domingo, 22 de dezembro de 2024

 

ACORDO MERCOSUL X UNIÃO EUROPEIA FORTALECERÁ AINDA MAIS OS LAÇOS NEOCONIAIS DA EUROPA COM A AMÉRICA DO SUL

 

https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/noticias/2024/12/perguntas-e-respostas-acordo-de-parceria-mercosul-uniao-europeia

No começo dá década de 1990 às economias do planeta passavam por profundas transformações em suas estruturas produtivas e comerciais, com isso, grupos de países vizinhos se organizaram por meio de blocos, construindo regras próprias, para proteger os interesses de ambos.  Os blocos dos Tigres Asiáticos, da ALCA, do MERCOSUL e da União Europeia, dão uma nova configuração no mapa geopolítico em escala global.  É claro que a partir da formatação dos blocos, os países mais estruturados tiveram vantagens comparativas aos seus vizinhos. Um exemplo foi a ALCA, na América do Norte, cujos Estados Unidos foram mais beneficiados em relação aos seus vizinhos, Canadá e México.

A partir da década de 2010 em diante os blocos tiveram seus poderes de influência reduzidos, vindo a se destacar nesse período duas forças econômicas distintas. A primeira, os Estados Unidos, com o apoio da União Europeia e nações satélites como mediana expressividade no ocidente e oriente.  A segunda força é a China, com forte influência sobre as nações que a orbitam, bloco dos ex-tigres, a Rússia e nações árabes do oriente médio. É China, portanto, a principal pedra no sapato aos interesses hegemônicos imperialistas dos Estados Unidos. A nova rota da seda está ocupando áreas até então sempre dominada pelo imperialismo estadunidense e seus aliados ocidentais. Os chineses estão alocando bilhões de dólares em investimentos em áreas estratégicas do continente africano, bem como na America Latina.       

Políticas protecionistas, guerras comerciais, passaram a dominar o cenário geopolítico nas duas primeiras décadas do século XXI. Tanto os Estados Unidos quanto a China, ambos procuram restringir ao máximo o poder de influencia comercial de cada um nos quatro cantos do planeta. Com o conflito na Ucrânia, a Rússia foi acometida por fortes sanções comerciais por parte dos Estados Unidos e seus aliados europeus. Como saída ao estrangulamento comercial ocidental imposto, à Rússia desloca a sua maquinaria comercial para o centro e sudoeste da Ásia, China e Índia, por exemplos, grandes consumidores de petróleo, gás e outras mercadorias.

O Mercosul foi o bloco econômico criado em 1999, integrando o Brasil, Argentina, Uruguai e o Paraguai, que desde a sua oficialização o objetivo era fortalecimento das relações comerciais entre ambos. É claro que nessa integração, o Brasil obteve mais vantagens que os demais devido a sua extensão territorial e pujança econômica. Embora o tratado comercial da região não impedisse que ambos promovessem negociações com outros blocos, o desejo de lideranças políticas e econômicas do Mercosul sempre foi em costurar acordo de livre comércio com a União Europeia. Depois de 25 anos, felizmente para alguns setores e trágico para outros, aconteceu no Uruguai em 05 de dezembro de 2025, encontro dos representantes da União Europeia e Mercosul para selar o acordo, considerado um dos mais ousados e também polêmicos.

O acordo, contem em seu esboço, inúmeras clausulas que devem ser negociadas pelos países de ambos dos dois blocos. É bem provável que esse acordo mais uma vez não irá frutificar, pelo fato de algumas nações importantes da UE se posicionarem contrárias ao acordo, como a França, Itália, Polônia, Irlanda. Uma das clausulas do acordo diz que se havendo a rejeição de 35% da população do bloco europeu o acordo deixará de existir. A população atual da união europeia alcança os 448 milhões e com a posição contrária dessas quatro nações, o acordo seria abortado, pois ambas somam 36,5% da população do bloco.

A França, por exemplo, é o país que vem articulando com os demais o abortamento do acordo, pois sua ratificação afetaria profundamente o segmento agropecuário intensamente  protegidos por fortes subsídios públicos. A Alemanha, diferente da França, Itália, se mostra entusiasmada com o acordo, por ver grandes vantagens para sua indústria incomparavelmente mais desenvolvida que a dos países do MERCOSUL.

Para o Brasil, o agronegócio se coloca como um dos setores mais agraciados na hipótese de sucesso do acordo, porém, por outro lado, isso intensificará ainda mais o drama da crise climática global. A Abertura de novos mercados às commodities minerais e agrícolas elevará os percentuais de desmatamentos para dar lugar à soja, o milho, à cana de açúcar, o algodão, entre outras. O setor da indústria, comércio e relações de trabalho teriam sérios impactos.

Com a entrada de produtos de melhor qualidade e preços mais baratos, o já sucateado parque industrial brasileiro sofreria um revés inimaginável, com o aumento sem precedentes de trabalhadores sem emprego. Portanto o que é sabido do acordo Mercosul União Europeia é que irá fortalecer ainda maior as relações neocolonialistas entre a America do sul e o bloco europeu, nos moldes da época colonial quando as duas metrópoles Espanha e Portugal tinham poder absoluto sobre a região.

Prof. Jairo Cesa         

 

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/franca-italia-polonia-e-irlanda-ameacam-acordo-mercosul-ue-entenda/

https://www.cut.org.br/noticias/acordo-mercosul-ue-prejudica-trabalhadores-diz-cent rais-sindicais-do-cone-sul-4ff0

https://www.youtube.com/watch?v=JQnwUlLgyfo

 

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