As
verdades acerca da antecipação da greve do SINTE para 15 de abril de 2014
Quem
se lembra da greve de 2011, que depois de sessenta e dois de paralisação, em
uma das mais representativas assembleias da categoria, a coordenadora anterior junto com seus aliados, sorrateiramente manipularam a planária convencendo-as a votarem a favor do fim do movimento. O que estava em jogo naquele momento era
a pressão da categoria para forçar o governo do estado a cumprir a lei do piso
nacional do magistério. A notícia de que o governo recuaria e atenderia parte
das reivindicações colocou a categoria em estado de alerta. Se a exigência era
o cumprimento da lei, o governo utilizou-se da seguinte artimanha reajustou os
vencimentos daqueles que recebiam vencimentos abaixo do piso, cerca de 5% da
categoria, maioria de nível médio, e reformulou o plano de carreira,
compactando a tabela, de modo que os níveis subsequentes não fossem
contemplados proporcionalmente.
Para
se ter uma ideia, em 2010, os professores das categorias A-1 a G-7, a diferença
salarial era equivalente a 145%, após a compactação da tabela, essa diferença
foi reduzida para 50% em 2013. As últimas paralisações atabalhoadas na educação
articuladas pela CNTE/CUT proporcionaram faltas aos educadores cuja direção do
Sinte estadual até o momento não conseguiu fazer com que fosse anistiado. Um
exemplo da falta de democracia da CNTE foi o encaminhamento de “greve” nacional
de três dias sem que o assunto fosse antes discutido na base, resultando no que
resultou, nenhuma escola cumpriu a determinação, sendo que no dia 18, data da
assembleia estadual, nenhuma escola da região de Araranguá fechou as portas. E
o dia 19 de março...nada aconteceu.
Outro agravante é quanto a pauta das
paralisações elencadas pela entidade nacional priorizando temas como as
Políticas do PNE governista e a concessão dos 10% do PIB para educação até
2023, não incluindo na pauta a lei do Piso Nacional, uma nítida constatação de
que a própria CNTE está abandonando essa bandeira. É tão verdade essa
constatação que o próprio MEC encaminhou portaria defendendo o pagamento dos
professores adotando o coeficiente INPC e não o coeficiente custo aluno como
diz a lei. Sendo assim, em 2013, quando o reajuste do piso foi de 21%, o valor
pago pelo governo Colombo foi de 7%, dividido em três parcelas. Para 2014, o
índice do piso atingiu 19%, porém, de acordo com a proposta do MEC, Colombo
deverá pagar 8,5%.
O
que todos devem saber é que o percentual de 8,5% são recursos oriundos do
Fundeb, que deveriam ser repassados aos professores já em janeiro. O que se
constata é que o atual governo como os demais administradores públicos estão
fazendo política com um dinheiro que deveria estar nas mãos dos trabalhadores.
Não podemos cair na jogada suja desse governo que procura disseminar a ideia de
que não votando até o dia 4 de abril a medida provisória que concede esse
percentual à categoria, o mesmo não pagará em decorrência da lei eleitoral.
Fica bem claro, o dinheiro é do Fundeb e não tesouro do estado, como vem apregoando.
O
último Congresso do Sinte ocorrido em Fraiburgo foi a gota d’agua e certamente
definirá os destinos da categoria, transparecendo para os que lá estiveram a
postura intransigente de membros que comando a entidade sindical. Desde o
início procuraram atropelar todo o processo dificultando ao máximo os debates,
na tentativa de aprovar temas que lhes interessavam como a manutenção da
filiação do Sinte à CUT; a exclusão dos não filiados ao Sinte das votações em
assembleias e transformação o Congresso do Sinte na principal instância
deliberativa das lutas.
Como
acreditar que tal grupo que se diz defensor dos interesses de uma classe
composta de educadores (as), encarregados da construção de uma sociedade mais
justa e igualitária, encaminha propostas na qual intensifica mais e mais o
acirramento da divisão de classe, privilegiando apenas um setor, os filiados,
em detrimento dos demais, que representam 50% dos (as) trabalhadores (as).
Historicamente em todas as greves ocorridas no estado, filiados e não filiados
jamais sofreram distinção nos movimentos da categoria. Como querer excluir das
decisões expressiva fração da categoria, sabendo que na deflagração de uma
greve são os não filiados que engrossam e puxam o movimento nas escolas que
atuam. Será que esse respectivo e importante grupo de educadores (as) somente
assume importância quando da deliberação de paralisações, excluindo-os (as) em
outras ocasiões, como nas votações de decisões importantes?
Sobre
a antecipação da greve para o dia 15 de abril, tal medida deve ser compreendida
levando em consideração a conjuntura política nacional. A ala ou tendência que
dirige o Sinte estadual, expressiva parcela é filiada ao PT (Partido dos
Trabalhadores) que também atuam na direção da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
estadual. Em âmbito partidário defendem a construção de uma candidatura própria
do partido ao governo do estado. Por outro lado, se no estado, adotam uma
postura de oposição ao governo Colombo, em âmbito nacional apoiam a reeleição
da presidente Dilma que já teve publicamente a declaração de apoio político de
Raimundo Colombo em resposta a bilionária soma de recursos financeiros
disponibilizados pelo governo federal.
Deflagrar
uma greve num período de grandes eventos como a copa do mundo e eleições desgastaria
politicamente tanto governo do estado como as pretensões do partido dos
trabalhadores em obter algum êxito eleitoral tanto para si como para a reeleição
da presidente. A deliberação do dia 15 de abril como data limite para a
realização da Assembleia Estadual e deflagração da greve subtende-se como mais
uma manobra bem articulada que visa iniciar e terminar rapidamente o movimento
para depois justificar na imprensa e redes sociais que o sindicato puxou uma
greve, porém a categoria se eximiu de lutar.
É
urgente resgatarmos o Sente das mãos de um grupo parasitário que se alojou nas
instâncias da entidade há décadas, que se utiliza de todas as manobras
possíveis para se perpetuar no poder. O Sinte pertence à categoria, àqueles que
mensalmente contribuem com seu suado dinheiro e não a um bloco partidário,
beneficiado pelas regalias, que na maioria das vezes usam a entidade como
trampolim ascensão político partidária. Rediscutir os caminhos da nossa
entidade é compromisso de todos (as) os (as) contribuintes e não contribuintes.
No
congresso de Fraiburgo, nas discussões ocorridas após o abandono da plenária, o
segmento oposicionista propôs a realização de um intenso debate com a base,
esclarecendo a realidade da entidade, para assim definir que caminhos que
devemos seguir. Houve proposta até de construção de um novo sindicato,
desvinculando-se do atual Sinte. Mas nada está definido, quem decidirá
realmente os rumos da entidade são os próprios trabalhadores da educação, que
deverão reunir-se e avaliar qual o caminho a seguir.
Prof.
Jairo Cezar
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