PROFESSORES/AS
DA EEBA CONHECEM O COMPLEXO TERMELÉTRICO JORGE LACERDA E O PARQUE EÓLICO E
FOTOVOLTAICO CIDADE AZUL EM CAPIVARI DE BAIXO/TUBARÃO
No
final de 2016, depois de concluída a primeira fase do projeto sustentabilidade
quando os estudantes do educandário tiveram a oportunidade de se inteirar com
os objetivos e os resultados das estratégias para contenção do desperdício de
energia na instituição de ensino e suas residências, o início do ano letivo de
2017, os/as professores/as, gestores e demais profissionais foram desafiados/as
a participar de excursão para conhecer as estruturas do complexo termelétrico
Jorge Lacerda, em especial o parque eólico e fotovoltaico Cidade Azul nos
municípios de Capivari de Baixo e Tubarão.
A
visita a esses dois seguimentos energéticos sustentáveis proporcionou ao grupo a
compreensão do potencial energético renovável no mundo, Brasil e no Estado de
Santa Catarina. A empresa termelétrica que atualmente está controlando a
produção de energia a partir da queima do carvão mineral no estado é a ENGIE, administrada
por um grupo Franco-belga, maior produtor independente de energia no mundo. A
filosofia da corporação é tornar-se exclusiva na geração de energia limpa, ou
seja, fontes renováveis como eólica, fotovoltaica, “hidrelétrica”, entre outras
do setor.
Atualmente
a empresa produz no Brasil 11.954 MW de energia total, que corresponde a 5% da
demanda total consumida no país. No estado de Santa Catarina, a ENGIE é controladora
do complexo termelétrico Jorge Lacerda, uma das únicas empresas do grupo que
produz energia a partir de fontes sujas não renováveis que é o carvão mineral.
A meta da multinacional é a partir de 2027 cessar definitivamente o
funcionamento do complexo termelétrico de Capivari de Baixo, dedicando-se desta
feita na produção e geração de energias renováveis.
Atualmente
as térmicas a carvão de Capivari, ambas compartilham com 25% do total de
energia consumido no estado de Santa Catarina. Se a política da companhia é empenhar-se
em fontes não poluentes, algumas iniciativas estão sendo concretizada com a
instalação do parque eólico e fotovoltaico Cidade Azul nos limites dos
municípios de Tubarão e Capivari de Baixo. O complexo fotovoltaico que custou
aos cofres da empresa R$ 30 milhões, no total de R$ 56,3 de reais em
investimentos e que entrou em funcionamento em 2014, tem como parceiros a UFSC (Universidade
Federal de Santa Catarina) e outras 11 empresas associadas e a ANEEL (Agencia
Nacional de Energia Elétrica).
A
participação da universidade federal ocorre no campo da pesquisa, no qual faz o
monitoramento diário dos 19.424 painéis solares que produzem 3 MW de energia, o
suficiente para atender 2,5 mil residências. Além do complexo Cidade Azul a
UFSC controla também oito pontos solares instalados em sete estados da
federação, que apresentam clima e temperatura distintos. A intenção da
instituição de ensino superior é monitorar e avaliar três tipos distintos de
tecnologias instaladas no parque a base de silício, avaliando qual ou quais
possui maior eficiência na produção de energia solar.
Os
equipamentos instalados são fabricados na China e Alemanha. No país europeu, ou
seja, na Alemanha, as empresas que lá se fixaram são chinesas, francesas e norte
americana. Portanto, o desafio do Brasil quebrar o Lobby das gigantes do setor,
cuja dependência faz com que os custos de produção sejam ainda pouco
competitivos com as demais fontes convencionais. Segundo o relato de um dos
responsáveis pelo monitoramento dos equipamentos do parque, a região apresenta
boa incidência de luz solar suficiente para garantir uma demanda superior a
atual. Em termos de comparação, em 2013 a Alemanha bateu o recorde mundial em
geração de energia fotovoltaica, atingindo 5.1 TWh (Terawatt-hora). Em qualquer região do estado de Santa Catarina
a incidência de luz solar é superior ao país Alemão.
Próximo aos painéis solares está a principal
torre do gerador eólico que compõe o complexo energético de fontes limpas da
empresa ENGIE na região. O que chamou a atenção é que no estado catarinense a
empresa WEG, de Jaraguá do Sul, vem conquistando a cada dia mais notoriedade
nacional e internacional como produtora de equipamentos para aerogeradores. O
fato é que a política da empresa catarinense é produzir tecnologias compatíveis
com os diferentes ambientes brasileiros, cuja incidência e velocidades dos
ventos são distintas dos países europeus. A instalação do aerogerador no parque
cidade azul tem a finalidade de aprofundar os estudos de um seguimento
energético que hoje fica somente atrás do hidrelétrico em quantidade de energia
gerada.
