital
especulativo externo.
Uma
gigantesca parcela da população desassistida em educação e saúde tenderia mais
cedo ou mais tarde descambar no atual quadro de insatisfação e aversão as
instituições republicanas. Se há insatisfação pelo modo como certos políticos
se comportam, nosso dever de cidadão é expurgá-los da vida pública.
Por
isso a necessidade de eleições em quatro em quatro anos. Uma democracia que se
deseja ideal, deve ser construída por todos, a partir dos erros e acertos.
Todas, até mesmo na Grécia, berço desse sistema, passaram por situações conflitantes.
Se houve erros cometidos por quem esteve
à frente do poder, cabe a nós puni-los, escolhendo candidatos comprometidos com
verdade, ética.
Há
cerca de uma semana das eleições, o que se vê é um cenário de tensões gigantescas
diante do fortalecimento da polarização de forças antagônicas. Num momento como
esse, é necessário ter bom senso e capacidade de discernimento dos discursos,
muitas vezes contraditórios, preconceituosos, que apregoam o ódio e a
violência. Nosso futuro, dos nossos filhos e netos está em nossas mãos.
Na
democracia quando elegemos um mau governo, podemos expurgá-lo na eleição seguinte.
Agora, quando uma sociedade inteira tem esse direito suprimido, a exemplo do
fascismo, nazismo e tantos outros regimes totalitários ainda hoje presentes em
muitos países, nossa liberdade, nosso direito de ir e vir, de criticar, de
reclamar, de falar, tudo isso deixa de existir. O medo, a dúvida e a
desconfiança se tornam regras. Quem
quiser saber mais sobre esse terrível momento da história brasileira, basta ler
Brasil Nunca Mais, da Editora Vozes, cujo prefácio foi escrito por Dom Paulo
Evaristo, Cardeal Arms.
Prof.
Jairo Cezar
Creio que estamos muito proximos do surgimento de um estado totalitario no Brasil. Tiraram a Dilma, prenderam o Lula, não vão deixar a esquerda entrar pelas urnas novamente. Acredito que poderá acontecer 2 situações, ou golpe militar, ou mudança no regime de governo para o parlamentarismo. O pasSado voltara a se repetir.
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