Trabalhadoras
e trabalhadores da educação, atentos (as) às falácias do des-governo Raimundo Colombo
e seus des-comandados para educação.
Como vem se sucedendo ano após ano,
década após década, a cada início de ano letivo trabalhadores (as) da educação
já sabem o drama que enfrentarão retornando para suas escolas, prédios
depredados, salas superlotadas, ritmo extenuante de aulas semanais e, para
amenizar a dor, a notícia alvissareira do governo de 7 a 8% de “reajuste
salarial” em suaves parcelas. Uma forma esperta de desviar a atenção da
categoria acerca do compromisso legal de reajustar os salários com base na lei
do piso.
No entanto embora exista uma lei
determinando um piso nacional, várias Adins (Ações de Inconstitucionalidade)
encaminhadas pelos governos estaduais, inclusive do Rio Grande do Sul, do Partido
dos Trabalhadores, correm na justiça para inviabilizá-lo na justificativa de
que não há capacidade financeira para seu cumprimento. Diante dos fatos e acatando
a pressão, o MEC (Ministério da Educação e Cultura) lançou portaria abandonando
o coeficiente custo aluno e substituindo-o pelo reajuste a partir INPC
(Instituto Nacional de Preços ao Consumidor), que para 2014 determinou 8,5%,
muito abaixo dos 19%, 2014, 21%, 2013, que jamais foram pagos. Cabe lembrar
também, que as Adins encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal foram julgadas e
decretadas improcedentes.
Com a aprovação da Lei n. 11.736/2008,
que estabelece um piso nacional para magistério, mas que somente entraria em vigor
apenas em 2011, os trabalhadores da educação de Santa Catarina promoveram uma
forte mobilização para sua efetivação no Estado. Depois de sessenta e dois dias
de paralisação, de ameaças, de pressão dos seus comandados, diretores de
escolas, secretarias regionais, o governo, enfim, recuou e concede o piso para
5% da categoria, ou seja, eleva os vencimentos de 609,00, para aproximadamente
1187,00 para as categorias iniciantes, achatando os demais níveis a partir da promulgação
de um novo plano de carreira.
Como em qualquer categoria profissional
um plano de carreira é o instrumento que proporciona aos trabalhadores a
certeza de que quanto mais empenho e dedicação à carreira maior será a
recompensa. Em Santa Catarina, estado cantado em verso e prosa pelos políticos
de plantão como exemplo de pujança econômica e social, tem um sistema
educacional público dos mais retrógrados do Brasil, que pode ser constatado visitando
as escolas cuja gestão é entregue a apadrinhados políticos, indicados por
vereadores, deputados, cujo critério de escolha se baseia exclusivamente na
quantidade de votos obtidos nas eleições.
Se não bastasse o ridículo salário pago
e as péssimas condições físicas das escolas, os professores têm que conviver diariamente
com ameaças de estudantes, riscos da municipalização, meritocracia, perda de
regência e outras tantas incertezas que contribuem para elevar o grau de
estresse e insatisfação frente a árdua tarefa de educa-dor, de construtor (a)
de cidadãos e cidadãs conscientes. É
preciso combater as falsas verdades publicadas nos jornais e blogs, por órgãos
do governo como a Secretaria da Educação cuja intenção é desviar o foco da luta
como também jogar a sociedade contra a categoria.
No dia 19 de fevereiro o jornalista e
blogueiro Moacir Pereira postou na sua página na internet nota encaminhada pela
SED (Secretaria da Educação) com a seguinte manchete: “Professores tiveram
ganhos acima de 80%”. Averiguando as informações que foram distribuídas em
cinco tópicos distintos nota-se a ousadia e cara de pau de uma secretaria que
diante de tanta asneira escrita não teve a coragem de assinar o próprio
documento. O primeiro absurdo aparece quando diz que o governo já cumpre a lei
do piso, que em 2010 o menor vencimento era de 609,00, e hoje chega a 1.697,32,
ou seja, aumentou 178%, excluindo segundo o governo regência de classe,
triênios e vale alimentação. Várias foram as intervenções criticando incisivamente
tal absurdo postado.
Não é novidade entre os educadores (as)
e acredita-se que a própria população deva ter clareza, que os 178% de aumento
mencionado pelo governo foi referente a adequação do menor vencimento da
categoria, de 609,00 reais, para algo em torno de 1,187,00, beneficiando cerca de 5% dos
trabalhadores (as) de início de carreira, com habilitação 100, ou seja, formação
ensino médio. Esquivou-se a secretaria da educação em esclarecer que o dito
“cumprimento da lei do piso” se deu graças a uma paralisação de sessenta e dois
dias, para fazer com que o governo cumprisse a lei nacional do piso, que não o fez
na sua totalidade.
