DEBATE
NO IFSC – ARARANGUÁ, SOBRE A BNCC, EXPÕE O LADO PERVERSO DO CAPITALISMO NO
DESMONTE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA
O
Instituto Federal de Santa Catarina –
Campus Araranguá, saiu na frente abrindo suas portas para debater um tema tão
controverso como a BNCC, que a partir de 2019 modificará toda a estrutura de ensino das
escolas de educação básica brasileira, tanto pública quanto privada. A intenção
do encontro foi trazer para a reflexão, pontos polêmicos da Base Nacional como
a provável supressão do currículo de áreas importantes do conhecimento como
filosofia e sociologia.
Os
palestrantes convidados para abordaram o assunto foram os professores Mestre
Marcilon Souza, sociólogo, e o Prof. Dr. Alex Sander, Filósofo. Por cerca de
duas horas, discorreram sobre a trajetória histórica do sistema de produção
capitalista em âmbito global e o modo como as grandes potências vem determinando
o ritmo de vida da população dos países da periferia do capital, que são pressionados
a adotarem políticas de ajustes estruturais seguindo regras pré-estabelecidas
por poderosas instituições financeiras como o FMI e o Banco Mundial.
Na
realidade os planos de reformas estruturais em curso na America Latina e no
Brasil têm a zona do euro e os Estados Unidos como agentes de propulsão.
Diferente de outros momentos da história recente, o capital tende agora a
abocanhar os polpudos fundos públicos desses países, que teriam como destino
assegurado o financiamento da educação pública. A elaboração de uma nova BNCC,
somada ao PNE e a Reforma do Ensino Médio, ambos são partes integrantes de um
grande pacote de “boas intenções”, que nada mais são que instrumentos facilitadores
para a flexibilização ou a fragilização do Estado no seu papel de principal
gestor da educação pública. Não é por coincidência
que nos últimos anos se multiplicaram no Brasil universidades oferecendo cursos
e mais cursos de ensino superior à distância, sem qualquer critério de
compromisso com a formação decente dos acadêmicos.
A educação pública vem se constituindo
atualmente em um “Novo Eldorado” para esses novos conglomerados do conhecimento,
oferecido a distância e de baixo custo. Um exemplo para elucidar esse espantoso
fenômeno do capitalismo sobre a educação brasileira é a KROTON, considerada a
maior empresa privada do mundo em educação particular. Atualmente a empresa
absorveu marcas tradicionais como a Pitágoras, Uniasselvi, Unopar, entre
outras.
Uma
das possíveis repercussões desse monopólio ou oligopólio educacional liderado
por companhias do “mercado do saber” como a poderosa Kroton e tantas outros,
são sua forte influência no campo político, indicando apadrinhados para
ocuparem espaços de decisão nas instâncias do legislativo e executivo, articulando
negociatas que lhes assegurem maior controle dos fundos públicos.
Nos
vários questionamentos levantados, um dos participantes presentes no auditório
afirmou que a intenção do capital é, sim, atingir frontalmente o currículo,
pois é o conjunto disciplinas que tenderão a moldar o modo como os sujeitos irão
pensar e conceber o mundo, como utilitários, descartáveis. Em nenhum momento as
reformas propõem transformações significativas na área pedagógica, bem como no
aumento do aporte de recursos para o financiamento da educação básica, embora
os documentos como PNE, tenham isso como prerrogativa, com a destinação de 10%
do PIB, até 2024.
Prof.
Jairo Cezar
Parabéns Prof. Jairo. Uma ótima síntese do encontro. Precisamos ficar atentos para essas reformas e principalmente saber a quem interessam. Olhos abertos sempre.
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