RISCOS
IRREVERSÍVEIS À SAÚDE SE A PL (6.299/2002)
DOS AGROTÓXICOS FOR
APROVADA NO CONGRESSO
Há
cerca de três meses publiquei artigo alertando manobras políticas envolvendo
parlamentares da bancada ruralista que barganhavam votos para livrar o
Presidente Temer em denúncias de crime, em troca da aprovação da PL n.
6.299/2002 batizada de Pacote do Veneno. De lá para cá as pressões advindas
desse poderoso agrupamento político no congresso, 228 parlamentares ou 44% dos
513 deputados, continuaram mais acirradas com possibilidades reais de a
proposta ir para discussão na comissão do parlamento no próximo dia 29 de junho
de 2018.
Diante
desse pernicioso projeto de lei que se aprovado resultará em riscos
irreversíveis à segurança alimentar dos brasileiros, entrou em ação uma legião
de combatentes, contrários a PL, mobilizando a sociedade para pressionar os deputados
em todos os estados para que rejeite a proposta. Na realidade a proposta saiu
do campo político e adentrou na área da saúde. Entidades com o Instituto
Nacional do Câncer; Fundação Oswaldo Cruz, ANVISA, e mais de 300 ONGs, vêm se
pronunciando contrárias ao projeto, denunciando as manobras e o perigo para a
saúde a liberação de substâncias atualmente proibidas de uso na agricultura.
Pesquisas confirmam que o aumento da incidência de doenças degenerativas como
câncer, entre outras, tem relação direta com a exposição de agrotóxicos do tipo
glifosato, principio ativo do Roudap, o mais consumido no planeta.
Nos
Estados Unidos relatórios elaborados por agências governamentais constaram que
o uso de agrotóxico na agricultura não contribui significativamente para o
aumento da produção agrícola como acreditava. Cada vez mais inúmeras espécies
de plantas e insetos vêm se tornando resistentes a certos agrotóxicos, fazendo
com que agricultores intensifiquem o uso de mais venenos ou substituindo por
outros mais potentes como o 2,4-D. Lá também há um movimento muito forte da
sociedade exigindo o banimento imediato dos venenos utilizados na agricultura. No
entanto, os lobbies dos poderosos conglomerados do setor, que também dominam o
mercado das sementes e dos insumos, fragilizam qualquer tentativa de
enfraquecê-los frente à opinião pública.
A
união européia há cerca de dois meses baniu definitivamente do mercado um
princípio ativo chamado de NEONICOTINOIDES,[1]
que segundo centenas de pesquisas realizadas, comprovaram que o mesmo está
sendo responsável pelo desaparecimento de abelhas. O produto quando pulverizado
penetra os tecidos das plantas, podendo persistir no solo por gerações,
contaminando as plantações e abelhas. No Brasil, a última análise realizada
pela AVISA sobre os agrotóxicos ocorreu em 2016 com 9.680 alimentos,
pesquisados entre 2013 a 2015. Desse total analisado, foram identificados 2.401
alimentos contendo traços de Neonicotinoides. O que causou perplexidade foi a
identificação de 399 tipos de alimentos com níveis irregulares dessa substância
ao lado de outras do grupo BENZIMIDAZÓIS, TRIAZÓIS e ORGANOFOSFORADOS.[2]
No
Brasil, a legislação que regula os agrotóxicos é de 1989, onde traz critérios
ao uso dos venenos e o banimento de outros. Se a PL de 2002 for aprovada,
apelidada de o Pacote do Veneno, poderá permitir o comércio de venenos mesmo
daqueles que comprovadamente possam resultar em má formação fetal. Conseguiram assimilar
o perigo da aprovação dessa PL? É isso mesmo! Outro item embutido no projeto
trata da redução do tempo para liberação de novas marcas, além, é claro, da
mudança do termo agrotóxico por outro termo menos impactante como, PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS.
