A FRAGILIDADE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ATLETISMO E OUTROS ESPORTES NO "JERVA” E DEMAIS COMPETIÇÕES
Todos
(as) que acompanharam as competições dos (as) atletas no 36° JERVA (Jogos
Abertos do Vale do Araranguá) e do 8° PARAJERVA, sexta feira e sábado, no
município de Turvo, devem ter ficado satisfeitos e emocionados, por perceber que
a região do Extremo Sul de Santa Catarina o “espírito” de um dos eventos mais
antigos e importantes do esporte catarinense, embora com todas as dificuldades,
ainda permanece vivo. O fato é que muitos dos (as) atletas revelados (as) no
passado, medalhistas e recordistas em competições nacionais e internacionais,
estão esquecidas (os), alguns (as) vivendo em situações de dificuldades para
subsistir.
Quem acompanha semanalmente os treinamentos
das (os) atletas que obtiveram excelentes resultados nas competições no Turvo,
sabe das dificuldades que é preparar uma equipe qualificada com o mínimo de
apoio e infraestrutura. Acredito que muitos desconhecem que Araranguá embora
seja a capital microrregional da AMESC, pasmem, não possui um espaço público
adequado para o treinamento e a prática do atletismo. Os treinamentos permanecem
sendo realizados nas dependências do Colégio Murialdo, como vem se sucedendo há
quase cinco décadas. Para realçar ainda mais o quadro deprimente vivido pelos
profissionais do atletismo no município de Araranguá, um evento do gênero
esportivo ocorrido há poucos meses, as competições tiveram que ser realizadas
no município vizinho, Arroio do Silva, mobilizando treinadores, atletas e
demais envolvidos na organização, para que o evento tivesse sucesso.
Quem assistiu as ultimas competições do
atletismo na Olimpíada do Rio de Janeiro deve ter percebido como o espetáculo
atrai e empolga tanta gente. No entanto, se notou que as provas ainda são restritas
a seletos atletas bem preparados, que somadas às aptidões fisiológicas, recebem
todo apoio dos poderes públicos constituídos. O Brasil já teve medalhistas.
Hoje, até o momento nenhum brasileiro conquistou o pódio. Os resultados
negativos não seriam reflexos do modo como esse esporte vem sendo tratado nas
bases. No caso do Brasil, mais especificamente na região de Araranguá, os fatos
revelam como ainda estamos distantes do ideal, engessados às mazelas de
governos cujos investimentos disponibilizados para o esporte são pífios,
beirando o ridículo em comparação com outros países.
Na realidade
o que faz o JERVA acontecer todos os anos é, com certeza, a paixão e a teimosia
de abnegados profissionais da área de educação física, que não medem esforços
para que nas competições os atletas dêem o seu máximo na expectativa de que galgando
o pódio seja o primeiro passo para alçar vôos mais altos, quem sabe, o sonho de
competir em uma olimpíada. Esse é, com
certeza, o que estimula a atleta Natalia, estudante do ensino médio da EEBA,
revelada pelo professor Zé Fininho na Escola Neusa Osteto Cardoso, do bairro
Polícia Rodoviária, onde fez o ensino fundamental.
Acreditem,
é ela uma das grandes revelações do atletismo regional, nos 100, 200 e nos revezamentos.
Já participou de três edições do JERVA colecionando 12 medalhas, sendo 11 de
ouro e um de prata. Além, é claro, não esquecendo a Érica, outra atleta, que é sua
colega de escola, onde também brilhou nas modalidades de lançamento de dardo e
disco. O que deveria ocorrer que não aconteceu e não acontecerá, pois o
município não possui ainda uma identidade cultural esportiva, seria a
realização de uma grande festa com o desfile de todos (as) os (as) atletas
participantes em carro aberto, do mesmo modo quando ocorre com políticos ou
celebridades. Lembram quando a tocha olímpica passou pelo município e dos
preparativos para recepcioná-la? Lembram das pessoas convidadas para
carregá-las, das homenagens prestadas e de “autoridades carimbadas” que
aproveitaram o ensejo para se autopromoção?
Não poderia
ter sido feita promoção semelhante com os (as) atletas araranguaenses
vencedores (as) do Jerva? É muito provável que o público sairia às ruas
e as (os) aplaudiriam orgulhosos (as), estimulados (as) pelo atual momento em
que o país sedia uma olimpíada. O que gera apreensão e preocupação é que as
(os) atletas medalhistas tenham o mesmo destino triste que tiveram esportistas
renomados do passado, que por falta de projeto e apoio financeiro abandonaram
os treinamentos e as competições dedicando-se a outras atividades.
Prof.
Jairo Cezar
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