terça-feira, 3 de dezembro de 2024

 

A COP 29, AZERBAIJÃO, MAIS UMA CUPULA FRACASSADA SOBRE O CLIMA GLOBAL

https://agenciabrasil.ebc.com.br/meio-ambiente/noticia/2024-11/brasil-e-segundo-pais-entregar-meta-de-emissoes-na-cop29

 

No texto escrito antes do inicio da Cop 29, em Baku, capital do Azerbaijão, já havia dito que seriam duas semanas de reuniões de custo financeiro elevado, que de fato sempre foram, porém sem resultados significativos favoráveis ao clima global. Mais uma vez as grandes potências econômicas, as que mais contribuem com as emissões de gases poluentes à atmosfera, se recusaram a aceitar a proposta de um trilhão e trezentos bilhões de dólares anuais de ajuda às nações subdesenvolvidas.

A cúpula de Baku foi batizada como a cúpula das finanças, ou seja, evento que trataria instrumentos para elevar as cifras de ajuda financeira, de 100 bilhões/ano, aprovada na Cop 15, em Paris, para 1,3 trilhão, valor proposto pelos agentes do clima. A decepção já se deu no inicio do encontro quando representantes dos países ricos vieram com uma proposta ridícula de 150 bilhões de dólares, acrescentados aos 100 bilhões, que somados chegariam a 250 bilhões.  Depois de intensas negociações a ponto de muitas delegações dos países pobres abandonarem as dependências do evento em protesto à resistência dos países ricos em não elevar o valor, veio a decisão um pouco mais confortável, a ajuda passaria para 300 bilhões de dólares ano.

O que não ficou claro no documento redigido foi a forma como esse dinheiro seria obtido e nem mesmo o modo como os países não desenvolvidos receberiam. Na cláusula há indicativos que poderia ser em forma de empréstimos ou outros meios. As exigências dos representantes dos países pobres são de que os valores teriam de ser em forma de doações, porque não seria cabível endividar ainda mais essas nações mantendo-as mais dependentes ainda. Penso que esse assunto não vai ser solucionado até a Cúpula 30, em Belém, Brasil, no próximo ano, 2025.

O crédito de carbono também foi uma das demandas na cúpula de Baku. Dispositivo esse criado em Kyoto, 1997, que propõe a manutenção das florestas em pé em troca de créditos, dinheiro, de empresas cuja taxa de emissão de gases do efeito estufa tenham expirado. Na Cop 15, em Paris foi dado novas diretrizes ao tema crédito de carbono, enquanto que em Baku, foi discutido como será operacionalizá-lo.  De fato é um tema polêmico que beneficiará os países poluidores, assegurando-os condições de lançar mais e mais gases do efeito estufa à atmosfera. A proposta é que a demanda do crédito de carbono seja administrada pela ONU, porém não ficaram claro que tipos de projetos e atividades que poderão gerar créditos de carbono.

O Congresso Nacional brasileiro, em 19 de novembro último, aprovou projeto que regulamenta o mercado de carbono no Brasil, o texto agora vai para presidência da república para sua sanção. Sua aplicabilidade está prevista para ser executada em seis anos. O projeto cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases do Efeito Estufa – SBCE. Esse mercado permitirá a negociação de Cotas Brasileiras de Emissão e de Certificação de Redução. O que estranha é que por ser um tema tão importante e de interesse global, a sociedade civil ficou de fora dos debates, não podendo encaminhar proposições ou criticas ao projeto. Por ser um tema um tanto complexo, vou deixar para discorrê-lo em outro momento.

O que não imaginavam os membros organizadores da Cop29 era que houvesse um forte retrocesso no quesito mitigação e adaptação climática. Na cop anterior, ocorrida nos Emirados Árabes Unidos, os países árabes produtores de petróleo haviam afirmando que iriam cumprir com a meta global de adaptação, ou seja, aplicariam metas de transição energética com menor emissão de gases poluentes. Em Baku, quando foi apresentado o documento relativo à mitigação e adaptação climática, esses mesmos países disseram que rejeitariam qualquer texto contrário ao setor de combustíveis fósseis.  

Finalizando a Cop 29, em Baku, em 23/11/2024, cujo resultado não foi nada vantajoso ao clima global, dois dias depois, em 25/11, na cidade de Busan, Corea do Sul, deu inicio outro encontro importante para tratar sobre os impactos gerados por plásticos ao planeta. Esse encontro, o quinto, cuja sigla em inglês é INC (Comitê Intergovernamental de Negociação) teve como objetivo discutir com as demais nações envolvidas protocolos conjuntos sobre a redução da fabricação de plásticos que contaminam os ecossistemas.

A criação do INC se deu a partir da sessão da assembleia ambiental da ONU (UNEA-5-2) em 2022. Desde o momento da criação já ocorreram quatro reuniões, sendo a primeira em Ponta Del Este, Uruguai, em novembro de 2022; a segunda em Paris, França, junto de 2023; terceira, em Nairóbi, Quênia, novembro de 2023; e a quarta em Attawa, Canadá, abril de 2024. Acreditava-se que no quinto encontro, na Corea do Sul, se poderia se chegar a um consenso acerca do tema, que de fato não aconteceu, e que gerou decepção às nações mais pobres que esperavam uma postura mais flexível, principalmente das nações produtoras de petróleo, uma das principais matérias primas utilizadas na fabricação do segmento.

A única certeza que se teve no encontro foi que depois de dois anos do início das negociações, não foi estabelecido prazo para a eliminação, nem mesmo de plásticos descartáveis. A biodiversidade, que era para ser central nos debates na cúpula da Corea sobre plásticos, foi esquecida ou negligenciada. O fato é que a vida terrestre e marinha é o segmento mais impactado com resíduos plásticos. Houve consenso de que ações voluntárias como Logística Reversa de Embalagens Plásticas, já adotadas por alguns países como o Brasil, não são suficientes para reverter o grave problema global, que a solução plausível seria ações conjuntas em forma de protocolos. Acredita-se que até o dia 20 de dezembro de 2024, o presidente Lula irá assinar decreto determinando que produtos plásticos tenham 25% de material reciclado.

Prof. Jairo Cesa

 

 

        

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https://oeco.org.br/reportagens/paises-nao-conseguem-chegar-a-um-acordo-para-combater-poluicao-plastica/

 

       

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