O DESAFIO DE FAZER VALER OS
DECRETOS SOBRE AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA FAIXA COSTEIRA DE ARARANGUÁ
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Toda
semana que antecede o início das aulas na rede estadual de ensino de Santa
Catarina, fugindo ao quadro repetitivo e nada producente de temas impositivos
encaminhados pela SED, a EEBA de Araranguá está dando mostras que é preciso ir
mais além do trivial sobre o que ensinar e aprender. Envolver os profissionais
da educação em atividades desafiadoras e transformadoras já é uma realidade
consolidada. A vista a termoelétrica de Tubarão e ao parque tecnológico de
energia alternativa em Capivari de Baixo foi o primeiro passo dado para uma
educação capaz de transcender as paredes e muros da escola.
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O
projeto Escola Sustentável, no seu terceiro ano de execução, com ações voltadas
a sensibilização sobre desperdícios de energia elétrica e água, teve como
momento de incubação as semanas de preparação ao início do ano letivo. Como
tentáculos procurando conexão com tudo que eleve a reflexão sobre nossa
presença no planeta e nosso compromisso com as futuras gerações, o projeto em
questão vem ano pós ano construindo vínculos com entidades e profissionais, que
prestam nobre serviço para tornar a comunidade escolar da EEBA mais sensível sobre
os desafios na conservação dos frágeis ecossistemas.
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Essa
foi, portanto, a proposta pensada para o ano letivo de 2019, trazer para o debate
as demandas ambientais locais e os projetos que estão em execução. A faixa costeira
do município de Araranguá apresenta certas particularidades geoecológicas que
dificilmente poderão ser identificadas em outra parte do país, quiçá do
planeta. Além das belezas cênicas e paisagísticas, o MONA-UC (Monumento Natural
Unidade de Conservação Morro dos Conventos) apresenta um complexo mosaico
ecossistêmico com espécies endêmicas da fauna e da flora, algumas em risco de
extinção.
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Para
assegurar a proteção desse ecossistema da brutal investida do capital se faz
necessário empoderar a sociedade com informações sistematizadas sobre o
complexo e descontínuo processo de formação desse “Oasis” do sul, datado de 250
milhões de anos. Isso mesmo, duzentos e cinqüenta milhões de anos. No entanto,
foi a partir dos últimos cinco a seis mil anos, período quartenário, que se tem
a comprovação da presença humana na região, por meio de vestígios como fósseis,
artefatos cerâmicos, deixados.
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Na
tentativa de frear a ação antrópica nessas áreas frágeis, nas últimas décadas
foram criadas legislações que transformam lugares como o Morro dos Conventos,
Morro Agudo, Ilhas e Barra Velha, em Unidades de Conservação Permanentes, Áreas
de Preservação Permanente e Reserva Extrativista. Em se tratando de Morro dos Conventos, em
dezembro de 2016 foi homologado decreto que criou o MONA-UC, considerada de
proteção integral. É sabido que mesmo sobre a proteção de um decreto não está
sendo suficiente para garantir a proteção dessa unidade.
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Os
órgãos fiscalizadores, bem como o poder público se dão ao luxo de dificultar ao
máximo ações protetivas às tais unidades, rendendo-se às pressões do seguimento
imobiliário com a concessão de licenças ambientais. A participação do terceiro
setor como ONGs e OSCIP está se mostrando importante como instrumento de
denúncias e resistência às ações devassaladoras do lucro sobre tais
ecossistemas.
Somente
denúncias e punições dos infratores ambientais estão se mostrando insuficientes
para proteger ambientes singulares como o Morro dos Conventos. É possível,
porém, assegurar o desenvolvimento, emprego e renda à população em ambientes
transformados em unidades de conservação. Esse é o objetivo de alguns projetos
que estão sendo executados como o que trata sobre “Unidades de Conservação da Costa de Araranguá, difundindo a natureza
local com o roteiro geoecológico”.
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Com
a parceria da SOS Mata Atlântica, alguns seminários foram realizados em escolas
públicas, associações de moradores e universidades, todos com intuito de trazer
à luz do debate os problemas ambientais da costa de Araranguá, elencar
proposições sustentáveis e duradouras. Por ter sido a EEBA contemplada com a
realização de um dos seminários em 2018, foi acordo para que os/as professores/as
da referida escola participassem de uma palestra e oficina sobre Roteiro Geoecológico
Caminhos de Araranguá durante a semana de preparação ao ano letivo de 2019.
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Como
uma das demandas do PGI (Plano de Gestão Integrada) é a substituição dos
painéis educativos do roteiro geoecológico, distribuídos em cinco postos
estratégicos entre Morro dos Conventos e Ilhas, o evento oferecido aos profissionais
na EEBA, pela manhã, objetivou capacitá-los sobre a temática, empoderando-os
acerca do desafio e compromisso coletivo a ser firmado em defesa do frágil
ecossistema costa de Araranguá.
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A
etapa seguinte à palestra foi à realização de um tour, no período da tarde, com
cerca de trinta professores, até o Morro dos Conventos e Ilhas. As boas
condições meteorológicas proporcionaram ao grupo um momento singular de
encantamento, conhecimento e de integração. Como qualquer trabalho em âmbito
pedagógico, a assimilação se torna muito maior e permanente quando houver
vivência prática, ou seja, interação entre teoria e prática.
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Foi
o que ocorreu com o grupo quando visitaram os painéis. Para permitir uma melhor
dinâmica na reformulação dos painéis, nove grupos de professores foram criados.
Cada equipe se responsabilizou em rascunhar em papel pardo, proposições compatíveis
às potencialidades e demandas ambientais dos cinco pontos onde estão situados
os painéis.
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Por
estarem os painéis distribuídos em pontos um pouco distantes um do outro, o uso
de veículos, ônibus, automóveis ou bicicletas, torna o passeio mais prazeroso.
No trajeto em direção aos painéis a participação de guias turísticos deve ser considerada,
pois pode proporcionar ao público visitante informações mais detalhadas sobre a
geografia, a história e a cultura da região.
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É
intenção da palestra e do tour no Morro dos Conventos e Ilhas foi construir
possibilidades de tornar visível à sociedade à existência desse complexo e
frágil mosaico paisagístico, que mesmo transformados em Unidades de Conservação
não são suficientes para garantir sua proteção.
Envolver o corpo docente das escolas públicas, a exemplo da EEBA, é um
dos caminhos necessários para replicar essa iniciativa a um público maior.
Quando nos tornamos sujeitos do processo e não meros coadjuvantes somos
conduzidos a um grau de responsabilidade e cuidados por aquilo que conhecemos e
amamos.
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Esperamos
que essa rica iniciativa produza bons resultados, que sejamos lembrados um dia
pelo esforço descomunal praticado para deixar às futuras gerações o ambiente
íntegro e conservado como herdamos dos nossos antepassados. Que cada
profissional envolvido no processo seja um multiplicador, que inclua no seu
plano de trabalho elementos aprendidos na palestra e oficina. Só assim teremos
garantia de que nossos filhos e netos terão o mesmo prazer que estamos tendo
hoje de contemplar algo singular no planeta terra, o Oasis Morro dos Conventos.
Prof.
Jairo Cezar
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