ESCOLA
DO LEGISLATIVO E GRÊMIOS ESTUDANTIS: AMBOS SÃO POSSÍVEIS DE CONCILIAR?
Diante
de um cenário econômico, social e político extremamente conturbado envolvendo personalidades
dos dois seguimentos dos poderes legislativo e executivo, em denúncias por
envolvimento em atos de corrupção, discutir o tema política, partidos e a
participação do jovem na vida política, como pretende a escola do legislativo
de santa Catarina, é um tanto quanto temeroso, frente ao forte desinteresse do
jovem acerca do assunto. Ainda mais quando o assunto é tratado em um ambiente
totalmente inapropriado, como foi o anfiteatro Célia Belizário, nessa sexta
feira tórrida, 03/03/2017, cujos aparelhos de ar condicionados estavam todos com
problemas, e não é a primeira vez que isso ocorre. O resultado, portanto, já era
de se esperar, dezenas de cartilhas, com o título “O que é política? Prá inicio
de conversa..., distribuídas durante o evento pelas palestrantes foram
descartadas nas várias lixeiras espalhadas pelo pátio da escola.
É inquestionável
a boa intenção do legislativo catarinense de pretender inserir o jovem
estudante catarinense do ensino médio em um ambiente dominado por adultos,
homens em especial, e partidos políticos tradicionais, muitos dos quais,
conservadores, que atendem aos interesses exclusivos de empresários e grupos
econômicos que financiam os seus pleitos. A participação do jovem, até mesmo
com a apresentação de projetos de lei para votação em plenário na assembléia,
lhe dará, sem sombra de dúvida, experiência, maturidade e conhecimento acerca
do funcionamento dos bastidores de uma casa ainda repleta de vícios e jogos de
interesses.
Mas o
processo de estimular o jovem no mundo da política, não apenas no sentido
partidário, mas também no sentido da participação das discussões dos problemas
do dia a dia das comunidades e da própria escola, também é compromisso da
escola, incentivando na formação dos grêmios estudantis autônomos. O que se vê
nas escolas é a apatia, o desinteresse dos estudantes em querer participar dos
movimentos estudantis, isso quando existem. O agravante é que as próprias
entidades que os representam em âmbito federal e estadual não prestam um
atendimento ou apoio condigno à estruturação das agremiações e a formação
política de suas lideranças.
É sabido
por todos que não é função da assembléia legislativa, muito menos da escola do
legislativo e secretaria do estado da educação, subsidiar as escolas públicas
estaduais com recursos humanos e materiais na organização dos grêmios
estudantis. Grêmio estudantil forte e
livre na escola somente se materializa quando a iniciativa para sua criação parte
dos/as próprios/as estudantes. Todas as escolas que possuem seus grêmios organizados
há algum tempo, é de se acreditar que durante as falas da palestrante sobre
política e participação política do jovem, a reação dos estudantes não foi a
mesma daquelas cujos grêmios estão desorganizados. Muito questionamento poderia
ter sido feito, bem como a desconstrução de verdades ditas que não condizem com
a realidade, como projetos que são votados que atendem interesses exclusivos da
sociedade. A votação do plano de carreira do magistério, em 2015, é só um
exemplo para ilustrar.
Prof.
Jairo Cezar
Nenhum comentário:
Postar um comentário