TEMPERATURAS ESCALDANTES NO HEMISFÉRIO NORTE REVELAM QUE O CLIMA NO PLANETA ESTÁ A UM PASSO DO
ABISMO
https://www.youtube.com/watch?v=RNPnVAqc-YE |
A
população que vive no hemisfério norte, EUA e alguns países da Europa, estão
experimentando um dos verões mais escaldantes da história. As temperaturas nas
últimas semanas não baixaram dos trinta graus, resultando em colapsos hospitais
e em demais sistemas de saúde decorrentes de enfermidades advindas do calor
excessivo. O Canadá, por exemplo, há dias o fogo vem devastando suas florestas,
situação pela qual as autoridades daquele país vêm solicitando ajuda
internacional para combater os incêndios que estão incontroláveis. É tanto
calor acumulado que no mês de junho último o planeta registrou a mais alta
média de temperatura da história, que chegou a 17,12 graus Celsius.
Não
há dúvida que as altas temperaturas registradas no planeta têm relação direta e
indireta com o aquecimento global, porém, agora agravada com o fenômeno climático
El Nino. Tudo indica que o verão no hemisfério sul, que inicia em 21 de
dezembro, a população do sudeste e sul do Brasil irá experimentar temperaturas
semelhantes a do hemisfério norte, com fortes impactos às atividades agrícolas
dessas regiões. Os sinais de que o clima global já beira a saturação também são
notadas aqui no Brasil, nas constantes ocorrências de enxurradas e
deslizamentos que devastaram cidades no nordeste, sudeste e sul do Brasil. Os
exemplos mais recentes são cidades alagoanas que somaram mais de 25 mil
desabrigados; São Sebastião/SP; Praia Grande/SC e outras dezenas no restante do
país.
Afinal,
já não era para o clima do planeta estar se reequilibrando depois de tantos
encontros de cúpulas como as COPs onde são disponibilizados milhões de dólares
para custear a complexa logística desses eventos para discutir o clima global? Deveria, porém se sabe que é a exploração sem
fim dos recursos naturais que alimenta essa insaciável máquina chamada
capitalismo. É tanta hipocrisia por traz dessas conferências que após 2015,
data de uma das mais importantes COPs, que ocorreu em Paris, França, a
quantidade de gases poluentes lançadas à atmosfera superou todas as
expectativas. O fato é que o Brasil não ficou alheio a todo esse desarranjo
climático global. O país vem dando a sua
contribuição para o aquecimento, lançando todos os anos de 6% a 7% do total de
gases poluentes lançados à atmosfera.
O
contínuo desmatamento nos biomas Amazônia e Mata Atlântica nos últimos anos
chamou a atenção do mundo inteiro, fato que resultou em cancelamento de
programas de ajudas internacionais como o Fundo Amazonas de mais de dois
bilhões de dólares vindos da Noruega e Alemanha. Relatório sobre desmatamento,
apresentado em maio último, revela que houve discreta redução dessa prática na
floresta amazônica. Entretanto, o relatório acendeu alerta vermelho acerca do
bioma Serrado que teve uma das maiores perdas de florestas em comparação a
2022.
Claro
que o Serrado jamais ficou imune a ação perversa do agronegócio, especialmente do
segmento da soja. Há alguns anos essa atividade estava mais concentrada na
região centro oeste do país. Com a valorização dessa commoditie
internacionalmente a fronteira agrícola da soja se expandiu e vem se expandido
de maneira alucinada para o norte e nordeste brasileiro, na área denominada de MATOPIBA, constituída pelos estados Maranhão,
Tocantins, Piauí e Bahia. O agravante nisso é que nesse bioma estão as
principais nascentes dos grandes rios que banham o território brasileiro.
Se
há o aumento da perda da cobertura vegetal no bioma serrado tem dinheiro
público financiando essa depredação, por meio do plano safra que destinou para
o agronegócio 364 bilhões de reais. É tanta importância dada a esse segmento que
para a agricultura familiar e a agroecologia a fatia reservada foi de 77
bilhões de reais. É muito pouco em vista da importância desse setor que
alimenta mais da metade da população brasileira no cultivo de feijão, batata-doce,
aipim, e outras dezenas de culturas imprescindíveis que alimentam milhões de
brasileiros.
Quase
tudo que é cultivado pelo agronegócio, soja, milho, algodão, cana de açúcar, é
exportado inatura, que posteriormente vai ser beneficiado e transformado em ração
para as vacas européias ou biodiesel. Estudos realizados pela UFRJ confirmaram
que a agricultura familiar gera dois milhões de empregos a mais que o
agronegócio, ano. A insistência do atual governo de querer construir um acordo
integração econômica com a Europa dificilmente terá sucesso. A certeza se deve
ao fato de a Europa estar há algum tempo investindo em políticas de transição
econômica sustentável, ou seja, aquisição de produtos agrícolas, pecuária,
isentos de trabalho escrava e desmatamento ilegal.
No
começo de julho o programa Profissão Repórter, da Globo, apresentou reportagem
mostrando como se dá o desmatamento no serrado, muitas vezes legalizado por
atos normativos dos poderes municipais e estaduais. Acredite, o governo baiano
é o que mais emitiu licenças para desmatamentos, seguindo no Piauí, Maranhão,
sendo os dois primeiros, BA e PI ambos administrados por governadores do PT.
Esse dispositivo que garante poderes aos estados para concessão de
licenciamentos ambientais veio da presidente Dilma Rousseff. E agora, o que
fazer?
Esperar
em berço esplêndido que as espécies vivas sucumbam diante das temperaturas
tórridas ou vamos à luta, gritar aos quatro ventos alertando as autoridades que
as anomalias climáticas já são uma realidade? Penso que a segunda alternativa é
o que interessa agora. É preciso,
urgentemente, colocar o meio ambiente no centro de todos os debates, eventos,
celebrações, etc, independentemente do tema que está sendo abordado. Isso não pode ser exclusividade da sociedade,
os governos têm de fazer a sua parte, principalmente o governo federal.
A
assertiva decisão tomada pelo IBAMA proibindo a prospecção de petróleo na foz
do rio amazonas é algo que deve ser comemorado. Segundo o presidente dessa
instituição, Rodrigo Agostinho, sua decisão negando a licença teve a seguinte
alegação: “Não restam dúvidas de que foram oferecidas
todas as oportunidades à Petrobras para sanar pontos críticos de seu projeto,
mas que este ainda apresenta inconsistências preocupantes para a operação
segura em nova fronteira exploratória de alta vulnerabilidade socioambiental”.
Contudo,
essa decisão causou certo mal estar entre os ministros de Minas e Energia, que
era favorável, e do meio ambiente, contrário a exploração. Entretanto, o
presidente da república deixou claro em seu discurso que não haveria risco
algum de impacto à foz do amazonas devido a distância dos poços, cerca de 500
km. Se fizermos uma retrospectiva do seu governo e da presidente Dilma, na área
ambiental na Amazônia, não temos muito que comemorar. Obras de grande impacto
ambiental como a da Hidrelétrica de Belo Monte até hoje seus efeitos ao
ecossistema e as populações indígenas e ribeirinhas são devastadores.
Mesmo
diante de medidas polêmicas como da tentativa de exploração de petróleo na
costa amazônica e de outras que julgamos inconsequentes,
quero aqui reiterar que é preferível o atual governo ao genocida,
neofascista anterior, que conseguiu a proeza de em quatro anos destruir quase a totalidade da estrutura do
Estado brasileiro, no qual levará algum tempo para ser reconstituído.
Prof.
Jairo Cesa
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp140.htm
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