COMO SE COMPORTAM PODEROSAS CORPORAÇÕES, AGÊNCIAS
REGULADORAS E GOVERNOS EM RELAÇÃO AOS AGROTÓXICOS E PLANTAS GENETICAMENTE
MODIFICADAS
A
partir do término da Segunda Guerra Mundial empresas que durante o conflito faturaram
bilhões na comercialização de substâncias químicas para dizimar florestas e seres
humanos tiveram um revés econômico sem precedente. Encontrar alternativas que os
salvassem da falência levaram governos e instituições de pesquisa a trabalharem conjuntamente
na busca de estratégias para que tais aditivos químicos fossem adaptados para uso
agricultura, exterminando “ervas daninhas”, fungos, insetos, entre outros.
Nos
anos de 1960 e 1970 deu-se início em escala global em especial nos países em
desenvolvimento a chamada Revolução Verde, programa mundial de incentivo a
produção de alimentos com o emprego de tecnologias modernas, sementes modificadas
e agrotóxicos. Muitas companhias transnacionais vieram a se especializar nesse
novo nicho de mercado transformando-seem poderosas corporações ao ponto de
influenciar governos nas definições de modelos de produção agrícola. Convém
informar que a Revolução Verde se deu no interior um processo político
conhecido por Guerra Fria. Os países capitalistas da época dentre os Estados
Unidos estavam apreensivos com a forte disseminação da ideologia socialista
entre os mais carentes, cuja fome assolava expressiva parcela da população.
Atender
essas populações famintas e suscetíveis às ideias socialistas, teoricamente foi
um dos principais motivos que levaram governos e grandes corporações a articularem
plano capaz de suprir as carências alimentares dessas populações. A Revolução
Verde, aparentemente teria esse propósito, além, é claro, salvar da falência as
indústrias do veneno. O resultado foi o aumento da produtividade e da
degradação ambiental, porém a fome permaneceu em muitos casos como no Continente
Africano, Ásia e América Latina, elevou-se exponencialmente. Não adianta elevar
a produção se a população não tem recursos suficientes para a aquisição.
Retornando
ao cenário local sobre os agrotóxicos, um exemplo do poderio desse setor foi a
aprovação em 2008 da PL. 4048 de autoria do deputado ruralista Luiz Carlos
Heinze (PP/RS)que dispensa empresas a fixarem nos rótulos de embalagens de
alimentos para consumo humano a logomarca (T) Transgênico. Não há dúvidas que
por trás de tais ações não restritivas há mãos das poderosas empresas do
seguimento agrícolas -Monsanto e Syngenta, entre outras. Para se ter noção da
supremacia dessas companhias, somente no Brasil, em 2013, o comércio de venenos
rendeu cifras bilionárias totalizando 25 bilhões de reais.
Com a expansão
do agronegócio e das variedades de plantas geneticamente modificadas associadas
ao emprego do agrotóxico,legislações e resoluções específicas sobre o tema foram
sendo sancionadas.À frente desse cenário, Universidades e Organizações Científicas
nacionais e multinacionais vêm se debruçando em pesquisas sobre componentes e
princípios ativos presentes em agrotóxicos, já banidos há anos em muitos países
para presentarem riscos à saúde humana e alterações na cadeia alimentar.
No
Brasil, empresas como a EMBRAPA e ANVISA são responsáveis pelas pesquisas, regularizações
e autorizações no uso de certos componentes químicos à agricultura. Até 2014, o
Brasil se posicionava atrás dos EUA na comercialização de agrotóxicos.No
entanto, em 2015, a liderança dos Estados Unidos foi superada pelo Brasil.Esse
nefasto ranque não é nada saudável, pois torna os agricultores reféns às
empresas do setor. O que preocupa também é a falta de regras claras sobre os
componentes adjuvantes, bem como a inoperância dos órgãos fiscalizadores no
controle da produção e comercialização dessas variedades ainda pouco estudadas.
