EFEITOS POTENCIAIS NA SAÚDE HUMANA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS E DE SEUS AGROTÓXICOS
ASSOCIADOS
Os temas
polêmicos como agrotóxicos e transgênicos continuam sendo discutidos no estado
de Santa Catarina, no entanto, os resultados ou resoluções tomadas nos
congressos,seminários, conferências ou audiências públicas, geralmente ficam
restritas a um seleto público, não chegando ao conhecimento de expressiva
parcela da população. É sabido também que geralmente temas polêmicos como
esses, raras são as coberturas jornalísticas feitas pelas grandes mídias, ou
quando o fazem são fragmentos, retalhos, de tal modo que não afrontem
interesses de grupos econômicos importantes no seguimento agroindustrial.
Vasculhando
as redes sociais e sites especializados sobre os respectivos temas acima
mencionados, me senti comovido por ter tido a grata sorte de acessar o Blog da
FCCIAT (Fórum Catarinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos) - vinculado
ao Ministério Público Estadual de Santa Catarina e encontrar na página, vídeo na
íntegra da audiência pública ocorrido no dia 07 de abril de 2016, sobre os
Efeitos potenciais na saúde humana o consumo de alimentos transgênicos e dos
agrotóxicos associados. No encontro o convidado para palestrar foi o professor Dr.
Robin Mesnage, pesquisador britânico do Departamento de Genética Médica e
Molecular do Kings College, de Londres, que tem como um dos focos de seus
estudos o agrotóxico Glifosato.
No início da fala o professor abordou o processo de evolução
da agricultura que cada vez mais os espaços para o cultivo estão se limitando devido
ao elevado custo da terra, a escassez de água e as mudanças climáticas. Destacou
algumas revistas de renome internacional como a TIME, dos Estados Unidos, que
vem apoiando e dando cobertura às pesquisas, com intuito de disseminar tecnologias
transgênicas e de agrotóxicos no mundo inteiro. Foi enfático em afirmar que o problema da fome no
planeta não está condicionada a escassez de alimentos, e sim do desperdício
generalizado.
Quanto
aos transgênicos, admite que essa tecnologia não contribuiu para a elevação da
produção como acreditavam seus criadores, que nos EUA tais variedades vêm sendo
criticadas e substituídas por cultivares tradicional. Outro aspecto negativo acerca
das variedades modificadas é que houve o aumento desproporcional do comércio de
agrotóxicos para combater determinadas “pragas”, que vem se tornando mais
resistentes, especialmente ao aditivo glifosato, um dos componentes do Roundup.
A questão é que nas análises laboratórios, a molécula avaliada geralmente é a o
glifosato, excluindo as demais moléculas adjuvantes ao produto. Frequentemente as
pesquisas com o glifosato são realizadas com cobaias ratos, cujos resultados
comprovaram que fêmeas desenvolveram tipos de câncer nas glândulas mamárias,
enquanto os machos tiveram problemas renais e no fígado.
Quando os
estudos foram concluídos e publicados nas principais revistas científicas, os
pesquisa dos sofreram perseguições e violentas críticas das grandes
companhias alegando que os dados apresentados eram insuficientes e que deveriam
ser refutados. O próprio presidente da Monsanto encaminhou carta argumentando
que os pesquisadores vinham comprometendo economicamente a companhia pelo fato
de ter gerado confusões junto aos consumidores onde restringiam a compra de tais
produtos. Recomendavam que fossem realizados novos estudos mediante a contratação de
uma empresa independente.
Em junho
de 2015 foi publicado em periódico na Inglaterra novo estudo confirmando o que
tinha sido apresentando antes, que as amostras não estavam alteradas, porém,
com a ressalva de que nem todos os transgênicos tinham sido testados em tempo
curto. Deixou claro que o Roudup é o herbicida mais estudado na história dos
agrotóxicos, pois sua origem data da década de década de 1970, que sua
comercialização se dá como uma formulação única, excluindo as demais moléculas
compostas.
Na
verdade o Roudup é constituído por vários adjuvantes, entre eles o glifosato,
que é entre os demais o único testado em laboratório. A opção para análise dos
princípios ativos é da própria empresa interessada. Convém destacar que a
presença dos aditivos coadjuvantes ao glifosato ocorre por serem necessáriosà
fixação do herbicida no solo e nas plantas. Muitas vezes ou quase sempre a
toxidade se dá devido a presença dos outros componentes presentes e não
necessariamente do próprio glifosato.
