O
dito, o que não foi dito e o que deveria ser dito sobre o fechamento da orla do Morro dos
Conventos
No
dia 12 de novembro de 2013, terça feira, estiveram numa rádio do município de Araranguá membros da Associação de Moradores
do Morro dos Conventos, o Procurador Municipal, o Superintendente da Fama,
ambos para esclarecer à sociedade as resoluções elencadas na audiência ocorrida
sexta feira, 08 de novembro, com a Procuradora da República nas dependências do
Ministério Público Federal, Criciúma, Santa Catarina. O apresentador iniciou a entrevista indagando os
presentes de que a audiência teria sido agendada não para discutir propostas,
mas para impor ações?
O 1º cidadão respondeu afirmativamente expondo que no mês de
fevereiro de 2013, a procuradora encaminhou proposição de ação civil
pública vetando o acesso de veículos em
toda orla. Argumentou que o município contestou a ação, na qual recebeu a
concordância do juiz da primeira vara de Criciúma. Esqueceu ou se eximiu de relatar o procurador que o Ministério Público
Federal já vinha solicitando a administração municipal medidas para conter os
abusos do balneário desde 2011, quando esteve aqui pela primeira vez a
procuradora fazendo uma inspeção na orla acompanhada pelo Superintendente
Interino da Fama, Promotor Público Estadual, um geólogo e um perito também representando o MPF e a
imprensa local.
Tendo
conhecimento do deferimento da ação, o MPF recorreu a 4ª regional da justiça em
Porto Alegre, que indeferiu a decisão do juiz. A partir desse ponto, o Tribunal
encaminhou a ação determinando o fechamento definitivo da orla. Porém a decisão
não é executável, pois o órgão não estabeleceu procedimentos acerca da multa a
ser fixada, caso o réu descumpra a decisão. Diante disso, o 1º cidadão esclareceu que na hipótese da decisão ser deferida, o
município poderá recorrer na tentativa de cassar a liminar. Frisou que a
procuradora convocou as entidades acreditando que seria para discutir quem sabe
propostas consensuais. Mais uma vez o 1º cidadão faltou com a
verdade, pois já era de conhecimento do município desde fevereiro do presente
ano a decisão do ministério, que impôs a administração a execução de cinco
medidas, dentre elas a sinalização, a colocação de obstáculos físicos (mourões
de concreto, cancelas ou outros meios comprovadamente eficazes) nos acessos
atualmente existentes às praias.
Sabendo
das medidas, o município se eximiu de informar a população araranguaense ou quem
sabe promover reuniões com a comunidade do balneário para debater as propostas
e elencar outras ações quem sabe menos arbitrárias que pudessem convencer o
ministério a acatá-la. Nada foi feito, e os abusos no balneário se
intensificaram, transformando o local em terra sem lei, palco de depredações,
arruaças, etc. Tendo informação do que estava ocorrendo, a nova procuradora
esteve no balneário em setembro de 2013, acompanhada de um perito do próprio
ministério e dois policiais ambientais. Conhecendo a gravidade dos problemas e
verificando que nada tinha cumprido depois da decisão do tribunal, a mesma
insistiu em afirmar que iria promover encontro com a prefeitura e a Fama, para
que ambas esclarecessem os motivos de não ter sido ainda executada as medida.
Argumentou
o 1º cidadão que os principais problemas do Morro são as festas à noite
e o lixo deixado na praia, que propôs o fechamento da praia no período noturno
e a fiscalização durante o dia pela Fama
e Polícia Militar, que a associação via com bons olhos tais propostas, exceto a
polícia ambiental. Que após sua fala, a procuradora simplesmente respondeu que a decisão
já estava tomada, que o fechamento era irredutível, dependendo apenas da
liminar que trata do valor da multa. Não falou o 1º cidadão que a decisão de fechamento da
praia à noite não foi uma decisão tomada com a procuradora, e sim resultado de
reunião realizada com o comando da polícia militar após ter recebido imagens
que explicitavam a depredação do balneário em decorrência das festas Raves que
se sucediam a cada final de semana. Que na mesma reunião a associação de
moradores do Morro dos Conventos não esteve presente, que a Oscip Preserv’Ação
não sugeriu o portão, apenas solicito mediante ofício que fossem tomadas
medidas urgentes para salvar o morro do vandalismo. O 1º cidadão deveria ter
ressaltado que além do lixo e do barulho, a orla vem sendo afetada pelo fluxo
desordenado de veículos automotores que além de depredar a frágil fauna coloca
em risco a vida dos pedestres, especialmente crianças que brincam na praia.