Outro
absurdo na nota é quando insiste na
mentira que todos os níveis de carreira tiveram reajustas de 80%, bem acima da inflação
acumulada de 26%. Não se sabe qual foi a equação adotada pelo governo que resultou
no percentual acima mencionado. Se pegarmos os contra cheques dos professores
(as) de diferentes níveis jamais se chegará a ao absurdo patamar de reajuste.
Acredita-se ter havido algum equívoco no momento que foi postado tal
mesquinhez, em vez de reajustes a correto seria perdas de 80%. Na nota reitera
a atual dificuldade do governo de promover a descompactação da tabela, que para
sua adequação dependerá da revisão das gratificações. A revisão proposta, na
qual se eximiu em esclarecer como seria feita, baseia-se na transposição da
regência de classe para o vencimento, produzindo a falsa impressão de que se estará
legalmente cumprindo a lei do piso. É um instrumento sórdido de supressão de um
direito conquistado pela categoria que certamente irá contribuir para o
congelamento dos salários durante vários anos.
Quanto aos 8,5% de reajuste instituído via
portaria do MEC que se baseia no índice de inflação medida pelo INPC em vez do
custo aluno que projetaria o reajuste para 19%, o governo Raimundo Colombo,
noticiou na imprensa que o respectivo percentual seria concedido em três
parcelas, sendo a última, possivelmente 4% seria concedida em dezembro, quando
a maioria dos professores (as) ACTs já estariam prestes a findar seus
contratos. A justificativa do governo para a não concessão integral do pseudo
reajuste é evitar o impacto financeiro deste “aumento” com o aumento do Fundeb.
É muito descaramento afirmar que dito “reajuste”
colocaria em risco as contas do governo. O que dizer do pacotaço lançado no
final de 2013 beneficiando centenas de cabos eleitorais com pomposos presentes
de natal como o que garante o projeto de lei n. 0043.7/2013, parágrafo único, a
transposição de cargo permitindo que os “amigos do governo” se movimentem entre
as diferentes secretarias, acumulando benefícios retroativos.
E o que dizer das desnecessárias 36 SDR (Secretarias de Desenvolvimento
Regionais) espalhadas pelo estado com centenas ou milhares de cargos
comissionados, que têm função específica de servir de instrumento eleitoreiro
para garantir as benesses de seus comandantes. A supressão das mesmas
proporcionaria uma economia substancial para os cofres do estado, quantia essa
suficiente para reestruturar as escolas sucateadas e garantir a reposição das
perdas salariais da categoria. Na eleição de 2010 quando Raimundo Colombo era
candidato, todos devem lembrar que uma das suas promessas de campanha era a
extinção das secretarias regionais. Quem acreditou que ele o faria? Pois se
sabe que diante do um desgoverno nas áreas da saúde, educação, segurança, entre
outras, a única forma de eleger-se ou reeleger-se é mediante o voto do
cabresto, tarefa reservada aos seus compinchas, apadrinhados políticos,
verdadeiro exército de parasitas gerenciados pelas SDRs, que saem às ruas
arrebanhando eleitores em troca de promessas de cargos e outros tantos
benefícios.
Outra falácia do governo Colombo no qual
tenta transparecer uma imagem de gestor popular é quanto ao decreto lei que
institui eleição para diretores de escolas, com a participação da comunidade. A
farsa no quesito democracia está no critério que diz que o candidato para
concorrer deverá ter curso de PROGESTÃO, exclusividade essa apenas para
diretores. Além do curso como critério, o decreto estabelece também que o
candidato apresente um projeto pedagógico no qual passará por uma “severa”
avaliação de uma banca examinadora. A dúvida é quem são os examinadores e quais
critérios serão considerados na hora a seleção. Outro dado questionável que
merece reflexão é quanto a escolha dos assessores, subdiretores, secretários,
etc, que ficam submetidos à decisão do diretor geral.
Retornando ao pacotaço do governo, o
projeto de lei que beira o ridículo é o n. 0504.9/2013 que propõe o corte de
gastos com água, energia, impressão, cópias, etc. Segundo o governo a escassez
financeira estaria no desperdício de tais recursos. Não beira a demagogia, a
falta de caráter quando um governo se atreve a encaminhar um projeto de lei
desse nível visando economizar, quando outros projetos aprovados escancaram as
portas dos cofres do estado disponibilizando recursos para os “bons gestores”,
ou seja, “aos chefes que trabalham com a administração financeira”?
Prof. Jairo Cezar
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