A BNCC E AS CONTRADIÇÕES QUE CERCAM
A EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Há
poucos dias o telejornal hoje da rede globo exibiu reportagem expondo as
mudanças na educação básica com a homologação da aprovação da nova base BNCC
(Base Nacional Curricular Comum) e o quadro estrutural estarrecedor de escolas
públicas de dois estados da federação, que a partir de 2019 deverão incluir nos
seus currículos as novas diretrizes de ensino conforme determina a base
nacional. Talvez o que os integrantes do governo catarinense não esperavam era
de o jornal trazer a público, no começo da reportagem, a terrível realidade de duas
escolas estaduais, ambas no município de Palhoça, com forro quase desabando e
banheiros impraticáveis para o uso.
O
que deve ter causado mais humilhação ao governo catarinense foi a entrevista
com o um membro do MPE, onde revelou que há cinco anos o Estado vem sendo
alertado do problema, que por não ter tomado as devidas ações reparatórias, a
justiça decidiu bloquear cerca de 3 milhões das contas do tesouro, dinheiro que
será utilizado na recuperação das duas unidades de ensino. O estado do Mato
Grosso também foi matéria da reportagem. Foram exibidas escolas que mais parecem
cachoeiras em dias de chuva, com torneiras quebradas, salas superlotadas e infestadas
por morcegos. A proposta do governo federal com a nova BNCC é padronizar o
ensino em todo Brasil, que incluirá escolas públicas e particulares.
No
entanto, nos últimos cinco anos, de acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional,
os investimentos em educação pública caíram vergonhosamente a um patamar de 65%
a menos. Diferente do Brasil, muitos países que apresentam bons rendimentos
educacionais, estudos comprovam que isso tem relação direta com investimentos
públicos em níveis básicos de ensino. Enquanto no Brasil, o custo aluno/ano é
de 8.400 dólares, nos EUA são disponibilizados 11 mil dólares, e na Suíça 15
mil, ambos, aluno/ano. Agora quando o assunto é investimentos por aluno nas
escolas brasileiras, nas redes particulares e públicas, a diferença entre ambas
é assustadora. Observe o tamanho do abismo.
Quase
a totalidade das escolas particulares o custo aluno/mês é superior a dois mil
reais. Nas públicas, não alcança nem os míseros quinhentos reais. Sem investimentos
pesados em educação básica pública não há como uma BNCC alcançar os resultados
pretendidos e propagandeados pelo governo através da mídia, exibindo escolas
bem equipadas, coloridas, estudantes empolgados, felizes. A realidade das escolas,
portanto, é bem diferente daquela mostrada pelas mídias, que abocanham dos
cofres públicos milhões de reais. É muito fácil revelar a farsa dos governos, basta
visitar uma das escolas públicas municipais ou estaduais em qualquer bairro no
Brasil, e verificar em loco o tamanho dos absurdos.
O Brasil mesmo é um país surreal. Enquanto os
investimentos públicos em educação básica pouco ultrapassam os 5.500 reais,
aluno/ano, no nível superior os investimentos são três vezes maior, alcançando
os 21. 875 ao ano. Esses números revelam o quanto o Brasil ainda precisa
caminhar para superar suas deficiências no seguimento educacional. Não há
dúvida, se os desequilíbrios orçamentários permanecerem, bem como os desvios de
finalidades e a corrupção generalizada, não há qualquer expectativa otimista de
que o PNE (Plano Nacional de Educação), BNCC, PPP (Projeto Político Pedagógico),
entre outras, consigam impedir o caminho perigoso para o caos que está seguindo
a educação básica brasileira.
Prof.
Jairo Cezar
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