Assembleia Estadual do Sinte/SC realizada em 18 de março de 2014 nas
dependências do Centro de Eventos Sul, Florianópolis/SC
Aos 18 dias do mês de março
ocorreu no Centro de Eventos Sul, em Florianópolis, Assembleia Estadual do
Sinte com a participação aproximada de duas mil pessoas. Durante os informes
foram desferidas incisivas críticas às políticas do governo do Estado diante do
abandono e descaso às escolas estaduais e moção de repúdio às práticas de
assédio moral sofrido por estudantes e trabalhadores (as) de unidades escolares
de Florianópolis. Outro informe veemente repudiado por expressiva parcela da
categoria foi a posição dos membros integrantes da CNTE, em Congresso da
Entidade em Brasília, de terem votado contrários a concessão de 10% do PIB, Já,
para a educação, mantendo a proposta do PNE para 2024. Membros da ala
situacionista do Sinte como o próprio presidente da CUT/SC também se manifestaram criticando as
políticas do governo Colombo
enquadrando-o como defensor das reformas neoliberais. Na fala do coordenador
estadual do Sinte o mesmo destacou a posição do governo do estado acerca das
reivindicações da categoria. Segundo ele Colombo continua mantendo a proposta
de reajuste de 8,5 em três parcelas, a primeira em março, a segunda em junho e
a última em setembro; o não pagamento dos percentuais do piso na carreira retroativos a 2012 e 2013; a não
descompactação da tabela em 2014; a não
concessão de benefícios à categoria por incapacidade ou insuficiência do Fundeb,
para atender as demandas da educação
pública. Sobre o reajuste de 8,5% oferecido aos
trabalhadores não contemplados com a lei do Piso, 95% da categoria, é
importante ressaltar que o índice de reajuste acima citado partiu do MEC (Ministério da Educação e Cultura)
acatando as pressões dos municípios e estados contrários à lei do piso,
encaminhou portaria substituindo o coeficiente de reajuste custo aluno, pelo
INPC (Instituto Nacional de Preços ao Consumidor), determinando para 2014, 8,5%
de reposição, muito abaixo dos 19%, determinado para 2014, 21%, para 2013 e o
piso de 2012, ambos jamais pagos pelo governo. Cabe lembrar também, que as Adins (Ações de Inconstitucionalidade)
encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal foram julgadas e decretadas
improcedentes, ou seja, os próprios juízes da Suprema Corte brasileira deram
ganho de causa aos trabalhadores da educação, porém, nenhuma punição ainda foi
determinada contra os não cumpridores da lei.
O governo Colombo encaminhou nota à imprensa comunicando que vem
cumprindo a lei do piso, que todos os professores início de carreira foram
beneficiados, que os demais níveis serão contemplados com a medida provisória
garantindo o reajuste de 8,5%. Quando fala sobre os
demais níveis está se referindo aos graduados, pós-graduados, mestres e
doutores, não beneficiados com os 19%, tendo como único consolo, o reajuste
prometido, que não garante nenhum ganho real. Em relação a proposta de greve discutida na
reunião do Conselho do Sinte, apenas quatro regionais, das 30 existentes, trouxeram
encaminhamento de greve, já. Sobre os
três dias de paralisação nacional que para CNTE se consubstanciaria como greve,
a mesma foi avaliada pelos membros da ala situacionista como um fracasso devido
o boicote da oposição. É bom esclarecer que greve não
pode se determinar um tempo específico para sua ocorrência, isso é uma
enganação, que o correto é paralisação cujas escolas de todas as regiões se
recusaram em cumpri-la na sua totalidade. Todos que usaram da palavra na
análise de conjuntura criticaram as políticas do governo do estado propostas
para a educação, porém, em relação ao governo federal, a ala situacionista do
Sinte procurou insistentemente blindar a
presidente na tentativa de eximi-la dos problemas que vem se sucedendo na
educação pública do estado e país. Não houve nenhuma
explanação por parte dos integrantes da situação que o que o governo Colombo
está oferecendo aos professores está baseada numa portaria do MEC que o
autoriza a conceder o respectivo percentual. A regional de Criciúma encaminhou
proposta para que durante o período de mobilização em preparativo para a greve,