Acredita-se
que o aumento da incidência de CARCINOMAS e outras tantas doenças do aparelho
neurológico tenham estreitas relações com a exposição e ao consumo de alimentos
contaminados e modificados geneticamente. Em relação aos herbicidas as
legislações em vigor determinam o uso exclusivo à agricultura, não estando
autorizada a disseminação em áreas urbanas. Em âmbito estadual, em 2009 a Assembleia
Legislativa de Santa Catarina aprovou a Lei n. 14.734 proibindo uso de
agrotóxicos em faixa de domínio de ferrovias, rodovias, vias públicas, ruas,
passeios, calçadas, avenidas, terrenos baldios, margens de arroios e vales em
todo território do Estado.
Em
agosto de 2015 em reportagem publicada pela RBS sobre agrotóxicos no estado, o
professor do curso de agronomia da UFSC relatou que durante os 15 anos
dedicados aos estudos sobre o assunto, as amostras investigadas confirmaram que
muitas das doenças diagnósticas têm relação com a ingestão de tais substâncias.
Que além da contaminação em mamíferos e humanos, seus impactos à cadeia trópica
vêm resultando no desaparecimento de sapos, rãs e demais espécies de anfíbios e
répteis.
As certezas
quanto aos riscos do glifosato ao ambiente e à saúde humana estão cada vez mais
evidenciadas. Admite-se que a incidência de certos tumores e outros problemas
congêneres como depressão, mal de Alzheimer, Parkinson, renal e do sistema
reprodutor estão relacionadas ao glifosato, o aditivo do Roundup mais
comercializado no Brasil, segundo o professor Rubens.
http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/bom-dia-santa-catarina/videos/v/pesquisa-da-ufsc-aponta-que-agrotoxico-glifosato-pode-causar-cancer-e-outras-doencas/4364901/
Outra reportagem
publicada pelo jornal digital OCP ONLINE, de Jaraguá do Sul/SC, em junho de
2015, chamou a atenção o elevado consumo de agrotóxicos no estado de Santa
Catarina. Segundo pesquisas, em 2012 o estado foi classificado em 4°entre os 27
de maior consumo por hectare, ou seja, 6,6 kg, quase o dobrou da média
nacional. O que é assustador é quanto ao modo equivocado no manuseio dos
pesticidas e herbicidas, que também se agravou.
Por
outro lado, embora sendo um tanto quanto paradoxal, o estado catarinense é um
dos únicos da federação que periodicamente promove análises laboratoriais para
avaliar a toxidades dos alimentos comercializados em feiras, supermercados.
Segundo o órgão estatal responsável, a CIDASC,em 2014 do total de amostras
analisadas, 20% tem aplicação irregular de agrotóxicos. De acordo com
legislações em vigor, todos os consumidores deveriam ter conhecimento da
procedência dos alimentos adquiridos. No entanto poucos são os estabelecimentos
que apresentam informações nos rótulos dos alimentos comercializados. http://ocponline.com.br/noticias/alerta-sc-e-o-quarto-do-pais-na-venda-de-agrotoxico-a-agricultura/
De
todos os estados brasileiros pesquisados sobre o percentual de agrotóxicos presentes
em alimentos,pasme, o Amazonas foi o que apresentou resíduos que o colocaram em
primeiro. Em análises laboratoriais feitas, constatou-se a presença de
partículas tóxicas 50% acima da média nacional em legumes como Pimentão - 84,9%
e couve, 24,3%.Os impactos dos agrotóxicos na vida da população e dos sistemas
de saúde pública são tão alarmante que algumas mídias conservadoras estão
abrindo espaço nas suas programações jornalísticas para alertar a população
sobre como evita-los.A reportagem mais recente e de repercussão nacional foi publicada
em 03 de novembro de 2011 no documentário,Profissão Repórter, da Rede Globo. Equipes de
jornalistas visitaram quatro cidades brasileiras, uma no Ceará, duas no
Espirito Santo e uma no Rio Grande do Sul, onde investigaram se as causas dos
elevados índices de doenças degenerativas e neuropsíquicas tem relação com o
modelo agrícola praticado nessas cidades.
Uma das
cidades investigadas é Limoeiro do Norte, na Chapada do Apodi, estado do Ceará.
A região vem se destacando nos últimos anos na fruticultura, que de acordo com
estudos feitos pala UFC(Universidade Federal do Ceará) o percentual de casos de
câncer entre os habitantes do município é 38% maior que nas outras cidades não inseridas
no agronegócio. Em análises realizadas pelo Dr. Ronaldo Pinheiro da UFC com 43
trabalhadores, 11 das amostras laboratoriais obtidas apresentaram alterações. Má
formação congênita é uma das anomalias mais frequentes na região. Com base em
análises comparativas, no município o percentual é 75% maior que a média
brasileira.