Ressaltou
o 1º cidadão que indagou a procuradora sobre os motivos de todos
estarem ali, se já havia uma decisão tomada, e cuja resposta da mesma foi
áspera, afirmando que se o mesmo não estava satisfeito que se retirasse. Julgou
a decisão da procuradora de desproporcional. Na verdade a procuradora procurou
esclarecer que embora houvesse uma decisão tomada, não recebeu durante todo
esse tempo da prefeitura, fama e da própria associação de moradores, qualquer
proposição que garantisse a integridade do balneário, que poderia quem sabe
servir de justificativa para amenizar a decisão, dita pelo mesmo como
arbitrária. Depois de mais de uma hora de reunião, a procuradora lançou uma
proposta para resolver o problema do trânsito descontrolado em direção a barra.
Propôs que o município providenciasse um sistema de transporte coletivo para
que turistas e demais cidadãos pudessem se deslocar até a barra, e que o
respectivo serviço poderia ser coordenado pela própria comunidade com a
cobrança de taxas.
Nesse
momento, o apresentador questionou o 1º cidadão se haverá algum ônus para o município a ação
de fechamento da praia, cuja resposta foi positiva. Concordou em afirmar que o
maior prejudicado dessa decisão serão os pescadores, que vem sendo afetados por
outras decisões tomadas pelo MPF como a proibição da pesca com “redes de calão”,
a retirada das balsas e trapiches para pesca da tainha. Que a decisão os impede
de irem à barra com suas redinhas, que terão agora que caminhar 6 a 7
quilômetros com suas redes nas costas ou nas bicicletas.
Analisando
a fala do 1º cidadão, foi visível perceber que sua intenção era criar um estado
de antipatia e revolta da população local às proposições da procuradora. Agiu
de má fé quando afirmou que os
pescadores serão os mais prejudicados com o fechamento. Quem estava lá pode
confirmar que a procuradora foi muito clara admitindo que o município poderia
criar instrumentos que permitissem os pescadores profissionais de adentrarem à
praia a qualquer momento, mesmo de automóvel para realizar seu trabalho. Que
essa medida está sendo executada no Balneário Rincão, cujos pescadores
apresentam suas carteirinhas de identificação na entrada da praia. Em relação a
proibição da pesca de Calão o mesmo poderia ter esclarecido que a mesma é
ilegal pois a rede permanecia indefinitivamente no oceano impedindo que outros
pescadores pudessem usufruir do mesmo espaço, além, é claro, com a permanência
da rede na água, outros animais aquáticos e migratórios como tartarugas,
pingüins, ficavam presos e morrendo por asfixia. Quanto à pesca da tainha
através de caniço, poderia ter dito que o ministério público há muito tempo
vinha solicitando ao município que regularizasse tal atividade evitando
transtornos como a visível depredação da fauna e da flora situadas nas margens
do rio, bem como a deposição de lixo. Poderia ter dito também como o fez o
superintendente da Fama, que o município está atuando na ordenação dessa
modalidade de pesca, que irá garantir aos praticantes condições ideais e
sustentáveis para o exercício da mesma.
Nesse
momento, sugeriu que os pescadores fizessem um movimento e fossem até a
procuradoria federal para pressioná-la a reverter a decisão do fechamento da
praia. E finalizou sua fala ressaltando que a procuradora tem o propósito de
acabar com a pesca em Araranguá. Em
hipótese alguma a procuradora lançou qualquer menção ou atitude que
demonstrasse criar qualquer obstáculo a atividade pesca no município, muito
pelo contrário, sua atitude sempre foi em defesa do pescador, porém, seguindo
as determinações legais.
