Governo federal e centrais sindicais de
mãos dadas a favor do capital e contra os trabalhadores
É sabido que em âmbito nacional algumas
conquistas obtidas pelos trabalhadores ocorreram a partir do início do século
XX com a promulgação da CLT. Nos últimos vinte anos esse complexo conjunto de leis
vem sendo atacado por setores da burguesia nacional representados no Congresso
Nacional e respaldado por organizações sindicais alinhadas às políticas neoliberais
ainda em curso no Brasil. A privatização de portos, aeroportos, ferrovias,
entre outras são alguns dos seguimentos que estão na pauta de transferência
para a iniciativa privada dando sequencia ao processo de desnacionzalização da
estrutura produtiva iniciada no período Collor.
A idéia de flexibilização de direitos trabalhistas
tem como argumento, segundo seus articuladores, a adequação da “nova” força de
trabalho às exigências do capital pautada
na ideologia de melhoria das relações entre trabalhadores e empresa. Para os
representantes da maior central sindical do Brasil (CUT) a CLT exerce
atualmente um controle excessivo e com regras engessadas sobre as relações empregado/empregador,
necessitando desse modo uma maior simplificação contratual que desonere as
empresas quando aos encargos trabalhistas. Na década de 1980 essa mesma entidade surgida
à sombra do partido dos trabalhadores, foi decisiva na luta pela redemocratização
política e na defesa de um projeto de sociedade pautada nos princípios da
solidariedade e igualdade social.
Vinte anos depois, quando uma de suas
principais lideranças chegou ao poder, muitos alimentavam a ilusão que tinha
chegado o momento da consolidação do sonho socialista. O que muitos não
imaginavam era que com a sua chegada ao poder e para garantir a governabilidade
seria montada uma forte aliança ou coalizão política que integraria a base
governista, partidos que sempre aturaram contra os interesses dos
trabalhadores. A popularidade e o
carisma conquistado pelo ex-presidente Luís Inácio da Silva que para muitos
críticos da política se assemelhavam ao de Getúlio Vargas, foi resultado de
suas políticas assistencialistas que atendeu exclusivamente a população
marginal, desprovida das mínimas condições para uma existência digna.
Foi por intermédio de programas como o
da “fome zero” que garantiu o seu segundo mandato, como também a eleição de sua
candidata, Dilma Rousseff. A ascensão ao
poder de Dilma Rousseff deu prosseguimento às políticas desenvolvimentistas conjugadas
com as reformas estruturais em andamento. A adoção de uma postura de camaradagem às
bases aliadas no governo permitiu que forças conservadores também tivessem
acesso ao rateio dos recursos públicos como garantia do apoio político a sua
reeleição. Pode-se utilizar como metáfora para compreender as políticas da atual
presidente a obra O Velho e o Mar escrita pelo norte americano Ernest Hemingwey
quando um pescador fisga um peixe grande e o amarra ao lado do barco, porém,
quando chega ao porto, resta apenas o esqueleto.
Durante
os quase doze de governos ditos populares, as principais organizações sindicais
como CUT e Força Sindical assumiram um papel de guardiãs do poder constituído,
onde lideranças importantes foram cooptadas assumindo espaços de destaques
tanto dentro como fora do governo. Em vez de organizar os trabalhadores
preparando-os para a luta, essas centrais se transformaram em estruturas que
aninham burocratas com altos salários pagos pelos trabalhadores cada vez mais
desassistidos e explorados. A cada ano, entidades como o (SINTE) Sindicato dos
Trabalhadores da Educação de Santa Catarina, repassa para a Central Única dos
Trabalhadores aproximadamente um milhão de reais, cujo retorno à categoria se
dá sob a forma de posturas questionáveis de seus integrantes tanto em relação à
categoria como também nas negociações salariais com o próprio governo.
O pior de tudo é que estamos
contribuindo financeiramente para uma central que adota uma postura de fiadora
das reformas trabalhistas em curso, especialmente agora, que deu entrada na
Câmara dos Deputados, projeto de lei que visa flexibilizar ainda mais a CLT. A
intenção da proposta é a formação de comitês sindicais no interior de cada
empresa para que prevaleça o negociado sobre o legislado, ou seja, que nas
reuniões entre trabalhadores e patrões as decisões tomadas prevaleçam,
independentemente se as mesmas estão ou não contidas na legislação. o que deve
ocorrer não é a retirada ou precarização de conquistas mas a ampliação de
direitos para novas categorias como as das empregadas domésticas, adequando-as
as regras da legislação trabalhista.
A proposta do governo, portanto, é a
fragmentação dos sindicatos garantindo-lhes autonomia para decidir de acordo
com sua realidade. Esse mecanismo retira
dos trabalhadores a condição de discutir reajustes salariais e outros assuntos
por categoria, transformando-os reféns da ganância dos patrões que passarão a
ditar as regras do processo, na hipótese de ocorrer alguma crise do sistema
produtivo.
Prof.
Jairo Cezar
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