ESTUDOS
REVELAM QUE O PLANETA TERRA PODERÁ COLAPSAR EM 40 OU 50 ANOS SE AS EMISSÕES DE
CO2 NÃO FOREM CONTROLADAS
No
final de janeiro tive a oportunidade de viajar até Passo Fundo, uma das maiores
cidades do noroeste do Rio Grande do Sul.
No trecho entre Vacaria e Passo Fundo, totalizando 175 km, duas eram as
culturas que predominavam em ambos os lados da rodovia, o milho e a soja.
Entretanto, com raras exceções, o que se enxergava nos vastos campos cobertos
por tais culturas era um cenário que certamente preocupava os agricultores da
região, a falta de chuva. Conversando com produtores de soja de Passo Fundo e
municípios vizinhos eles revelaram que era o terceiro ano seguido que o estado
do rio grande estava sendo acometido por estiagem, impactando drasticamente a
economia da região.
É
sabido que o fenômeno climático la liña está por traz da estiagem no extremo
sul da América do Sul. Além do Rio Grande do Sul, a região do norte da Argentina
também amarga uma das maiores estiagens já registradas, com temperaturas que
facilmente superaram os 38º e 39º graus. A falta de chuva também vem devastando
literalmente as culturas de soja, milho no país vizinho, afetando literalmente a
pecuária e o abastecimento humano. O
fato é que o fenômeno la liña não é o principal vilão de todo esse desarranjo
climático global. A ação humana tem sido um dos motivadores desses extremos do
clima, como ondas de calor escaldantes em regiões próximas ao ártico, os
freqüentes furacões, tornados e as enxurradas devastadoras.
A
tendência é esse cenário piorar nos próximos anos ou décadas se os acordos
assumidos nas COPS (Conferência das Partes) como as de Paris e de Glasgow não
forem cumpridos. Um desses acordos assinados entre os países participantes, a
exemplo do Brasil, é combater os desmatamentos ilegais como forma de reduzir as
emissões de gases do efeito estufa. Além de combater os desmatamentos, outras
medidas foram acordadas como a substituição de fontes energéticas sujas por limpas
- eólica, fotovoltaica, hídrica, etc.
A
pandemia do Covid 19 e o conflito na Ucrânia influenciaram diretamente no
cumprimento dos protocolos das conferências, cujos propósitos eram evitar que a
temperatura média do planeta não excedesse 1.5 graus ate o final do século. A
reativação das termoelétricas a carvão na Europa e o aumento da demanda por
combustíveis fosses, óleo diesel e gasolina, vem reduzindo significativamente
as chances de o planeta ser habitável daqui a quarenta ou cinqueta anos.
A
certeza dessa tragédia planetária está cada vez mais evidenciada nos vários
estudos realizados e publicados por conceituadas revistas internacionais. A
mais recente publicação sobre o assunto ocorreu na revista Science, com
reportagem de capa publicada em 27 de janeiro de 2021. Entre os dezenove
autores do artigo publicado com o título Amazônia Perdida está o cientista brasileiro,
ex-presidente do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) Carlos Nobre.
O
artigo ressalta que a devastação na Amazônia está ocorrendo tão rápido agora que
dificilmente terá tempo para se regenerar. A tendência é que a Amazônia sofra
uma transição de área florestada para não florestada. Atividades como a agricultura
e a pecuária são os principais vetores dessa transformação abrupta desse
ecossistema.
Conhecida
como uma grande catalisadora de CO2, a Amazônia atualmente está perdendo essa
capacidade e já se tornando uma emissora desse e outros gases atmosfera. Para o planeta terra essa inversão de função
intensificará ainda mais o aquecimento que comprometerá a sobrevivência de
complexos biomas como o próprio bioma amazônico. Existem atualmente tecnologias
para a retirada de CO2 da atmosfera, porém, seus custos são muito elevados. A
saída, no entanto, ainda é a regeneração das áreas desmatadas, que terá
capacidade de retirar bilhões de toneladas de gases poluentes da atmosfera.
Um
dado preocupante relatado pelo cientista Carlos Nobre é que se a temperatura
média do planeta exceder 2º a 3º graus, populações de cidades como do Rio de Janeiro
teriam dificuldades para sobreviver. A explicação se deve no fato de que a
temperatura média dessa cidade se elevaria 5 a 6 graus, devido a sua proximidade
do oceano. O calor e a umidade aumentariam ao ponto do corpo humano entrar em
colapso. Esse problema térmico não seria
exclusividade apenas do Rio de Janeiro e outras cidades litorâneas. Outras
centenas, milhares de cidades espalhadas pelos cinco continentes também colapsariam.
Nessas condições, a única possibilidade de sobrevivência humana só se daria no
ártico, na antártica e em regiões bem elevadas como no topo de montanhas.
Prof.
Jairo Cesa
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