COMPREENDER A HISTÓRIA PARA QUE
ERROS COMETIDOS NO PASSADO NÃO SE REPITAM
Até
o momento beira o estranhamento o fato de mais da metade da população
brasileira ter decidido eleger um candidato à presidência da república com
sinais visíveis que seria um perigoso
retrocesso social. Embora, porém infrutífero os insistentes alertas do risco
que seria votar em Bolsonaro, toda a pressão não foi suficiente para que a
população não fosse acometida por um tipo de patologia na qual ofuscou os olhos,
cegando-as momentaneamente.
O
fato é que a patologia produziu uma espécie de hipnose a tal ponto que muitas
atribuíram e atribuem a imagem do presidente a um mito, uma divindade, que se
coloca superior aos mortais, acima do bem e do mal. Não há outra explicação
cabal fora do parâmetro disfuncional àqueles que insistem reverenciar uma
figura caricata, patética, que se orgulha em expressar admiração a certos torturadores
do regime militar, até mesmo de ex-ditadores sanguinários que tanto mal
provocaram à humanidade.
Como
explicar essas manifestações difusas do comportamento humano, que de tempo em
tempo faz surgir líderes carismáticos, alguns lunáticos, que chegam atrair para
junto de si uma grande legião de seguidores fanáticos. A história mostra que episódios
similares a atual realidade brasileira, ocorreram em países como a Alemanha e a
Itália na primeira metade do século XX, cujo resultado foi a morte de milhões
de judeus em campos de concentrações. Estaria o Brasil se preparando para
protagonizar um novo holocausto na mesma proporção vivida na Europa?
A
violência contra homossexuais, o feminicídio, o genocídio contra povos
indígenas e o crescimento abrupto da intolerância e o ódio são indícios de que
o Brasil está trilhando um caminho perigoso e de futuro incerto. Na Alemanha, quando
Hitler assumiu o status de comandante do país, um dos instrumentos eficazes por
ele utilizado para divulgar sua política nazista foi a mídia, especialmente o
cinema. Na realidade a Alemanha havia saído há poucos anos destroçada da
primeira guerra mundial, sendo assim a população passou ver Hitler a figura de
um redentor supremo.
Diferente
de Bolsonaro, Hitler concentrou todos os esforços para o fortalecimento do Estado,
transformado-o em instrumento capaz de impulsionar a infraestrutura produtiva
do país. Milhares de postos de trabalhos foram criados e o país passou a viver
o pleno emprego. Entretanto, não demorou em que a nação entrasse em crise
econômica, cuja culpa foi atribuída aos judeus, considerados proprietários de
expressiva parcela da estrutura produtiva do país e influenciadores na alta e
baixa cotação da moeda nacional, o marco.
A
perseguição contra judeus, ciganos, negros, o desejo cego e doentio de criar
uma “raça pura”, mostrou como uma mente insana age quando um sujeito se torna
escravo do seu próprio ego. Já que o desejo de Hitler era propagar sua doutrina
e conquistar os corações e mentes do povo alemão, nada melhor que censurar ou
usar as mídias para disseminar sua doutrina. Para concretizar seu intento,
contratou uma das melhores cineastas alemãs na qual produziu uma das melhores obras
já realizadas com o intento de transformar o Fhurer, bem como o partido nazista
em sinônimos de grandeza, orgulho e sucesso frente ao povo.
O
documentário intitulado O Triunfo da
Vontade, com quase duas horas de duração, traz trechos dos discursos de
vários membros do partido, imagens de soldados, perfilados, em formação,
marchando ou descontraídos. São inúmeras as cenas destacando o povo, quase em
transe, se acotovelando em todas as ocasiões que Hitler aparecia em público.
Porém
antes de sua ascensão ao cargo de chanceler da Alemanha em 1933, ninguém levava
a sério os seus discursos, era considerando uma personalidade patética, cujas
idéias defendidas eram tão surreais e malucas, que rapidamente caía no vazio.
Entretanto, com o tempo, Hitler passou a atrair cada vez mais adeptos atraídos
pelas suas propostas. Por estar a Alemanha naquele momento sob uma forte crise
econômica, a população culpava as políticas e os políticos tradicionais pela
situação caótica do país.
Nesse
sentido Hitler compartilhava o mesmo sentimento, defendendo outro modelo de
administração, bem como outro tipo de sociedade fundamentada nos princípios de
pureza racial. Admitia que a sociedade estava sob uma forte crise moral, que contaminava
os valores tradicionais da família tradicional alemã. Enquanto no Brasil, o PT
e o comunismo foram figuras demonizadas para justificar as políticas de caráter
neofascista durante a campanha eleitoral de Bolsonaro, na Alemanha, Hitler
jogou a culpa nos Judeus e também no comunismo à crise institucional.
São
muitas as coincidências entre o governo de Bolsonaro e em alguns aspectos das
políticas de Hitler que resultou no holocausto. Há quem acredita que o chefe do poder
executivo brasileiro tem se inspirado ou lido a sua obra para servir de modelo
nas suas ações. O modo simplista de se expressar, o agir politicamente
incorreto e a defesa cega aos bons costumes judaicos cristãos são alguns
exemplos de posturas que se assemelham ao enfadonho regime nazista alemão.
Que
toda essa abordagem reflexiva acerca do atual governo brasileiro e o nazismo
alemão não seja concebida como verdade, que as propostas e o discurso do líder
maior do executivo brasileiro não tenham qualquer relação ou inspiração ao
sórdido regime nazista. Porém se tal reflexão tiver caráter de veracidade,
esperamos que não, a sugestão é dar um passo atrás às maluquices de quem
acredita que somente a ditadura poderá solucionar a crise econômica e
institucional a qual passa o Brasil.
Todos nós
sabemos que no instante que um regime ditatorial assume o controle político de um
país, é muito difícil dissolvê-lo. O caso da Alemanha/Itália (nazismo/fascismo),
o Brasil durante o regime militar, entre outros tantos que ainda sobrevive em varias
partes no mundo, são exemplos para refletirmos sobre o perigo que ronda sobre
nossa república.
Prof.
Jairo Cezar
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