Se
com todas as restrições contidas nas legislações em vigor, meso assim o veneno
continua se consumindo como água, comercializado e aplicado sem qualquer
restrição e fiscalização, imagine como ficará com a aprovação da PL do Veneno.
Caminhe pelas ruas dos bairros de sua cidade, observe a quantidade de terrenos
e lotes com vegetação seca devido a aplicação de agrotóxicos, o glifosato, por
exemplo, que são proibidos em áreas urbanas pelas legislações em vigor.
O
pesquisador da FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz), em audiência que participou na
Comissão de Desenvolvimento Urbano, na Câmara Federal, no dia 23 de maio, a
convite do deputado João Daniel, do PT-SE, fez uma exposição preocupante acerca
dos impactos à saúde humana, se a PL dos agrotóxicos for aprovada como desejam
os parlamentares que representantes do agronegócio. Segundo o estudioso, que
pós-doutorado em saúde pública, a intenção do projeto de lei é flexibilizar as
regras sobre os agrotóxicos e reduzir custos.
Relatou que atualmente, segundo a OMS, são registrados no mundo cerca de
25 milhões de intoxicações por agrotóxico a cada ano, sendo que mais de 20
chegam a óbito.
No
Brasil o número de intoxicação ultrapassa os 100 mil todos os anos, com 3.5 mil
óbitos. Com os agrotóxicos que estão em uso no Brasil, os mesmos são
responsáveis pelo aumento da incidência de doenças como Linfomas, Leucemia, Sarcomas,
Tumores Cerebrais, de Mama, Testículos e Próstata, relatou o pesquisador.
Agora, os casos de doenças degenerativas, cânceres, por exemplo, poderão transformar
o Brasil num país de doentes, com impactos incalculáveis ao sistema de saúde
pública, alertou o profissional da FIOCRUZ.
Com
a aprovação do projeto, novos produtos até então proibidos passarão a ser
comercializados livremente. Serão produtos que contém substâncias altamente
tóxicas que provocarão desregulações endócrinas, Aumento ou redução da
liberação de hormônios, que poder atrasar a puberdade, causar infertilidade e
diabetes do tipo 2. Muitos dos agrotóxicos que terão registro permitido possuem
princípio ativo que compromete o sistema neurológico, causando doenças como
Parkinson, Depressão, bem como o atraso no desenvolvimento motor das crianças,
etc, etc.[3]
Diante
de um cenário preocupante e quase que irreversível sobre os agrotóxicos, de
repente uma notícia um tanto animadora, que poderá resultar a médio e longo
prazo, se sancionada no congresso, no banimento de todos os agrotóxicos
sintético. Estamos nos referindo sobro o projeto de lei n. 6670/2016 que trata
sobre Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNARA). Na última quarta
feira, 23/05/2018, foi constituída a comissão especial para dar andamento ao
respectivo projeto de lei. A proposta for aprovada, exigirá que todas as
decisões aprovadas sobre agrotóxicos terão que passar primeiro por um debate e
aprovação técnica por órgãos competentes, que não está ocorrendo,
principalmente com relação a PL dos agrotóxicos. O projeto irá tramitar em
regime de prioridade, cuja comissão terá dez sessões para emitir seu parecer.
Prof.
Jairo Cezar
https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Mae-Terra/Medicos-e-MPF-tentam-barrar-lei-ruralista-sobre-agrotoxicos-apelidada-de-pacote-de-veneno-/3/40265
[1]
Eles interferem em seu sistema nervoso central, causam paralisias e
mortes. A substância também está presente no pólen que se prende aos corpos das
abelhas quando estas obtêm néctar. No momento, os neonicotinoides estão
no centro do debate das políticas de proteção às abelhas na Europa.
[2] https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/05/01/Por-que-a-Uni%C3%A3o-Europeia-proibiu-3-agrot%C3%B3xicos-neonicotinoides
[3] https://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?65683/Fiocruz-Pacote-do-Veneno-trara-impactos-graves-a-saude-publica
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