que poderá ser desencadeada no final de abril, cada uma das 30 regionais
promovesse atos de mobilização como forma de mostrar à população o descaso com
a educação pública. Contrapondo a proposta de Criciúma, foi sugerida no lugar
das 30 mobilizações, quatro eventos
macrorregionais que serão posteriormente discutidas as datas no qual foi referendada
pela plateia em votação conturbada. Durante o momento
das discussões importantes da categoria a atenção da plateia foi desviada com a
distribuição de camisetas que seriam usadas no ato público após a assembleia,
que em decorrência das chuvas a mesma foi abortada. Se foi proposital ou não,
tal atitude contribuiu para dispersar a atenção da plateia e retardar ao máximo
sua conclusão, acreditando que não havia por parte dos responsáveis pela
distribuição das camisetas nenhuma intenção de que o ato ocorresse. Sobre o caso de assédio moral ocorrido numa
unidade escolar de Florianópolis, no depoimento do professor e da estudante,
ambos indagaram à coordenação executiva do Sinte sobre os motivos de não
constar na pauta das assembleias regionais a presença de pais e estudantes para
construir juntos o movimento da categoria. Quanto aos Acts, que no estado
representam 50% dos educadores (as), a legislação em vigor, aprovada em 2009,
faz distinções entre trabalhadores que
não recebem de acordo com sua formação; não garante direito a plano de saúde;
desrespeita a própria CLT caracterizando como abandono do trabalho no terceiro
dia de falta e desautoriza o afastamento do trabalhador (a) para cuidar da
saúde dos filhos. Outra aberração facultada aos ACTs são as estressantes provas anuais exigidas
para ingressar no magistério com validade de um ano apenas. A luta do sindicato
é para que seja proferida revisão urgente da lei, assegurando efetivação e direitos similares a todos (as) os
profissionais. Em relação ao Congresso da categoria ocorrido em Fraiburgo de 2013,
cuja ala oposicionista decidiu abandoná-lo no último dia, um dos motivos que
contribuiu para tal sair da plenária foi a falta de democracia, limitando o
tempo das falas para debater temas importantes que seriam votados, e a
insistência de querer votar proposta
excluindo os não filiados de participarem através do voto dos rumos da categoria.
Outro item extremamente repudiado foi a retirada das assembleias estaduais com
instâncias deliberativas, limitando tal competência exclusivamente para o
Congresso Estadual, que é realizado em três em três anos. Outro ponto polêmico levantando pela plateia e pouco esclarecido
pelo coordenador estadual foi acerca do prazo limite que tem a Assembleia
Legislativa do estado em conceder reajustes à categoria sem que haja restrição
da legislação eleitoral. Segundo o coordenador, o prazo determinado pela legislação
é 4 de abril, ou seja, 180 dias antes das eleições, ou podendo se dar depois
das eleições. Sendo assim, tudo indica que a Assembleia Legislativa votará a
medida provisória do reajuste de 8,5% até essa data. Sobre o teor das medidas
provisórias, foi esclarecido aos presentes que na hipótese de não ser votada no
prazo de sessenta dias, as mesmas se transformarão em lei. Sobre esse item, foi
encaminhada a realização de atos em Florianópolis durante os trâmites da
votação para pressionar os deputados a promoverem alteração do texto,
concedendo os 8,5% de forma integral e retroativa a janeiro, não a proposta esdrúxula
de parcelamento como vem insistindo o governo.
Além desse encaminhamento também foram aprovados: Assembleia Estadual da
Categoria em 15 de abril; Ato unificado de todos os trabalhadores em 09 de
abril; Moção de repúdio ao assédio moral ocorrido na escola de Florianópolis; Inclusão
na pauta a revisão da Lei dos Acts; Participação do Seminário Nacional sobre as
mulheres que ocorrerá em Brasília, no mês de abril; Revogação do decreto
punitivo do ex-governador Leonel Pavan, que impede a promoção funcional; Defesa
incondicional dos 8,5% imediato e dos 19% do piso, na carreira, referente a
2014 e a participação dos 17 (dezessete membros da executiva do Sinte estadual) em todas as negociações
com o governo.
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