PROJETO SUSTENTABILIDADE DA EEBA - PLANTA PILOTO BIOCLIMÁTICA DA UFSC/ARARANGUÁ REVELA O PIONEIRISMO DO
CURSO DE ENGENHARIA DE ENERGIA EM PESQUISAS SOBRE EDIFICAÇÕES SUSTENTÁVEIS
O projeto SUSTENTABILIDADE da EEBA (Escola de
Educação Básica de Araranguá) com quase três anos de trajetória e sob a
coordenação do/a professor/a Jairo Cezar e Maria de Fátima Macarinni, vem
se constituindo a cada dia numa das
referências da escola e do estado catarinense, onde está
oportunizando pensar a educação além do currículo formal e das rotineiras e
tradicionais salas de aulas. Outro aspecto relevante é que próximo
de nós pulsam vidas e possibilidades de nos tornarmos melhores do que somos. A
formação de uma parceria com estudantes dos primeiros e segundos anos do ensino médio envolvidos nas atividades a
cada semestre foi outro feito louvável e merecedor de todos os elogios
possíveis.
Essa parceria propiciou a execução de diversas atividades
intra e extra-classes subordinadas a temática geradora água e energia elétrica.
A possibilidade de tornar a EEBA auto-suficiente em produção de energia
elétrica fotovoltaica levou a confirmação de parcerias com o curso de
engenharia de energia da UFSC/Araranguá e a CELESC/Criciúma. Havendo
reais possibilidades de inclusão de placas de captação solar no projeto de reforma
da unidade escolar, o grupo persistiu na proposta original de intensificar a
compreensão da temática visitando a edificação (Planta Piloto
Bioclimática), anexa ao campus de pós-graduação da UFSC, Araranguá.
Na UFSC, os/as estudantes e a coordenação foram
recepcionados pelo Professor Dr. Giuliano Rampinelli, da área de engenharia de
energia, onde proferiu explicações da obra
projetada para obter o máximo de aproveitamento das
potencialidades de luz, circulação de ar que incidem sobre a mesma. Após
breve explanação do professor Giuliano, o grupo se dirigiu às dependências da
planta piloto, acompanhados/as da mestranda Taiane, que expôs detalhes do
espaço edificado, todo configurado para reduzir ao máximo custos com energia
elétrica, sem perda de conforto.
Explicou que a parede da edificação foi
confeccionada com material especial, isolamento térmico, tornando a temperatura
ambiente sempre agradável nas quatro estações. As aberturas da edificação,
portas e janelas, foram pensadas para o aproveitamento das correntes de ar, que
pode dispensar o uso de ar condicionado. Na parte externa da planta, a
pesquisadora mostrou os inúmeros módulos ou placas fotovoltaicas fixados à
parede, todos/as voltados/as à direção norte, devido a maior incidência de luz
solar durante os 12 meses do ano.
Informou que a parede onde estão afixadas as placas
solares foi construída como isolante térmico (cerâmica), que mantém sempre arejado o ambiente
interno. O telhado da planta também recebeu atenção especial. Em vez
de telhas de barro ou zinco, foram acopladas chapas
metálicas, com cores claras, que retém o mínimo de irradiação solar, e
servindo também como um isolante térmico. Esse modelo de planta pode ser
aproveitado em projetos maiores, como shopping Centers, empresas ou mesmo conjuntos
habitacionais, a exemplo do "minha casa minha vida", onde muitas
edificações foram concebidas sem o mínimo de critério de
sustentabilidade, ressaltou a pesquisadora. Além do telhado metálico, outra
parte da cobertura recebeu telhado verde ou
grama que propicia a máxima retenção de calor durante o verão.
No centro do telhado verde, um dispositivo foi
acoplado, “solatube”, onde faz refletir a
luz externa para o interior de uma sala, dispensando a luz elétrica. A
instalação no teto da edificação de uma pequena estação meteorológica, contendo
instrumentos básicos para o monitoramento do tempo (anemômetro, termômetro,
barômetro, etc) garante maior eficiência na execução dos projetos com riscos
mínimos de falhas de execução.
