sábado, 21 de agosto de 2021

 

CURSO DE MEDICIANA DA UFSC/ARARANGUÁ SOFRE OS EFEITOS MALÉFICOS DA EC 95/2016

https://www.aprojus.org.br/noticias/261/relatorio-da-reforma-administrativa-pec-32-foi-aprovado-na-ccj-da-camara-dos-deputados


Quem não se lembra da euforia  espalhada pelos quatro cantos do município e região da AMESC quando se noticiou que o curso de medicina seria aqui instalado. Na época se questionava o fato de não existir nem mesmo uma acomodação adequada para o curso, muito menos um hospital para a pratica residencial dos cursandos.  Entre trancos e barrancos foi dado início as aulas até que, finalmente, uma luz alvissareira surgiu no fim do túnel com o início da construção do prédio próprio.

Na época quando se noticiou a interiorização da UFSC, críticas foram desferidas à proposta pelo fato do processo de precarização do Campus Central, em Florianópolis, principalmente em relação ao Hospital Universitário. O inicio das aulas do curso de medicina em Araranguá ocorreu diante de um cenário político conturbado, com cortes violentos no orçamento federal por meio da Emenda Constitucional 95/2016.  Essa medida, aprovada no congresso nacional, congelaria salários e investimentos em educação e saúde por vinte anos.

Se a situação dos campos centrais das universidades federais em todo Brasil estavam na berlinda antes da EC – 95, com a sua homologação pelo presidente Michel Temer, os impactos foram avassaladores. Com a eleição da Jair Bolsonaro para presidente em novembro de 2018, mais a pandemia do Covid-19, no início de 2019, o quadro educacional piorou ainda em todos os níveis. Se em 2016 a imprensa local ocupava seus noticiários com mensagens de lisonjeio a um curso que tiraria a região do limbo provinciano do atraso, em agosto de 2021, a mesma imprensa passou a publicar noticias como essa: “MPF investiga denúncia no curso de Medicina da UFSC de Araranguá”.   

 As reportagens publicadas davam conta de ações de denúncias encaminhadas por estudantes ao MPF contra a instituição por falta de professores e técnicos, especialmente na sétima fase de medicina. Em resposta as denúncias, o reitor da UFSC comentou que o problema enfrentado pelo curso de medicina em Araranguá atinge outras inúmeras áreas da instituição. Que a solução independe da UFSC e sim do ministério da economia e da educação.

Se há falta de professores e técnicos isso se deve a não realização de concursos públicos conforme exigência legal.  O próprio procurador do Ministério Público Federal deixou clara sua posição em entrevista proferida em uma rádio da região. Disse que caso a falta de professores tenha relação com decisões extra-unisersitária, ou seja, a aprovação da EC-95, que promoveu corte de gastos públicos, nada poderá fazer.

Na reportagem do jornal, lideranças políticas e empresariais da região se manifestaram demonstrando preocupação ao problema. O fato é que muitos dessas lideranças políticas são responsáveis diretos e indiretos à situação vivida pela UFSC bem como a educação num todo. Votaram ou foram favoráveis a aprovação da EC – 95 que pôs o serviço público em estado de total abandono. Um dos senadores catarinenses, Jorginho Mello, foi ouvido e declarou desconhecimento do problema.  Afirmou o senador que “entende que os cortes podem e devem ocorrer, mas que a educação não se deve cortar principalmente se for parar um curso”.

É importante aqui esclarecer que o respectivo senador faz parte da ala bolsonarista no congresso no qual apoia sem restrições as políticas ultraliberais de desmonte do Estado. A privatização de todo o aparato estatal é o que está em curso no governo Bolsonaro. A situação deprimente do curso de medicina e os demais já são reflexos desse esquema privatista, que tem o senador Jorginho Melo e quase todos os deputados federais catarinenses como defensores. Para comprovar basta observar as suas votações nas reformas previdenciária, trabalhista, entre outras.

Se atualmente a educação superior vive o caos devido aos cortes no orçamento federal, imaginemos como será a partir da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional n. 34/2019, que tramita no congresso nacional. Essa emenda trata da reforma administrativa, na qual modificará todo o arcabouço jurídico relativo aos servidores públicos nas três esferas de poderes. O ponto nevrálgico dessa reforma é o que trata sobre o fim da estabilidade do serviço público. Isso quer dizer que, no caso da UFSC, a contratação de professores dispensará a necessidade de concurso público. Não havendo mais concurso, estará aberta a porteira para o setor privado assumir o controle da educação superior, vindo em seguida à educação básica e a infantil.

Prof. Jairo Cesa  

https://ararangua.ufsc.br/2021/08/11/nota-de-esclarecimento-a-respeito-das-ultimas-noticias-sobre-o-curso-de-medicina/

  

 

     

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