Manifesto em defesa de um SINTE
verdadeiramente dos trabalhadores da educação
Embora
os primeiros passos visando a regularização da profissão docente tenham
ocorrido há aproximadamente 200 anos, foi no final da década de 1960 que o Magistério
Público Catarinense adquiriu maior respeitabilidade junto à sociedade quando
alguns educadores decidiram criar a ALISC (Associação dos Licenciados de Santa
Catarina). Com a redemocratização política, somando-se as investidas do capital
sobre o trabalho docente, os educadores catarinenses fundaram em 1988 o SINTE
(Sindicato dos Trabalhadores em Educação) tornando-se a maior organização de
trabalhadores do Estado em número de filiados. Além de ações direcionadas à
conquista e preservação de direitos, o Sinte, durante sua trajetória, sempre
esteve envolvido em inúmeros enfrentamentos que resultaram paralisações
prolongadas, algumas com desfechos tensos e violentos, porém, a maioria delas proporcionando
vitórias significativas à categoria.
A
condição de entidade autônoma, combativa, que jamais se curvou as investidas
autoritárias e truculentas dos governos constituídos, começou a mudar de rumo a
partir de 2000 quando a população
brasileira elegeu um metalúrgico para Presidente da República. É importante
ressaltar que esse novo ciclo da política brasileira foi construído no interior
dos movimentos sociais, nos sindicados vinculados a CUT e nas esferas de
comando do partido dos trabalhadores, ambos comungando os mesmos princípios, a
ruptura do sistema de produção capitalista e a construção de uma estrutura
social mais democrática, solidária e justa. Poucos meses depois de assumir o poder o
Partido dos Trabalhadores daria sinais de que a esperada ruptura dificilmente seria
concretizada.
Tanto
não ocorreu como foram mantidas as políticas neoprivatizantes dos seus
antecessores, ofuscadas por programas assistencialistas de cunho eleitoreiro e amplamente
propagandeada pelas mídias conservadoras. Couberam as estruturas de poder
midiático projetar a imagem de um presidente e de um país em franco crescimento,
a sexta economia do mundo, de um povo ordeiro, apaixonado por futebol,
carnaval, de uma terra abençoada por deus, livre de terremotos, tsunamis,
furacões, etc. Foram necessários quase doze anos para que a população despertasse
de um profundo sono, abrissem os olhos para perceber a imensa podridão alojada
no interior das estruturas dos poderes em escalas federais, estaduais e
municipais. A roubalheira, a corrupção, a gastança do dinheiro público com
obras superfaturadas, a violência contra indígenas, a falta de saneamento
básico, a destruição das florestas, o caos na saúde, educação, transportes,
entre outras tantas, adquiriram graus de tamanha indignação que levaram às ruas a população.
Não
há como separar as políticas públicas equivocadas da atual administração estadual
com os programas desenvolvimentistas em curso em nível federal. Isso porque
expressiva parcela dos partidos que compõem o bloco de alianças que respaldam
politicamente o governo federal exercem a mesma postura em âmbito estadual. A
eleição do deputado “Progressista”, Juarez Ponticelli, para presidir a
Assembléia Legislativa, foi um acontecimento que não pode ser esquecido pelos educadores
catarinenses. Também não esquecer os deputados petistas e da deputada do PCdoB
que participaram do rito de homologação da aliança no legislativo. Foi esse
mesmo deputado que no começo de 2013 apresentou projeto de lei na assembléia
visando à revitalização do magistério público que prevê entre outras coisas o
desmonte da carreira do magistério, a meritocracia, o fim da lei do piso.
O
que mais vem indignando os trabalhadores da educação de Santa Catarina é quanto
ao comportamento adotado pelos integrantes da tendência majoritária da
executiva do Sinte estadual em relação aos inúmeros episódios ocorridos nos
últimos anos. As manobras articuladas na assembléia estadual de Lages envolvendo
o plano de carreira; o desfecho da greve de 2011, contrariando a vontade da
base que desejava a manutenção da paralisação, são algumas de tantos equívocos
cometidos e que muitos trabalhadores da educação desconhecem.
A continuidade desse grupo no poder é certamente
a preservação de um modelo de organização sindical falido que presa pela
burocracia, pelos privilégios e mordomias de uma pequena casta parasitária, enraizada
há décadas não só no interior do Sinte como também na própria CUT, que a cada
ano abocanha dos sindicalizados uma soma equivalente a seiscentos mil reais. A
desfiliação dessa central é uma bandeira que vem sendo defendida há anos por
ampla maioria dos sindicalizados e pelo grupo minoritário que se opõe a
tendência majoritária do Sinte em âmbito regional e estadual. São
aproximadamente cinqüenta mil reais meses que poderiam ser disponibilizados para
o fortalecimento do sindicato, intensificando ações de como a formação
pedagógica e política dos associados e demais trabalhadores da educação.
Por que votar na chapa 1 – “Ação e Luta”?
Votar
na chapa 1 “Ação e Luta” Regional Araranguá e Estadual significa a retomada do
sindicato pela categoria reconduzindo-o no patamar que foi quando da sua
fundação, uma entidade autônoma, combativa que sempre atuou de forma ética e
responsável na defesa dos interesses da categoria e de um outro projeto de
sociedade. Não podemos permitir que o nosso
sindicato continue sendo controlado por um coordenador que desde o momento que assumiu
o comando vem adotando uma postura autoritária desrespeitando não só o estatuto
da entidade como os demais membros que compõem a coordenação e a própria categoria.
Inúmeras
foram os equívocos cometidos durante esses três anos que teve a frente como a decisão
pela troca da sede que consumiu toda reserva de recursos em caixa; a greve de
2011, cuja decisão tomada pela categoria em assembléia regional não foi acatada
pelo mesmo; a participação atabalhoada na escolha de vagas dos concursados, sentando-se
ao lado dos membros da Gered, respaldando o próprio governo que não respeitou o
edital. Na própria gered o coordenador chegou ao cúmulo de responder a uma
concursada para que a mesma fosse estudar se quisesse melhorar a classificação.
Não é esse o tipo de tratamento que um coordenador deve oferecer a um profissional,
o papel do sindicato e da sua coordenação é garantir segurança e esclarecer possíveis dúvidas que proporcione ao
filiado tranqüilidade na tomada de decisões.
Em
âmbito regional quando foi pensado na nominata de professores (as) para compor
a chapa 1 “Ação e Luta” o critério que mais pesou foi o histórico de lutas, o
caráter e o comportamento dos (as) mesmos (as) nos movimentos da categoria nos
últimos anos. Trazer os pioneiros do Sinte regional para a luta, nomes como Maria
Edenir Espíndola Fernandes (Madeca), Elisa Fátima Stradiotto, Red Silveira, Eliete
Martins, Celso de Souza, Jairo Cezar, Nilva Garcia Gabriel, José Paulo Victor,
Christiane Sant’Elena Guze, entre outros
(as) que sempre demonstraram muita coerência nos discursos e suas práticas, somando-se com as novas lideranças que surgiram nos últimos
anos e que compõem a mesma chapa, teremos certeza de que o Sinte Araranguá reconquistará
o respeito dos (as) seus (as) filiados (as) e que não compactuará com qualquer
governo que trata a educação pública e
dos educadores com categoria descartável.
Prof. Jairo Cezar
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