O apresentador concordou com a fala do
1º cidadão reafirmando que a intenção é acabar mesmo. Questionou o 2º cidadão como recebeu a decisão? Respondeu que
ficou decepcionado, pois esperava que a procuradora os ouvissem. Nesse instante
frisou que deixou cópia de abaixo assinado para procuradora, que segundo ele,
pouca validade terá, pois a mesma tornou-se irredutível acerca da decisão
tomada. Não falou o 2º cidadão que a procuradora desde o começo da
reunião perguntou várias vezes aos presentes se os mesmos tinham levado alguma
proposta que pudesse ser discutido no encontro.
Destacou
que o fechamento da praia impedirá a exploração turística da barra e a pesca na
orla. Agradeceu o convite da prefeitura para estar junto na rádio com a
associação, e que a mesma é a única parceira da associação. É estranho a
mudança repentina da postura em relação
a administração pública, que de uma hora para outra de vilã transformou-se em
aliada dos moradores. Na reunião de Criciúma várias vezes lançou críticas aos
poderes constituídos dentre eles a
administração pública como responsáveis pelo ônus do balneário. dois
exemplos foram quando afirmou: “a
comunidade do balneário está ficando com o ônus da inoperância dos poderes
constituídos, que deveriam estar cumprindo com suas obrigações e que o MPF
encaminhe ação judicial contra a prefeitura caso não providencie meios para ir
até a barra”. Por que de repente associação de moradores, 2º cidadão
e Prefeitura passaram a comungar os mesmos objetivos, que o 2º cidadão sentia-se feliz por ter recebido o convite da prefeitura para estar presente na rádio, sendo a administração pública a única parceira
da comunidade? Por que razão a Oscip Preserv’Ação foi excluída do processo? Não participando da entrevista, talvez seria mais fácil omitir ou "engambelar" a
população com inverdades ditas na explícita intenção de desviar o foco
do problema e transformar MPF e a OSCIP PRESERV’AÇÃO nos dos principais bodes
expiatórios da irresponsabilidade do poder público.
Eximiu
de falar 2º cidadão que a procuradora propôs o transporte coletivo cuja
população poderá ir até a foz sem agredir o ecossistema.
Quanto à pesca, usou a mesma estratégia do procurador, afirmando que a
procuradora é contra os pescadores, que os mesmos serão prejudicados com o
fechamento. Em relação a barra, poderia ter falado o que disse o comandante da
polícia militar, que para lá atualmente se deslocam basicamente arruaceiros,
que depredam o local, poucos ou raros são turistas.
O apresentador também indagou a 1ª cidadã da Associação se saíram
satisfeitas da reunião. A resposta foi não, além do mais, segundo ela, a
procuradora não quis receber o abaixo assinado, que a população da parte de
cima está revoltada, sendo que mais uma vez levantou a polêmica do não convite
para participar da reunião na polícia militar, dia 23 de setembro. Sobre
o abaixo assinado, poderia ter dito que seria desnecessário se a prefeitura
tivesse promovido reuniões com a comunidade no balneário para debater as
decisões tomadas, deixando-as cientes do que estava ocorrendo. Que no lugar do
abaixo assinado, poderia ter encaminhado lista de proposições ou ações de médio
e longo prazo a serem efetivadas no balneário, que poderia servir de
justificativa para convencer o ministério federal do interesse da comunidade e
da administração pública quanto ao desenvolvimento associado a preservação de
todo ecossistema.
O
apresentador enfatizou que em detrimento de algumas pessoas provocaram
arruaças, o restante da população foi o que mais se prejudicou. Em relação a festa no camping
(caipirada), sábado, Ione afirmou que a mesma estava bem organizada, e sobre a
reunião de Criciúma, admitiu que retornou decepcionada, que questionou sobre a
situação do Arroio do Silva na hipótese do fechamento da praia no Morro dos
Conventos? Mencionou o policial ambiental, que fez comentário do
interesse do prefeito daquele município pelo fechamento da orla, que é
interessante economicamente. O apresentador argumentou que até é favorável pelo fechamento
da praia para automóveis, porém, é contra o impedimento do acesso à barra. Mais
uma vez, nenhum dos presentes fez menção à proposta da procuradora pelo
transporte coletivo.