O curso de engenharia de energia nas suas pesquisas
no campus Araranguá, reúne profissionais de múltiplas áreas e que atuam
interdisciplinarmente. No momento que acessamos a uma das dependências da
planta piloto estavam reunidos profissionais da tecnologia da informação,
agronomia, engenharia de energia e estudantes pesquisadores.
[1]
Além de conhecer a importância da planta piloto
bioclimática para projetos de infraestrutura familiar, comercial e
industrial, o grupo conheceu o laboratório de estudos e produção de protótipos
de placas fotovoltaicas, cujo objetivo é pesquisar modelos que mais se adéquam
aos diferentes ambientes climáticos. No laboratório, o professor e pesquisador
André, profissional da química e mestrando em engenheira de energia, professou
importante explicação fazendo os/as estudantes relembrarem temas ou
situações abordadas nas aulas de geografia, história, matemática, física e
química, entre outras.
Explicou que a crise do petróleo na década de 1970
foi um dos fatores que impulsionou governos e o mercado na pesquisa em laga
escala de fontes alternativas de energia, como a eólica e a solar. A
necessidade de otimizar tecnologias mais eficientes e de baixo custo para
produção de energia solar lançou desafios aos institutos de pesquisa
e ao mercado, esse último cada vez mais atraído pela possibilidade de lucros
bilionários. Em Araranguá, o curso de engenharia de energia tem se
dedicado a preparar profissionais capacitados para serem absorvidos por
um nicho do mercado que vem crescendo e que ainda é carente de
trabalhadores.
A pesquisa do professor André Possamai Rosso, “módulo
fotovoltaico pequena escala para medir a radiação solar”, caminha
na busca da compreensão da potencialidade e variáveis de irradiação
emitida pelo sol no entorno da planta piloto bioclimática.[2].
Sua pesquisa se utiliza das fachadas ventiladas em revestimento cerâmico da
planta, acoplando nas mesmas módulos fotovoltaicos para aproveitar o espaço e produzir
energia elétrica. Explicou como ocorre a metodologia de manipulação de
componentes na montagem das placas contendo silício, boro, fósforos. O
conhecimento mais sistematizado em química e física são imprescindíveis,
declarou o professor André. Apontou alguns saberes necessários quando o/a estudante
decidir estudar engenharia de energia, são eles: módulos orbitais e
distribuição eletrônica, partículas de elétrons, etc.
Destacou que qualquer indivíduo que desejar seguir
a carreira de engenharia de energia deverá ter compreensão mínima sobre eletro magnetismo, que é campo de estudo da física. Informou
também que na instalação de equipamentos ou módulos em residências deve se
considerar inúmeros fatores, desde a localização geográfica à quantidade de
irradiação solar emitida.
Cada ambiente tem características muito próprias
que influencia direta e indiretamente na maior ou menor incidência de luz e
irradiação solar. Em Santa Catarina a região de Joinville é a que possui menor
potencial de irradiação pelo fato de estar situada próxima a serra do mar e
maior. O fator geomorfológico e a
proximidade com o mar faz com que o número de dias com chuvas e céu nublado
sejam maiores na região de Joinville que de outras regiões do estado. Isso são
fatores que não proporcionam ganhos de potencialidade fotovoltaica. Contudo, a Alemanha,
onde 40 a 50% da energia produzida são de fontes fotovoltaicas, as
características climáticas são semelhantes ou inferiores a região de Joinville.
O custo financeiro aproximado para instalação
de módulos fotovoltaicos em residência
para quatro pessoas, é de 15 mil reais, enfatizou o professor André. Entretanto,
em quatro ou cinco anos o proprietário terá reembolsado em esse valor com a
energia economizada.
Prof. Jairo Cezar e Professora Maria de Fátima Marccarini
[2]https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/171490/TCC_FINAL_Andr%C3%A9-biblioteca2.pdf?sequence=1&isAllowed=y
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