A visita
dos professores/as da EEBA ao complexo termelétrico Jorge Lacerda, além de ter
se configurado como momento de lazer e de descontração, serviu também para o
enriquecimento do conhecimento relativo ao tema energia, fontes disponíveis,
impactos e políticas públicas para o setor. No tour feito pelo interior da
empresa, a imagem ou percepção captada pelos olhos dos visitantes e também
divulgada pelas mídias é de que os impactos provenientes da queima do carvão
mineral são quase imperceptíveis.
Mesmo
com todas as medidas preventivas e mitigatórias instaladas no interior da
termelétrica e áreas do entorno, a emissão de partículas de CO2 e outros gases
tóxicos à atmosfera ainda hoje resultam em enormes impactos ao ambiente e à
saúde da população, sem contar o passivo ambiental que tardará séculos para ser
resolvido. Se a companhia ENGIE está seguindo os protocolos acordados em
relação a minimização dos impactos ao ambiente, a mesma política não está sendo
seguida pelo setor carbonífero (extração) muitas vezes avalizados pelos
próprios órgãos ambientais com funções fiscalizadoras. São inúmeras as ações
que tramitam nas diferentes esferas do judiciário contra empresas que
descumpriram resoluções ou normativas legais quanto ao procedimento das lavras de
carvão.
No
município de Treviso, forquilhinha e Içara, o maior problema é com relação à
água, cujas vertentes estão secando e comprometendo o abastecimento de milhares
de famílias. Outro agravante é que muitas das companhias ou cooperativas que
durante décadas exploraram o carvão na região, decretaram falência. O que é
estarrecedor é o fato de algumas delas, embora desativadas, alguns equipamentos
como as bombas continuavam funcionando para impedir a inundação e o
transbordamento das minas. Em 2016, uma dessas cooperativas que faliu foi
notícia na imprensa da região sul do estado por ter sido responsável pelo
vazamento de fluidos químicos em um dos afluentes do rio Araranguá.[1]
Não
é de hoje que as três principais bacias hidrográficas do sul de Santa Catarina
(rio araranguá, urussanga e tubarão) são umas das mais degradadas do Brasil,
cujas águas apresentam PH (Potencial Hidrogeniônico) entre 2% a 3%, cujo
percentual aceitável seria 6, propício para o consumo. Outro desastre ambiental, comparado ao
episódio de Mariana, ocorreu em 2014 em Lauro Muller quando houve o rompimento
de uma barragem de sedimentação de carvão da companhia Carbonífera Catarinense.[2]
Todo
o material contaminante se espalhou por quilômetros produzindo danos ambientais
quase que irreversíveis. Em novembro de 2015, um ano depois do rompimento da
barragem de contensão de sedimentos da Carbonífera Rio Bonito, no município de
Lauro Muller, o Diário Catarinense eletrônico apresentou reportagem contendo a
seguinte manchete sobre o desastre: um ano após rompimento de barragem, rio
tubarão aguarda ainda por recuperação ambienta.[3] Durante todo o momento que
estivemos na empresa, tanto nas palestras como nas visitas ao parque ambiental
e ao horto florestal em nenhum momento o monitor que nos acompanhou fez
qualquer menção aos passivos ambientais e aos recentes desastres ambientais
resultantes da mineração de carvão.
Comparando
os três domínios do seguimento energético, o térmico, o eólico e o
fotovoltaico, o grupo de professores/as retornou às suas residências, mais
convictos de que a EEBA está seguindo o caminho certo quando propôs o desafio
de envolver a comunidade estudantil, trabalhadores da educação e a comunidade
em um projeto ousado e capaz de tornar o educandário auto-suficiente na
produção de energia elétrica oriunda do sol.
E não
é somente isso o que propõe o projeto. O desafio também é mudar conceitos,
valores e atitudes que vem produzindo relativo dano ao ambiente, construindo
hábitos sustentáveis quanto ao uso dos recursos naturais, sem desperdício e
impactos capazes de comprometer a sobrevivência das futuras gerações. Para 2017
os desafios serão ainda maiores. Todos/as têm consciência de que muitos
obstáculos deverão ainda ser superados para atingir a utopia de uma escola
estadual produzindo energia elétrica limpa, venha ocorrer. Se por ventura os
obstáculos para atingir tal utopia forem intransponíveis, terá valido a intenção
e os legados deixados.
Prof.
Jairo Cezar
[1] http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2016/07/mina-abandonada-no-sul-de-sc-representa-ameaca-ambiental-diz-mpf.html
[2] http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/noticia/2014/11/vazamento-de-finos-de-carvao-contamina-nascente-do-rio-tubarao-em-lauro-muller-4651147.html
[3] Dhttp://g1.
globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2016/07/mina-abandonada-no-sul-de-sc-representa-ameaca-ambiental-diz-mpf.html
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