JOGADORES E EX-JOGADORES DA SELEÇÃO
BRASILEIRA SÃO ACOMETIDOS POR TRANTORNO DE PERSONALIDADE NARCISISTA?
O
futebol sempre foi o esporte que além de tê-lo praticado na infância e adolescência,
ainda hoje tenho o hábito por assistir algumas partidas pela televisão ou acompanhar
nos estádios quando tenho oportunidade. Lembro de ter assistido as primeiras
partidas de mundiais pela televisão a partir de 1974 quando meus pais adquiriram
a primeira televisão em preto e branco, tão pesada, que necessitava de duas ou
mais pessoas para deslocá-la de um lado para o outro. As dificuldades para
assistir as programações na época eram imensas, pois os sinais captados pela
antena eram fracos. Geralmente ou quase sempre, ficava-se mais tempo
girando a antena de um lado para o outro na tentativa de captar o melhor sinal.
Além das dificuldades técnicas que já sabíamos
que enfrentaríamos com o aparelho, o que não imaginávamos era de o equipamento
ficar bem dizer inutilizado durante o mundial de 1974, em decorrência
da histórica enchente de maço daquele ano que se abateu sobre a região. A água foi tanta que por pouco não encobriu completamente a nossa
casa e da vizinhança, além de devastar as plantações, matando animais,
destruindo móveis, inclusive a nossa TV. Para acompanhar os jogos da copa, no
entanto, o rádio foi o único meio possível. Sendo derrotada nas semifinais pela Holanda, a seleção brasileira teve que disputar do terceiro e quarto lugar com a Polônia, onde foi derrotada
por uma a zero. Algo inusitado que marcou esse jogo foi de eu estar nesse dia participando de um velório de um vizinho falecido nesse dia na comunidade.
Quase
todos ali estavam grudados com os ouvidos no radio, quando de repente o jogador polonês, Lato,
marcou o gol, resultado esse que deu a Polônia o título de terceiro lugar do
campeonato, cujo campeão foi à Alemanha Ocidental. Todos os demais mundiais seguintes
foram possíveis de serem acompanhados pela Televisão, agora em cores e não mais
em preto e branco. Depois do tricampeonato conquistado em 1970, no México, dois outros mundiais foram alcançados pelo Brasil, o tetracampeonato nos EUA em 1994 e o Pentacampeonato no Japão em 2002. Portanto, são vinte anos em que o Brasil onde a melhor colocação que obteve foi um quarto lugar no mundial de 2018, na Rússia.
Embora
o Brasil tenha se sagrado vitorioso nesses dois mundiais, de 1994 e 2002, porém em se tratando
de futebol arte e emoção, não há dúvida que foram os mundiais de 1982, 1986 e
1990, que tivemos jogadores fora de série, aqueles que "deram o sangue" para
honrar as cores verde, amarela, azul e branca da bandeira nacional. Nomes como
Sócrates, Zico, Dunga, Branco, Careca, Falcão, Alemão, entre outros, ficaram
marcados no imaginário de milhões de brasileiros como verdadeiros gênios do
futebol. Claro que tiveram outros mais tarde como Ronaldo Nazário, Ronaldinho
Gaúcho e mais recentemente Neymar.
As
décadas de 1990 em diante o futebol arte foi transformado em uma espécie de
fábrica de produção em série, onde cada equipe, em qualquer parte do mundo
tendeu a seguir um único padrão de prática futebolística. Os craques, de
repente desapareceram ou foram resumidos a alguns abnegados, pois a fábrica
futebol massificou os corpos sendo agora tratados como peças, adaptáveis,
removíveis ou descartáveis de um esquema, cuja razão de existir é derrotando o
oponente.
O
século XXI chegou e em 2002 o Brasil conquistou o seu quinto e último título
mundial, onde apresentou um futebol mediano, sem mostrar espetáculo e causar emoção
como em outros mundiais. Agora, os mundiais que comprovaram que o
Brasil definitivamente deixou de ser o país respeitado pelo futebol-arte e
craques revelados foram os de 2014, 2018 e o mais recente, o do Catar, ainda em
andamento. A derrota de 7 a 1 para a Alemanha em pleno estádio do Mineirão, em
2014, escancarou o que muitos comentaristas críticos vinham observando ao longo
do tempo na seleção, a falta de tenacidade, fibra, de por o “coração nas
chuteiras”, como se fosse à coisa mais importante de suas vidas.
Nada
disso acontece, talvez pelo fato de quase todos os convocados não jogarem em
equipes brasileiras, de estarem a muitos anos atuando em clubes europeus. Esse
distanciamento com os torcedores e com a própria realidade de milhões de
brasileiros que labutam diariamente para sobreviver, também ajuda no
estranhamento social, ou seja, o não compartilhamento com as tristezas e
alegrias do povo brasileiro.
A
eliminação precoce do Brasil na quartas e final pela seleção croata trouxeram à
luz a mediocridade de um futebol que certamente envergonhou muitos dos craques
do passado presentes no estádio ou assistindo pela televisão de suas residências.
Quem acompanhou os jogos de outras seleções a exemplo da Croácia, Argentina,
França, até mesmo o Marrocos, quarta colocada no mundial, percebeu a seriedade
dos jogadores durante as partidas, nada de dancinha e peripécias ridículas,
como a “dança do pombo” que teve até a bizarra participação do técnico da
seleção. O que não faltaram foram memes para achincalhar a cena e envergonhar os
já sofridos torcedores brasileiros.
Se
os jogadores em vez de aproveitarem o tempo para treinarem e não ficarem
ensaiado dancinhas e outras acrobacias ridículas, certamente a seleção poderia
ter obtido mais sucesso no campeonato. A podridão da seleção não ficou marcada somente
com os cabelos platinados dos jogadores e as ridículas danças, a exemplo da do
pombo. Claro que coisas piores viriam, principalmente de jogadores nascidos na
miséria que, do dia para a noite, viraram milionários, cuja ostentação teria de
ser vista e virar objeto de comentários por milhões de brasileiros.
Era
necessário que todos os vissem reunidos em um restaurante no Catar comendo
carne “temperada” com ouro. Para um país onde mais da metade da população não
consegue fazer as três refeições diárias, muito menos comer carne uma vez por
semana, ver a cena de jogadores pagando quase dez mil reais por um prato de
carne coberta com fragmentos de ouro é o grau mais elevado de um transtorno de
personalidade narcisista.
Prof.
Jairo Cesa
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