Quando
foi falado sobre o fechamento da orla no Arroio, o 1º
cidadão concordou que para aquele município não haveria problema, porém,
para o Morro, sim, pois o único acesso à barra é pela praia, cuja distância é
de 6 a 7 quilômetros. Sobre a proibição do acesso à foz do rio, o 2º cidadão sugeriu que fosse aberta estrada
alternativa a partir da estrada que liga o Iate costeando o rio. É uma proposta lançada por alguém
que realmente desconhece toda a complexidade do ecossistema local, que há
inúmeras pesquisas que comprovam que toda área circundante ao entorno do
monumento geológico ou paredão Morro dos Conventos é constituído por dezenas ou
centenas de microecossistemas interligados e responsáveis pelo equilíbrio, que
no trecho sugerido para a construção da estrada pode ser interpretado como o mais frágil, associado também a presença de
inúmeros sítios arqueológicos sambaquianos intensamente afetados pela ação
antrópica. O próprio IPHAN (Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) através do chefe de gabinete da
presidência do instituto, sediado em Brasilia, encaminhou recomendação
n.005/2013 determinando que “quanto aos sítios arqueológicos reconhecidos,
estes já estão legalmente protegidos, sendo crime sua destruição, mutilação ou
quaisquer modificações em sua ambiência sem a devida anuência do IPHAN, sendo os bens arqueológicos
pertencentes à União”. Partindo desse princípio a superintendência estadual do
instituto através do despacho n. 2364/2013 reitera que há notícia de um
processo de tombamento em curso em relação ao Parque Arqueológico Sul. São
essas informações que a população araranguaense deve saber, pois assim
possibilitará a soma de forças na luta
pela preservação e transformação do local em atração turística e campo de novos
estudos e pesquisas visando compreender melhor o local para protegê-lo.
O 3º cidadão falou que há
cerca de 50 ou 60 dias, Fama, Procuradoria Municipal e Polícia Ambiental
participaram de reunião com Procuradora da República, que chegaram a um
entendimento sobre a colocação de um portão e placas determinando os limites de
velocidades de veículos na praia como também áreas de estacionamento. Que a
prefeitura licitou as placas e que a Fama está providenciando a confecção, como
também promover ações de educação ambiental, visando ordenar a mobilidade no
local. Poderia ter dito que a reunião somente ocorreu a partir do momento que
a Preserv’Ação solicitou a presença do Ministério Público no Morro no qual
constatou em loco a desordem. Que a reunião realizada em Criciúma, tanto a Fama
como a prefeitura já tinham conhecimento da liminar do tribunal. Sobre a
colocação de portão e placas, essa decisão se deu em Araranguá, na sede do 19º batalhão da polícia militar.
Quanto
a festa de sábado à noite no camping, a mesma estava bem organizada, sem
problema no trânsito, diferente do que ocorreu no ano passado, ressaltou o 3º
cidadão. Poderia ter dito que se o evento estava melhor organizado, foi pelo
fato de que no ano passado, várias denúncias foram encaminhadas à polícia em
decorrência da intensidade do barulho provocando perturbação à população
situada no entorno. Além das denúncias, em novembro de 2012, reunião foi
realizada nas dependências do salão de festas da capela são Judas Tadeu do
balneário com a presença de autoridades e a população, para debater estratégias
visando a regularização das festas noturnas no balneário. De acordo com fala do
Secretário de Planejamento da administração municipal anterior, o mesmo
insistiu em afirmar que o camping possui alvará para o funcionamento apenas da
área de hospedagem e instalação de barracas. Os demais estabelecimentos
situados no seu interior deverão possuir alvarás específicos. Portanto, para
funcionamento esses espaços deverão providenciar isolamentos acústicos, medidas
essas ainda não cumpridas até o momento.
