CUMPRIMENTO DO ACORDO DE PARIS
SOBRE O CLIMA PODERÁ CUSTAR TRÊS TRILHÕES DE REAIS PARA O BRASIL
Há
poucos dias a revista Nature Biology publicou artigo escrito por três
pesquisadores brasileiros que gerou apreensão às agências globais responsáveis
pelo monitoramento das mudanças climáticas. O documento exibiu cenários nada animadores
alertando a elevação da temperatura média do planeta devido ao descumprimento
de metas assinadas por mais de 100 países, na COP 21, realizada em Paris em
2015.
Afirmaram
que se permaneceram as escalas previstas de desmatamentos, em 2030 o bioma do
cerrado e da Amazônia juntos terão perdas de aproximadamente 45 milhões de
quilômetros quadrados de cobertura vegetal. O alerta dos pesquisadores é, sobretudo,
aos números preocupantes, que ultrapassarão mais de 50% do valor tolerável, previsto para 1.8 bilhão de toneladas de CO2, incluído
desmatamento e os seguimentos produtivos, como o industrial. Para frisar, só
com desmatamento o lançamento de gases poluentes na atmosfera alcançará 1.2
bilhão de toneladas.
A
garantia que o Brasil terá para assegurar o acordo de Paris será disponibilizar cerca de três trilhões de reais
para produção de novas tecnologias, muitas das quais ainda em experiência para
o setor produtivo, onde irá limitar as emissões de poluentes conforme os
limites máximos acordados. Entre 2005 a
2012 as taxas de desmatamentos no Brasil
foram monitoradas por meio de planos de controle sistematizados de áreas
críticas aos desmatamentos. Entretanto, nos últimos quatro ou cinco anos, houve
um profundo afrouxamento dos programas de controle de emissões. A crise
política generalizada, a ascensão de Temer ao poder, foram dois dentre outros
fatores motivadores nas mudanças dos
cenários.
As
concessões de benesses à parlamentares da bancada ruralista no congresso, como
uma das estratégias para a permanência de Temer no cargo, transformou Brasília
em um grande balcão de negócios. A legalização de mais de 2.5 milhões de hectares
de propriedades griladas; mudanças nas regras dos licenciamentos, entre outras,
tiveram peso no aumento das emissões. O congelamento das demarcações de áreas
indígenas, somadas a redução das áreas de unidades de conservação tende a
limitar ainda mais as expectativas do Estado brasileiro em cumprir os acordos
sobre o clima.
O
que esperar, portanto, do futuro climático do Brasil? A expectativa está nas
eleições de outubro, quando serão eleitos o novo presidente, governadores e os integrantes do legislativo federal e
estaduais. É claro que um congresso com maior representação dos setores da
classe trabalhadora seria o ideal. No
entanto, esse seguimento da sociedade estaria representado por partidos de
tradição esquerdista como PSOL, PSTU, PCB, e de outros mais de centro como o “PCdoB”,
“PT”, etc. Numa sociedade ainda extremamente conservadora como a brasileira, as
expectativas de candidatos eleitos por essas siglas são ainda tênues.
O
maior empenho das militâncias e simpatizantes desses partidos poderá configurar
para os próximos quatro anos de um parlamento mais progressista em termos
ambientais. Na hipótese de haver uma eleição que configure um parlamento tão
conservador como o atual, as chances de reverter o cenário quase catastrófico
do clima para 2030 é quase irrisório. O cumprimento das normas ambientais
estabelecidas como dispositivos do código florestal no quesito CAR (Cadastro
Ambiental Rural) contribuirá para um monitoramento via satélite e em tempo real
de todas as propriedades.
A
postergação dos prazos pela quarta vez consecutiva para a realização dos
cadastros pelos proprietários é uma demonstração clara de que as leis
ambientais no Brasil, os poucos itens que beneficiam a natureza, todas as
tentativas do agronegócio é para dificultar ao máximo sua viabilização. O
cumprimento de normativas do código florestal não geraria tanta dúvida ou
preocupação como está sendo cogitado, dos riscos claros do Brasil cruzar o
sinal vermelho em 2030, como um dos maiores poluidores da atmosfera.
Prof.
Jairo Cezar
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