A não
realização de análises de toxidade dos demais aditivos sempre tem como
justificativa o elevado custo financeiro. Os danos hormonais derivado das
moléculas presentes no Roudup também são negligenciados. Não se procede também
exames futuros dos organismos como dos camundongos, desde a fase pré-natal até
a fase adulta, monitorando suas mutações biológicas. No ambiente natural esses
aditivos se tornam mais tóxicos trazendo desequilíbrio a certos ecossistemas,
bem como comprovadas alterações genéticas em peixes e colapsos em colmeias.
Quando
questionado sobre ações que devem ser tomadas para reverter o processo que parece
ser inevitável, defendeu que fosse repensado o atual modelo de
produçãoagrícola, que se utiliza quase que exclusivamente dos combustíveis
fósseis de alto impacto ambiental. A agroecologia deve fazer parte dos debates
dos governos e organizações civis, pois sua disseminação poderá resolver o
problema da fome alimentando nove bilhões de humanos na próxima década. Essa é
uma prática de baixo impacto ambiental que pode ser integrada com outas
atividades como a produção de animais e rotações de culturas.
Não
descartou o uso das novas tecnologias como os transgênicos, que infelizmente estão
sendo controlado por grandes corporações, cujo principal objetivo é o lucro.
Revelou que o Glifosato quando foi patenteada, sua fórmula principal era de um
antibiótico, ou seja, seria utilizado como medicamento para animais. Não há
dados ainda confiáveis sobre os efeitos dos transgênicos sobre o organismo
humano. Acredita-se que algumas anomalias como reações alérgicas tenham
relações com a presença de substâncias estranhas acumuladas em órgãos humanos
como o intestino.
Quando
questionado sobre quais entidades pesquisadoras que vem se debruçando intensamente
sobre o assunto e sua confiabilidade, mencionou a IARC (International Agency For
Reserach On Câncer) vinculada a OMC (Organização Mundial do Comércio), cujos
cientistas se vêm tendo posicionamentos idôneos nas interpretações dos dados
pesquisados. Uma das debatedoras nascida na Colômbia questionou o professor
sobre o problema dos transgênicos e dos agrotóxicos no seu país. Segundo o
professor, o quebra-cabeça Colombiano se deu a partir do plano de erradicação
das plantações de coca, através da pulverização com agrotóxicos. Milhares de
pessoas no campo foram contaminadas gerando tipos diferentes de cânceres.
Os
agricultores foram incentivados a substituírem técnicas agrícolas milenares por
outras modernas, a dos transgênicos. O governo, atrelado as grandes corporações
do agronegócio, promoveu a distribuição gratuita de sementes e agrotóxicos aos
agricultores. Essa política de caráter beneficente não perdurou, obrigando os
agricultores a comprarem os produtos para poderem cultivar. Criou-se assim uma
relação de dependência entre as companhias e os produtores rurais.
Outro
questionamento feito foi quanto ao aspecto jurídico, se na Europa existe alguma
agencia reguladora dessas tecnologias. O professor respondeu que o problema na
Europa também é muito grave, que há fortes conflitos de interesses, que os
testes dos produtos geralmente são feitos por laboratórios da própria empresa
ou contratado por elas, cujos diagnósticos permanecem em segredo.
Na
conclusão de sua fala, insistiu em afirmar que a saída está na agroecologia, no
desenvolvimento de ações locais, do cultivo e do consumo de alimentos
produzidos por pequenos agricultores, especialmente os que não utilizam
agrotóxicos e sementes modificadas. Destacou que entre os países que pouco ou
quase não utilizam agrotóxicos está Cuba, que o motivo está na dificuldade para
a aquisição e o bloqueio econômico foi um dos motivos. Quanto aos transgênicos,
90% da produção mundial estão concentradas nos Estados Unidos e América do Sul.
Que no mundo, são cerca de 20 países que adotam tais variedades modificadas. Na
comunidade Europeia o único país que cultiva transgênico é a Espanha.http://fcciat.blogspot.com.br/2016/03/britanico-robin-mesnage-fara.html.
FCCIAT (FÓRUM CATARINENSE DE COMBATE AOS AGROTÓXICOS E TRANSGÊNICOS)
Prof. Jairo Cezar
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