Na
reunião de sexta feira, 8 de novembro, o mesmo relatou que a intenção era
buscar consenso entre as entidade presentes, que sugeriu placas delimitando a
velocidade de 30km na orla, cuja procuradora se opôs veemente, e que nesse instante
o procurador a questionou sobre qual o motivo de todos estarem ali presentes. A
proposta de Placa determinando a velocidade de veículos foi interpretada pela procuradora como irônica, pois desde o
começo da reunião vinha indagando o representante da fama, prefeitura e a
associação de moradores sobre quais soluções pensadas para impedir a circulação
de veículos, à depredação da praia, que também se tratava de decisão da
desembargadora federal descrita no relatório entregue a administração pública.
Que não obtendo respostas a sua indagação, sugeriu que providenciassem
transporte coletivo até a barra, em detrimento do automóvel.
Quando
o 1º cidadão frisou que o fechamento cercearia
o direito dos pescadores profissionais de adentrarem à praia e exercerem sua
profissão, o 3º cidadão poderia ter
interferido e desmentindo-o, pois não foi exatamente o que se discutiu com a
procuradora. Somente mais tarde, quase no final da entrevista, depois que vários
ouvintes terem ligado e parabenizado a postura do 1º cidadão pela postura em
defesa dos pescadores, foi que o 3º
cidadão desmentiu, argumentando que os pescadores profissionais terão direito
de acessar à praia, que a Fama está providenciando regulamentação, semelhante a
iniciativa do Balneário Rincão, onde os pescadores depositam sua carteirinhas
sobre o pára-brisa de seus automóveis ou deixam com o guarda que controla o
portão de entrada da praia.
Após
ouvir a fala do 3º cidadão, em tom
irônico, lançou mais uma das suas piadinhas escabrosas, como vem fazendo toda
vez que temas como Morro dos Conventos ou questão ambiental são colocados em
evidência. Perguntou para o 3ºcidadão se
banhar-se na praia ainda era permitido, ou se agora o risco era “o protetor solar prejudicar a reprodução das tainhas”.
Como
âncora de um programa de comprovada
audiência no horário, e sendo-o jornalista profissional, certamente deve
ter tido na universidade a cadeira de ética jornalística, que outorga ao
profissional da comunicação absoluta isenção e imparcialidade acerca dos fatos
que são abordados, permitindo ao público ouvinte ou leitor ampla liberdade para
opinar e decidir. Porém, não é o que vem se sucedendo no seu programa. Das
entrevistas que ocorreram especialmente quanto o tema está vinculado ao Balneário Morro dos
Conventos, insistentemente tentou direcionar a opinião pública, mantendo uma
visão maniqueísta dos fatos, ou seja, de que há indivíduos bons, que querem o desenvolvimento
do balneário; e tem os ruis, os
ambientalistas “ecochatos”, que atrapalham, que adotam uma postura
anti-Morro dos Conventos, sendo é a razão pelo sumiço dos turistas.
Quando
foi discutido acerca do estacionamento na praia, o 3º
cidadão ressaltou que terão problemas para acomodar todos os veículos
que para lá se deslocarão, que há muita área de restinga e dunas que impedem a
acomodação dos mesmos. Poderia ter dito que o fluxo de automóveis
poderia ser menor na temporada se fosse planejado no município um eficiente
projeto de mobilidade, através da construção de uma ampla ciclovia e via para
pedestres ligando o centro da cidade à praia do Morro, como também a
disponibilidade de um transporte coletivo eficiente com ônibus e microônibus se
deslocando em diversos horários. Acredita-se que com tais medidas mais pessoas
visitariam o balneário, além de tornar o local mais atrativo, pois permitiria a
circulação se pedestres pelas ruas com mais tranqüilidade, não precisando
desviar-se dos automóveis, muitos dos quais em alta velocidade.
