PROJETO
UNIVERSIDADES COMUNITÁRIAS E PARTICULARES GRATUÍTAS É APROVADO NA ALESC
Essa
semana ficou marcada pela votação e aprovação de um projeto polêmico na ALESC que trata
sobre a transferência de recursos públicos para o financiamento de
universidades comunitárias do sistema ACAFE e particulares. O fato que mais
chamou a atenção acerca do tema foi o empenho dedicado por alguns segmentos
como a própria gestora da ACAFE que conseguiu articular com setores políticos e
empresariais audiências públicas em todas as regiões do estado para atrair o
apoio popular.
Relatei
no texto que escrevi sobre o assunto há cerca de 30 dias que se tal esforço
fosse direcionado às melhorias do ensino básico público estadual, bem como a própria
UDESC, sem dúvida teríamos um dos mais sofisticados e eficientes sistemas de
educação do país. A promessa é que serão disponibilizados para os próximos
quatro anos quase dois bilhões de reais em forma de bolsas de estudos para
aproximadamente 100 mil estudantes. O argumento do atual governo do estado é
que essa proposta não se utilizará de parte dos 25% destinados ao financiamento
do ensino básico.
A
crítica que se faz ao projeto se deve ao fato de que a função do Estado è
cumprir sua função constitucional, convergir todos os esforços para oferecer
serviços públicos de qualidade a toda sociedade. Outro argumento que virou
consenso entre os defensores do projeto é que universidades comunitárias, os
recursos arrecadados são reinvestidos na própria instituição, ou seja, não há o
princípio da lucratividade. Pode até ser, porém, o Estado tem a sua própria
instituição de ensino superior, a UDESC, que já deveria como ocorre com a UFSC
ter campos espalhados nas regiões mais populosas do estado, o sul, por exemplo.
Independente
desses argumentos o fato concreto é que bom ou ruim o projeto, no instante que
adentrasse na ALESC, de acordo com a atual conjuntura legislativa, seria
aprovado com larga folga. Na atual legislatura os partidos que se caracterizam
de esquerda como o PT e o PSOL somam quatro cadeiras, muito pouco para
confrontar com siglas conservadoras como o PL que ocupam onze cadeiras.
Embora
não tendo acompanhado as votações acreditava que os três votos do PT e mais um
do PSol teriam o “não” como resposta ao projeto. Acreditem se quiser, foram
dois votos contrários apenas, um do PSOL e outro da União Brasil. Afinal por
que o PT votou favorável a um projeto que apresenta uma serie de equívocos, até
mesmo, emendas jabutis, muito comuns quando algum deputado ou partido aproveita
o ensejo para enfiar uma proposta no trecho original para benefício próprio ou
de terceiros. Foi exatamente o que aconteceu. Já pronto para a votação, um
deputado do PL apresentou uma emenda que trata sobre a exigência de exame
toxicológico para terem benefícios as bolsas do projeto gratuito.
Somente
isso já era motivo mais que o suficiente para abortar a sessão de votação. E o
motivo era bem claro, proposta carregada de inconstitucionalidade. Mesmo assim
tocaram em frente e a proposta foi aprovada com trinta e oito votos a favor e dois
contrários, um de Marquito, do PSOL, e o segundo de Marcos Cadorin, do Novo. Sobre a emenda relativa ao teste toxicológico,
lendo algumas reportagens publicadas, o argumento do governo defendendo a
inclusão da mesma foi para agradar a bancada ideológica do PL na ALESC que se
sentiam desfavorecidos e que prometeram debandadas se não fosse aceito.
Muita gente deve ter pensado, para um projeto
complexo como esse que trata de bolsas para estudantes de universidades
comunitárias e particulares, onde quase a unanimidade do parlamento votou
favorável, deve ser fabuloso, revolucionário. Mas se o PSol votou contra, havia
algo de errado no mesmo que deveria ser esclarecido. O fato é que não havia
apenas um equívoco no texto, a exemplo do exame toxicológico, mas vários. O
deputado Marquito enumerou e penso ser importante analisá-los para lançar
reflexões e opiniões.
Afirmou
que o projeto não prevê bolsas de estudos para pesquisa e extensão, algo que é
imprescindível quando se pensa em formação de profissionais aptos à iniciação
científica. Outro equivoco: a proposta não legisla sobre contrapartida social,
ou seja, execução de trabalhos voluntários obrigatórios na sociedade. Isso vai
ser definido posteriormente, por meio de decreto. O projeto também não prevê
políticas de permanência estudantil. Agora se os itens acima destacados já põem
em dúvida o corpo do projeto, o que dizer então quando não aparecem
dispositivos relativos à promoção da democracia universitária, por meio da
eleição de reitores, diretores de centro e coordenadores de curso, com
participação do corpo discente, principalmente nas instituições não
comunitárias.
Prof.
Jairo Cesa
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