EL NIÑO PODERÁ SER MAIS SEVERO COM O AUMENTO DO AQUECIMENTO GLOBAL
Nos
últimos dez anos já se perdeu a conta da quantidade de episódios climáticos
extremos ao redor do globo que foram responsáveis por milhares de perdas humanas
e impactos devastadores em infraestruturas e no cultivo de alimentos. Por anos
consecutivos o planeta registrou recordes em calor, afetando até países ou
regiões situadas em latitudes cujas temperaturas no inverno podem alcançar os
20, 30 ou mais graus negativos. O Canadá, por exemplo, a cidades com Vancouver,
há pouco tempo registrou temperaturas próximas aos cinquenta graus Celsius. Nesse
mesmo tempo, incêndios devastaram florestas na Europa, bem como chuvas
torrenciais que provocaram inundações catastróficas em países como a Alemanha.
Há
pouco tempo os telejornais e outras fontes noticiosas dedicaram parte do seu
tempo para noticiar os incontroláveis incêndios que transformaram em cinzas milhões
de hectares de florestas também no Canadá. A fumaça desses incêndios cobriu
várias cidades canadenses e outras tantas nos EUA, como Nova York, que tornaram
o ar irrespirável. A partir de 2022
cientistas vem monitorando o retorno do fenômeno climático El Nino,
acontecimento advindo do aquecimento das águas do oceano pacifico nas
proximidades do Equador, Peru.
Acredita-se
dessa vez o El Nino será mais impactante no clima global que os anteriores,
isso se deve, é claro, a outro ingrediente climático, o aquecimento global,
agravado pela queima de combustíveis fósseis e desmatamentos. Nem bem começou o
verão no hemisfério norte os termômetros já revelam temperaturas escaldantes em
vários países. EUA, México, Índia, por exemplo, o calor foi e está sendo tão intenso
que já provocou a morte de dezenas de pessoas. Somente o México registrou mais
de cem óbitos causados pelo calor excessivo.
Por
dois dias consecutivos a temperatura média do planeta alcançou os níveis mais
elevados já registrados na história do planeta. Essas médias superaram a última,
ocorrida em 2016, quando atingiu 16,92ºC. Os últimos recordes ocorreram agora
no começo de julho de 2023. O primeiro foi no dia 03, onde atingiu 17,01ºC; o segundo foi dia 04, com 17,18ºC. Há estudos
confirmando que a temperatura na Antártica, agora no inverno, ficou acima de 9
a 10 graus Celsius.
Quase
todos os dias, os sites especializados em assuntos relacionados ao aquecimento
global e outros congêneres vem afirmando que o fenômeno climático El Nino provocará
episódios climáticos severos no hemisfério sul a partir da próxima estação, a
primavera. As regiões mais extremas do sul do continente geralmente são as mais
afetadas ou com estiagens severas ou enchentes devastadoras. Rio Grande do Sul
e a parte norte da Argentina, por exemplo, amargaram por três anos consecutivos
estiagens que devastaram a sua agricultura. Na outra ponte do mapa, o sudeste e
o nordeste brasileiro, ambos sofreram com enxurradas recorrentes que causaram
destruições e dezenas de mortes.
Virou
clichê a expressão: “o aquecimento global pode ser minimizado cumprindo com os
protocolos assinados durante as dezenas de COP Conferencias Sobre o Clima”, ocorridas
nos últimos trinta anos. Todos estão carecas de saber que o principal vilão desse
desarranjo climático é a queima de combustíveis fósseis. O fato é que nunca se extraiu
e queimou tanto petróleo, carvão, etc, como agora, principalmente depois da
pandemia do COVID 19. A cada conferência milionária, os discursos sempre
convergem para o mesmo ponto, a terra está aquecendo, a temperatura media do
planeta tem de ficar abaixo de 1.5, até 2100.
A
sensação deixada nesses encontros é que muitos dos presentes não acreditam ou
não querem acreditar que a terra está aquecendo. Inúmeros países alegam, os
mais industrializados, por exemplo, que o custo de transição de tecnologias
suja para limpas é muito dispendioso. Claro que existe por trás desses discursos
dissimulados toda uma estrutura produtiva que lucra bilhões de dólares
explorando combustíveis fósseis. O fim da pandemia e o início do conflito entre
ucranianos e russos revelou o tamanho da dependência da Europa ocidental pelo gás
Russo. A redução do fornecimento desse combustível pela Rússia por meio de
sanções forçou países como a Alemanha, França, Bélgica, a reativarem suas minas
de carvão e colocar em funcionamento as usinas nucleares.
Para
2023 o pais escolhido para ser sede da 29 COP será Dubai, cidade que integra os
Emirados Árabes Unidos. Para 2030 o Brasil foi o país contemplado, cuja sede
será a cidade de Belém, capital do Pará. Tanto Dubai quanto Belém, ambas
apresentam características bem distintas no quesito ambiental. A primeira tem
no seu subsolo as maiores jazidas de petróleo do planeta, já a segunda, Belém,
esta situada dentro de um dos biomas mais importantes e ameaçados, o bioma
amazônico.
Visitando
os emirados árabes unidos em 2014 é visível que os pais vêm mudando
drasticamente sua matriz econômica. De grande produtora de petróleo, o país vem
se transformando em poderoso centro financeiro, comercial e turístico do
planeta. Na época mais de quarenta por cento dos guindastes existentes no mundo
estavam instalados nas cidades de Dubai e Abu Dhabi. O fato é que o país já vem
se preparando para um novo ciclo econômico pós-petróleo. É possível que em
dezembro próximo, durante a 29ª COP as lideranças daquele principado mostrarão ao mundo os segredos de um
crescimento econômico vertiginoso com baixa emissão de carbono. “Quem viver
verá”.
Prof.
Jairo Cesa
Nenhum comentário:
Postar um comentário