Em
relação a mobilidade, o
apresentador mencionou que Morro
é uma das praias mais belas, porém despreparada, que para se chegar até o hotel
o deslocamento de ônibus é dificultado pela árvores que impedem os coletivos de
deslocamento, que o balneário foi feito para não dar certo, que ao invés de
melhorar a situação, as coisas vem piorando. O mesmo esqueceu-se de mencionar
que nas décadas de 1970, 1980, diariamente dezenas de ônibus, trailers se
deslocavam para aquele local sem nunca houver reclamação dos motoristas de que
árvores ou outros objetos serviram de obstáculos. Mais uma vez o problema de
escassez de ônibus com turistas no balneário não está nos obstáculos físicos,
mas na inoperância dos poderes constituídos que não planejaram aquele local
para o século XXI, pois continuamos com uma estrutura arcaica, e o público ou
turista que hoje circulam pelo Brasil, não são os mesmos das décadas passadas,
que se acampavam ou ficavam em trailers.
Em
relação ao mato que tomava as ruas do balneário, o
3º cidadão argumentou que o problema foi resolvido, pois uma equipe de
trabalhadores na sua maioria presidiários, promoveram limpeza do local, com a
poda de árvores que “atrapalhavam” o trânsito de veículos. Afirmou que houve
reclamações de moradores quanto ao trabalho realizado, especialmente quanto a
poda, que segundo ele tinha que ser feita para permitir a circulação. Se
realmente houve reclamações de moradores se justifica pela forma como as podas
foram feitas. Poderia ter dito que o trabalho de corte deveria ter sido feito
no mês de julho ou agosto, época correta para as podas das mesmas, não agora,
quase no verão, cujas árvores dificilmente brotarão em decorrência do calor
excessivo. As podas não seguirem nenhum critério técnico, simplesmente se
utilizaram de facões ou foices e desferiam golpes violentes, esgarçando dos
galhos. O caso mais emblemático ocorreu no túnel sob a ponte do hotel, cuja vegetação
fixada nas paredes foi quase que dizimada, tornando o local sombrio e sem vida.
E
sobre as vias de acesso ao balneário, além do problema da rótula próxima ao
motel que foi construída indevidamente, as calçadas e a estrada que dão acesso
ao hotel e a praia estão completamente intransitável. O problema maior ocorre
na esquina entre a rua aparados da serra e a rua que leva a praia, que há anos
vem causando problemas aos veículos que ali transitam em virtude de uma grade
de ferro solta. O agravante é que nesse trecho o trânsito de ônibus de grande
porte é inviabilizado. Podar as árvores em épocas erradas não resolve o
problema é preciso investir em melhoria das vias de acesso, ajustando-as aos
novos tempos.
Já
quase no final da entrevista, o 3º cidadão
perguntou ao procurador se seria possível reverter o processo, cuja resposta
foi positiva, porém de difícil provimento, devido ao fato de que o recurso deve
ser direcionado às instâncias superiores em Brasília. Que vai lutar até o fim
para reverter o processo garantir livre circulação de automóveis. O 3º cidadão argumentou que o motivo pelo qual a
ação não foi deferida foi devido ao valor da multa diária de 10 mil reais
reivindicada pelo MPF, considera excessiva pelo tribunal, que defende 10 mil em
caso de descumprimento da medida.
Quando
se trata de reverter o processo, ou seja, cassar liminares que impedem o fluxo
de veículos à praia tem-se a impressão de que estamos perdendo a oportunidade
de darmos um grande passo para promovermos a grande alavancada do
desenvolvimento verdadeiramente sustentável que o município vem trilhando há
décadas. Uma administração inteligente, competente e futurista jamais adotaria
subterfugidos escusos para desviar a atenção da sociedade frente a sua
inoperância. Outro aspecto importante que deve ser considerado nos momentos de
impasses como que se sucederam no balneário, é o oportunismo descabido de
cidadãos que se aproveitaram da simplicidade da comunidade e de lideranças locais, com extraordinário
histórico de trabalhos realizados em prol do bem estar do povo, para se
auto-promoverem, incitando a discórdia barata contra membros de uma entidade
ambiental que vem atuando contra a morosidade dos poderes e em defesa do frágil
e complexo ecossistema chamado Morro dos Conventos.
Prof.
Jairo Cezar
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