FEIRA
INTERDISCIPLINAR DE CIÊNCIAS DA EEBA, AS FRONTEIRAS ENTRE O TRADICIONAL E O
INOVADOR NO CAMPO PEDAGÓGICO
Mesmo
com todas as dificuldades que se repetem ano após anos como a falta de recursos
financeiros e o excesso de atividades pedagógicas muitas vezes desnecessárias
que sobrecarregam os/as professores/as, a feira interdisciplinar de ciência da
EEBA vem se consolidando como proposta pedagógica alternativa importante, para
a divulgação de trabalhos e projetos inovadores que devem ser valorizados e integrados
ao Projeto Político Pedagógico.
Além
da oficina de teatro que a cada peça encenada surpreende o público revelando
novos talentos nas artes cênicas, nas áreas de língua portuguesa, língua
estrangeira, artes, biologia, geografia, entre outras, os trabalhos apresentados
cativaram o público infantil, adolescente e adulto, que transitaram pelas salas
e corredores do educandário durante o período matutino e vespertino da quinta
feira 23 de agosto de 2017.
Do
mesmo modo como se sucedeu no ano anterior, 2016, o projeto, agora modificado
com o título Escola Sustentável, também ocupou uma das salas da escola, onde
foram sistematizadas todas as ações e resultados dos trabalhos no segundo ano
de vigência. A mudança de nome do projeto se deu pelo fato de ter sido inserida
na proposta original o tema água, ficando, portanto, assim denominado o lema:
“Praticas Simples que auxiliam na Contenção dos Desperdícios de Energia
Elétrica e Água na EEBA.
Banners
contendo imagens das viagens de estudos; cartazes com informações sobre
reciclagem; lixeiras seletivas; demonstrações sobre os tipos de lâmpadas; placa
fotovoltaica e vídeos informativos acerca do uso correto de equipamentos
elétricos foram exibidos ao público. O objetivo das feiras interdisciplinares é
compartilhar com o publico as iniciativas e as criatividades dos/as estudantes.
Infelizmente as experiências obtidas nas feiras interdisciplinares ainda se
constituem como atos isolados no cotidiano das escolas públicas. Pesquisar, promover
viagens de estudos, elaborar relatórios, trabalhos interdisciplinares envolvendo
professores e estudantes, ainda não são regras e sim exceções nas escolas
públicas brasileiras.
Os
países que apresentam os melhores índices de desenvolvimento educacional tem as
suas escolas e metodologias ajustadas para estimular e despertar a capacidade
criativa do público estudantil. No Brasil, com raras exceções, tais práticas
transformadoras ocorrem uma vez por ano, e muitos casos com forte resistência
do corpo docente alegando falta de tempo ou dificuldade de associar os temas
abordados às ações concretas. Nosso modelo de ensino está muito distante de
romper com tradicionalismo, o tecnicismo pedagógico, basta observar os
mecanismos de avaliações adotados pelas escolas e em escala federal para
acessar as fases subseqüentes e as universidades.
No
entanto se debruçarmos sobre as legislações educacionais em vigor como os
Planos Nacionais, estaduais e municipais de ensino e a própria LDB, ambos
apresentam inúmeras prerrogativas que asseguram autonomia das escolas no
desenvolvimento dos seus programas de ensino incluindo o próprio modo de
avaliação. Em se tratando de Santa Catarina, a Proposta Curricular aprovada em
2014 estabelece um conjunto de princípios onde direciona as escolas à
desconstrução sistemática do atual modelo de ensino. Contudo, a proposta
curricular se choca frontalmente com um sistema de gestão pública ultrapassado,
retrógrado, dominador, repressor, e escolas depredadas, sem autonomia, sem
dinheiro, nem mesmo para promover pequenos reparos e a realização de atividades
extraclasses, como feiras educativas.
As
feiras interdisciplinares, entretanto, são um bom exemplo de como deveria funcionar
a educação brasileira. O gosto pela pesquisa, experiências, a construção de
maquetes, cartazes, vídeos, entre outras atividades, ativam a sensibilidade, a
criatividade e toda gama de múltiplos estímulos cerebrais. Para corroborar,
podemos citar como exemplo o grupo de 28 estudantes que atua diretamente no
projeto Escola Sustentável. Desde o momento que integraram ao projeto, participando
de reuniões ordinárias e atividades de campo, as mudanças de atitudes são perceptíveis
em cada um.
O
público que esteve presente na sala onde estiveram reunidos os coordenadores e
os integrantes do projeto sustentabilidade acompanhou as inúmeras explicações deve
ter avaliado a magnitude do projeto e a sua repercussão. São ações muito
simples que poderão fazer parte do cotidiano de cada um, como apagar a luz,
desligar a torneira, reciclar o lixo, entre outras tantas atitudes que tornam o
dia a dia das pessoas mais agradável e um planeta mais saudável. O fato é que o projeto escola sustentável, a
cada dia vem assumindo funções e desafios imensuráveis. Se hoje são 28
estudantes de um total de quase 800 matriculados e quase cem trabalhadores,
entre professores e demais servidores, a expectativa é que em pouco tempo todos
estejam engajados e compartilhando com o mesmo propósito.
Trabalhar
conceitos de sustentabilidade é um processo difícil e desafiador, pior ainda
quando estamos inseridos numa cultura onde por séculos se trabalhou a crença do
uso ilimitado dos recursos naturais. Do mesmo modo que se construíram hábitos
do desperdício, se torna um tanto difícil desconstruí-lo. Se diariamente
escovamos os dentes, lavamos as mãos, tomamos banho, etc., isso já faz parte da
nossa rotina, são hábitos quase que inconscientes. Jogar lixo na lixeira, reciclar
o lixo, desligar as lâmpadas, gastar o mínimo de água, etc., devem se
constituir como prioridades das nossas vidas. Não mais apenas por querer uma
melhor qualidade de vida, mas por necessidade, pela sobrevivência do planeta.
Prof.
Jairo Cezar
Nenhum comentário:
Postar um comentário