EM
FIM DE MANDATO GOVERNO BOLSONARO VIRA AS COSTAS PARA O POVO CATARINENSE
Para
um dos estados mais bolsonarista do país onde cerca de 70% da população votaram
no candidato situacionista à presidente da república na primeira e ultima
eleição, era razoável que a população tivesse recebido o mínimo de atenção do presidente
frente as suas demandas. Nada disso, quem acompanha o dia a dia da política
brasileira pode confirmar que foi Santa Catarina um dos estados mais
desassistidos pelo governo federal em demandas públicas como obras estruturantes
nos seus quatro anos de mandato. Foram portando as estradas federais as mais
afetadas por falta de recursos para recuperações e aberturas de novos trechos.
A
BR 285, que liga o sul do estado de Santa Catarina ao planalto gaucha pela
Serra da Rocinha, foi uma das mais atingidas por cortes de recursos. Sua
conclusão em território catarinense estava prevista para acontecer em 2019,
sendo considerada como obra estratégica para alavancar o turismo regional, bem
como caminho mais curto para o deslocamento de cargas até o porto de Imbituba.
No entanto, muito do que já foi realizado nesse trecho, é bom que se diga, foram
graças aos recursos disponibilizados pelo próprio governo catarinense em
caráter de doação.
Quem
imaginava que nos últimos dias de mandato de Jair Bolsonaro o povo catarinense
fosse brindado com algum presente de final de ano, como ato simbólico para minimizar
o pesado fardo de consciência que carrega por tudo que não fez ao estado, o que
veio mesmo do presidente foi à seguinte notícia: “presidente Jair Bolsonaro cortou cerca de R$ 40 milhões em recursos
que seriam enviados para as obras em andamento nas rodovias federais de SC”.
Isso mesmo, cortes em mais cortes de recursos, foram essas as iniciativas de um
presidente tão devotado por um estado tão desassistido.
Somente
para a Br. 285 o corte foi de 8 milhões de reais. O fato grave é que para 2023
em diante não haverá qualquer recurso adicional para esse trecho. É bem
possível que a serra da rocinha vire uma daquelas obras intermináveis como a
estrada do faxinal, na Praia Grande, que está ha décadas para ser finalizada,
porém sem prazo para término. A
insensibilidade do presidente com os catarinenses ficou ainda mais evidenciada
nas últimas catástrofes climáticas que se abateram sobre o estado. Milhares de
catarinenses da região do Vale do Itajaí e da Grande Florianópolis tiveram suas
residências e propriedades tomadas pelas águas causando prejuízos milionários.
O
mínimo que se esperava de um presidente que se dizia comprometido com o estado
seria sobrevoar as regiões atingidas e se solidarizar com a população atingida.
Nem mesmo uma nota de apoio aos catarinenses teve a hombridade de fazer. Se o
presidente não fez tal ato de humanidade para aqueles/as que perderam quase
tudo na tragédia, seus apoiadores, empresários, principalmente do agronegócio
poderiam ter prestado alguma ajuda financeira e logística aos atingidos.
Claro
que não o fariam, pois não é isso que os movem. O que os impulsionam são os
atos que sustentam os seus privilégios, como os assédios eleitorais praticados
durante a campanha eleitoral de 2022, bem como os atos golpistas praticados
posteriormente à derrota eleitoral de Bolsonaro. Como não bastasse todo esse
terrorismo praticado, o ápice do extremismo abominável dos apoiadores
bolsonaristas veio por meio da ocupação das frentes dos quartéis, na alucinada
tentativa de anular as eleições e a retomada de Bolsonaro ao poder. Isso mesmo,
atos considerados golpistas que em qualquer país sério os envolvidos seriam
automaticamente presos e responderiam judicialmente por ato violento contra a
república.
Se
realmente os manifestantes concentrados nas frentes dos quartéis estivessem ali
realmente atormentados com a vida difícil de milhares de catarinenses, como
deveriam agir quando soubessem que o governo federal havia cortado milhões de
reais do orçamento para rodovias federais e universidades federais? Claro que de
imediato desmontariam o acampamento e instalariam nas imediações do Ministério
dos Transportes e do MEC em Brasília. Vestidos com camisetas da seleção
brasileira e enrolados na bandeira nacional não dariam um minuto de sossego aos
chefes dessas pastas e ao presidente da república enquanto não revertesse a
decisão sobre os cortes.
Não
podemos também creditar toda a responsabilidade do desleixo com os catarinenses
do sul do estado somente ao governo federal. Se houve alguma transferência de
recursos estaduais para investimento na região do extremo sul do estado nesses
últimos quatro anos, o motivo foi de o governo ter economizado milhões de reais
em decorrência da COVID 19. O sequestro de 14% dos servidores aposentados do
estado, professores em especial, também ajudou a azeitar as políticas
eleitoreiras que garantiram a reeleição de deputados no último pleito.
O
começo da construção da ponte entre o Morro dos Conventos e Hercílio Luz, obra
importante para movimentar o turismo regional e já paralisado por falta de
verbas, será certamente mais um dessas obras que renderão muitos votos para
políticos oportunistas. A Barragem do Rio do Salto, a revitalização das lagoas
do Caverá e Sombrio, juntas com a interminável conclusão da rodovia da serra do
faxinal, ambas continuarão sendo mencionadas e prometidas a cada início de
pleito eleitoral. Quem viver, verá.
Prof.
Jairo Cesa
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