A luta dos estudantes catarinenses em defesa
da Escola Pública: um exemplo a ser seguido por todos
Quando tudo parecia que os problemas na
educação pública, saúde, segurança estariam chegando ao fim com notícias
otimistas de que o governo de Santa Catarina iria disponibilizar milhões de
reais provenientes de empréstimos federais para investimentos nesses setores, novos
fatos negativos vieram a público, mais uma vez envolvendo a educação. O que
fica cada dia mais nítido e que chama atenção até dos (as) cidadãos (ãs) mais
desatentos, é que o atual governo não demonstra nenhuma sensibilidade e
preocupação com a qualidade da educação dos (as) filhos (as) dos (as)
trabalhadores (as) catarinenses, pois sua política é em direção ao sucateamento
das escolas, transformando-as em ambientes sem vida, desagradáveis, sem
perspectivas, que estimula a evasão progressiva.
O
problema agora que vem ocupando espaços da mídia catarinense é acerca da reenturmação
das escolas estaduais, cujas tensões poderiam ser evitadas se o governo
adotasse o diálogo aberto com a sociedade como também respeitasse a lei
estadual 170/98, que nasceu também de um embate político, na qual estabelece
diretriz acerca desse tema, onde o atual governo insiste em desrespeitar. São detalhes
simples, porém difíceis de serem aplicados em decorrência do modelo de política
que vem adotando, pautado na intransigência e autoritarismo, que se estendem as
demais instâncias do governo como as Secretarias Regionais, Gerências
Educacionais e nos Gestores das escolas.
Um
dos caminhos possíveis para tentar minar a cultura autoritária que se alojou na
estrutura administrativa do estado é através da mobilização social, e os
estudantes das escolas públicas estaduais estão dando exemplo de postura cidadã,
quando deliberaram sair às ruas nas últimas semanas protestando contra as
medidas tomadas pelo governo de reenturmação nas escolas, ou seja, empilhar
estudantes numa mesma sala tornando o processo pedagógico inviável.
Por ser um acontecimento novo na história
recente do estado, de estudantes saírem às ruas para protestar em defesa da
educação, pessoas ligadas ao governo do estado procuraram colocar a culpa nos
(as) professores (as) ou no próprio Sinte, por estarem incitando os (as)
estudantes a protestarem. Quando concluíram que as manifestações nasceram de
forma espontânea no interior das próprias unidades de ensino e que o problema já
estava colocando em risco a própria segurança dos estudantes, a mídia e o
próprio Ministério Público Estadual passaram a dedicar maior atenção ao
caso. O resultado foi o que ocorreu na
regional de Criciúma, onde o Ministério Público encaminhou liminar desautorizando
a Gered em dar prosseguimento da reenturmação até o momento em que o órgão
jurídico pudesse ter conhecimento do caso e dar seu parecer.
Seguindo o exemplo de Criciúma outras
regiões do estado também tiveram manifestações e com resultados positivos para
a educação. Araranguá não foi diferente, onde centenas de estudantes das duas
principais unidades de ensino médio ocuparam as ruas e o centro da cidade com apitos
e cartazes e proferindo palavras de ordem contra as políticas do governo. Não
há como negar que a escola pública mesmo com todas as dificuldades estruturais que
vem enfrentando, seus profissionais que ali atuam, vem desempenhando trabalho com
muita responsabilidade, criticidade e compromisso ético, que reflete nas
atitudes dos estudantes demonstrando atitude e consciência política. O que
falta agora é a população seguir o exemplo e sair às ruas, mostrando o rosto e protestar
contra as injustiças, exigindo transparência dos investimentos em serviços
essenciais como a educação.
Um dos legados que se pode colher das
manifestações contra a reenturmação, foi o fato de que outros problemas
crônicos vivenciado pelos (as) estudantes e professores (as) no interior das escolas
públicas vieram à tona, como a depredação da estrutura arquitetônica, o sucateamento
dos equipamentos, a precariedade das bibliotecas, invadidas por cupins, ginásios
de esportes interditados, etc.
Prof. Jairo Cezar
Nenhum comentário:
Postar um comentário