INTEGRAÇÃO
DOS COMITÊS ARARANGUÁ E MAMPITUBA ALIMENTA A ESPERANÇA DE SALVAMENTO DAS LAGOAS DO SOMBRIO E CAVERÁ
Na
noite do dia 27 de outubro de 2016, quinta feira, nas dependências do Instituto
Federal de Santa Catarina, município de Sombrio, mais uma etapa foi cumprida na
integração da bacia hidrográfica do Rio Mampituba, lado catarinense ao comitê
da Bacia do Rio Araranguá. No encontro, além da presença dos delegados
representantes das entidades que integram o comitê Araranguá e mampituba, (lados
gaúcho e catarinense), também estiveram no local autoridades políticas e a
Procuradora do Ministério Público Federal de Criciúma, Patrícia Muxfeltd, uma
das apoiadoras no processo de integração.
Na
sequênca, o presidente e a presidente dos comitês mampituba e Araranguá fizeram um breve relato histórico de criação e
de ações desenvolvidas por ambos os comitês. Em relação ao Rio Mampituba, a
presidente ressaltou que a contaminação por agrotóxicos proveniente da cultura
do arroz, ocupação irregular das APPs e o despejo de esgotos são demandas que
devem ser priorizadas como forma de recuperar a qualidade da água referido rio.
Relatou que o município de Torres vem tratando cerca de 40% do seu esgoto,
porém, o município catarinense de Passo de Torres separado do município gaucha
pelo rio mampituba não trata ainda seu esgoto.
A
procuradora federal afirmou que o MPF vem atuando no município catarinense,
impondo algumas ações à administração como forma de minimizar os impactos
ambientais no referido manancial. Além da execução do plano de regularização
fundiária, recomendou a construção de uma usina para o tratamento do esgoto. No
entanto, até o momento nenhuma ação concreta foi deliberada, cuja alegação da
administração pública é as precárias condições financeiras do município considerado
um dos mais pobres do estado catarinense.
O
presidente do comitê Araranguá argumentou que nos quinze anos de trajetória do
comitê muitas ações foram realizadas, dentre as mais importantes foi a mediação
de conflitos no uso da água envolvendo seguimentos ligados a agricultura e a
agroindústria em 2012, período em que região enfrentou uma das maiores estiagens
da história. Outras demandas o comitê vem atuando em parceria com o judiciário
estadual e federal para a busca de soluções de crimes ambientais nos afluentes
da bacia do rio Araranguá.
A
extração de seixos rolados é um deles. O coordenador da comissão pró comitê Mampituba,
lado catarinense, vereador Marcelo Areão, admitiu que a concretização desse
processo resultará em muitos avanços para a região podendo contribuir para a
solução de demandas históricas como os impactos ambientais sofridos pelo
complexo lagunar. Quanto a questão da água e os projetos polêmicos como a
barragem do Rio do Salto, que resultou na remoção de centenas de famílias de área
a ser inundada, a procuradora afirmou que obras dessa envergadura são
extremamente impactantes ambientalmente. Reafirmou que o projeto não atenderá
sua verdadeira finalidade que seria abastecer com água a população, e sim
atender o setor rizicultor. Segundo ela, do total de água que comportará na
barragem, 97% será para a agrícola.
É
preciso encontrar outros caminhos alternativos para resolver tais contingências
relativas à escassez de água, como a recuperação das APPs e novas técnicas de
cultivo de arroz que minimize ao máximo o uso da água. Algumas pessoas presentes
aproveitaram a ocasião quando estava sendo discutidos impactos ambientais para
fazer comentários de trabalhos de pesquisas realizados ou que estão em
andamento. Cultura do arroz, agrotóxicos, mineração, esgotos e o complexo
lagunar são alguns temas das pesquisas desenvolvidas.
De
acordo com o coordenador da ONG aguapé, é urgente a criação de uma unidade de
conservação como forma de estabelecer um plano de manejo para a recuperação e
proteção do complexo lagunar (caverá e sombrio). As próximas etapas agora serão
as mobilizações das administrações públicas municipais, reiterando os seus
compromissos com a integração das bacias e, por fim, a elaboração de um dossiê contendo
as principais demandas dos municípios banhados pelo rio mampituba e seus
afluentes. O documento será encaminhado ao Conselho Estadual de Recursos
Hídricos de Santa Catarina.
Prof.
Jairo Cezar
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