Questões debatidas entre Saulo Machado, apresentador da radio Araranguá, e
a Procuradora da República Federal sobre as decisões tomadas acerca do Balneário Morro dos
Conventos
Depois
de várias semanas tensas, de informações destorcidas, que colocaram a Oscip
Preserv’ação no centro das atenções, surgindo até boatos de que as deliberações
pelo fechamento da orla do balneário tinha sido proposição da entidade ambiental,
finalmente as dúvidas acredita-se que foram sanadas a partir da entrevista
concedida pela Procuradora da República a radio Arararanguá, nesta segunda
feira, 18 de novembro. O primeiro questionamento
do entrevistador foi em relação ao bloqueio da orla, o que teria levado a tal
decisão? A procuradora esclareceu que em dezembro de 2012 foi lavrada Ação
Civil Pública defendendo o fechamento definitivo da orla decorrente das
denúncias de depredações, vandalismos e perturbações do sossego público, que
transformavam o cenário paradisíaco do balneário em terra sem lei.
Que
tal ação pelo fechamento foi indeferida pelo juiz da primeira vara de Criciúma.
A partir dessa decisão, o MPF recorreu ao Tribunal de Porto Alegre, cujos
juízes concordaram pela derrubada da liminar da primeira vara, decretando o
comprimento da decisão da Ação Civil. Disse ela que a ação não pode ainda ser
executada, pois tramita no tribunal a decisão quanto ao valor da multa a ser
impetrada caso o município descumpra a decisão.
O
apresentador expôs à procuradora que a barra é reconhecida como um dos
principais pontos turísticos do município, procurada por pessoas ordeiras, que também
para lá se deslocam para pescar. A
procuradora respondeu que a circulação de carros em direção a orla não afeta
apenas a praia, mas todo ecossistema frágil no seu entorno, tais como dunas e
restinga, que existem leis que amparam esses ecossistemas. Sobre o fechamento,
citou que o balneário Rincão e Arroio do Silva estão se adequando as
normatizações.
Quanto
a exploração do turismo na barra, sugeriu que o município debatesse com a
sociedade estratégias de como usufruir as potencialidades do local sem
comprometer a fauna e a flora. Ressaltou que já algum tempo a polícia militar
vinha alertando sobre a baderna, o lixo, que a prefeitura frente a isso, nada
fez e que poderia ter proposto a partir de discussões com a sociedade, um plano
sustentável que conciliasse desenvolvimento com preservação.
Sobre
a proposta do portão, o apresentador a indagou se a mesma recebera tal proposição
do procurador municipal? A resposta foi afirmativa, porém reafirmou que a mesma
ainda não é executável. Que até concorda com o que foi encaminhado, como o
bloqueio para o trânsito à noite, esclarecendo que essa não é sua decisão, mas
que espera do município ações mais concretas até o instante em que a ação for
executada na sua integralidade, faltando ainda definir o valor da multa a ser
cobrado. Destacou o apresentador que cercar a praia na temporada não é uma boa
opção, pois tem pessoas que gostam de pescar na barra, sendo que ir a pé é
difícil devido à distância. A procuradora argumentou que existe limitação da
pesca na barra, que deve ser obedecida, que no balneário Rincão os pescadores
têm acesso mediante regulação já feita, e que no município de Araranguá também
pode ser feito.
Em
relação a pesca de caniço, de calão, na qual foram proibidas, temos a natureza
e não podemos desfrutá-la, ressaltou o apresentador. A procuradora discordou da
colocação, afirmando que é possível conciliar desenvolvimento com preservação,
pois há portarias sancionadas pela justiça determinando regras quanto aos
procedimentos da pesca, que o objetivo é permitir sua prática de forma
racional, sustentável, garantindo direito as futuras gerações de usufruí-las. Sobre
a pesca realizada com pequenas embarcações motorizadas, que foi vetada pela
portaria, a procuradora argumentou que realizou reunião com os pescadores do
Balneário Arroio do Silva, que encaminhou normativa ao IBAMA para considerar as
respectivas embarcações em virtude das condições do mar local, cujas águas são
revoltas que impossibilitam o acesso de pequenas embarcações.
Sobre
a pesca industrial concorda que vem sendo praticada de forma indiscriminada,
que tanto a polícia federal e o IBAMA estão com dificuldades para promover uma
fiscalização mais efetiva. Sobre as plataformas de pesca construídas, a
procuradora frisou que há ações tramitando na justiça para que ambas
providenciem licenciamento correto, especialmente as que estão instaladas no
Balneário Rincão.
Sobre
as jazidas de extração de areia que vem provocando profundos danos ambientais
na região, explicou que essa questão não é da sua alçada, e sim da procuradora
Patrícia. Que tem conhecimento do problema e que há ações correndo na justiça
sobre extrações de areia ilegais, e que é compromisso dos proprietários das jazidas
repararem os danos causados sob pena de responder criminalmente.
Em
resposta a pergunta de um ouvinte sobre a decisão pelo fechamento do trânsito
de veículos até a barra, a mesma insistiu em afirmar que não foi exclusivamente
sua a decisão, que três juízes do tribunal de Porto Alegre se posicionaram
favoráveis. Reafirmando que o problema na barra e em toda orla é antigo, que a
polícia militar vinha alertando o poder público e que o mesmo se eximiu de
tomar providências. O turismo ou estratégias para sua promoção é de
responsabilidade do município, devendo discutir com a sociedade estratégias
para sua regulação. No final da entrevista, o apresentador indagou à
procuradora: “se o município tivesse tomado medidas talvez não tivesse chegado aonde
chegou. A mesma concordou, a prefeitura deveria ter discutido essa questão há
mais tempo com as entidades, ONGs, Associação de Moradores e demais entidades.
Prof.
Jairo Cezar
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