A
reportagem também foi feita no município de Santa Cruz do Sul uma das maiores
produtoras de tabaco no Brasil. Tanto nessa cidade do sul do Brasil como nas
demais em que os repórteres tiveram é assustador o volume de agrotóxico
disponível, bem como o explícito despreparo ou descuidos dos agricultores na
sua manipulação. Raros são os que cumprem as recomendações disponibilizadas nos
rótulos das embalagens. O a agravante é que muitos dos produtos ainda
livremente utilizados especialmente na cultura do fumo, com os ORGANOFOSFORADOS,
já foram banidos há anos pelas agências de saúdes.
Das
2,400 pessoas entrevistadas em Santa Cruz do Sul, 63% confirmaram ainda usarem
organofosforados nas suas culturas. Um dos maiores problemas do município de
Santa Cruz do Sul são os elevados casos de depressão envolvendo agricultores
que trabalham com o Tabaco. Enquanto a média brasileira de suicídio é de 5 para
cada 100 mil habitantes, na cidade gaúcha o índice chega a 28 pessoas por 100
mil. Durante a safra do tabaco, os agricultores chegam a manipular 10 tipos
distintos de agrotóxicos.O estado do Espírito Santo, segundo relatório emitido
pela SINOTEX/2012 é o que mais registrou casos de intoxicação (856) por algum
tipo de veneno em 2012.http://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2015/11/volume-de-agrotoxico-usado-no-pais-e-mais-que-o-dobro-da-media-mundial.html
Transitar
pelas ruas dos bairros do Município de Araranguá leva a constatação que há um
desconhecimento explícito do poder público e dos órgãos ambientais sobre as
políticas que disciplinam o uso de agrotóxicos. Embora o município de Araranguá
não tivesse sido incluído na reportagem do Profissão Repórter que tratou sobre
a incidência de agrotóxicos e seus efeitos à saúde, chamou a atenção o elevado
número de pequenas propriedades e lotes particulares da área urbana que se
utilizam da capina química. Certamente muitos do que estão se utilizando dessa
prática cômoda do veneno não tem a mínima compreensão dos seus terríveis
efeitos aos ecossistemas e a própria saúde.
Pesquisando
as legislações que tratam sobre o assunto no município, a Lei Orgânica Municipal
sancionada em 2014, o seu Art. 219, relativo ao Capítulo VII do Meio Ambiente,
estabelece a proibição de agrotóxicos para o combate do crescimento de vegetais
em áreas institucionais, em vias, e próprios públicos. Além das legislações
restritivas conhecidas, quatro anos antes de o município de Araranguá homologar
a Lei Orgânica, a Diretoria Colegiada da ANVISA lançou comunicado vetando
a CAPINA QUÍMICA (Limpeza com Veneno) e reafirmando que não há qualquer produto
registrado para tal finalidade.
A
ANVISA recomenda, no caso da aplicação em área rural e outros ambientes
específicas, que no momento da aplicação, o entorno deve ser isolado e
sinalizado. Outra recomendação é que os responsáveis pela aplicação devam estar
trajados com equipamentos especiais, macacão, luvas, botas, etc. Portanto, a decisão
de excluir as áreas urbanas, parte do pressuposto que não há instrumentos de
controles recomendados às áreas rurais.
Tais
ações restritivas ao uso de agrotóxicos já haviam sido publicadas pelo IBAMA em
2001, quando recomendou que nas embalagens, os rótulos e bulas,destacassem a não
recomendação para limpeza de ruas, calçadas, etc. O próprio Ministério do Meio
Ambiente e da Agricultura referendaram tais recomendações. Mesmos com tantas
leis e resoluções em vigor, não há qualquer demonstração que órgãos ambientais
municipais e o próprio poder público estão cumprindo tais determinações. Tanto
não é que o próprio poder público de Araranguá vem autorizando a aplicação de
herbicidas em vias públicas.
AGROTÓXICOS VIAS PÚBLICAS DO MORRO DOS CONVENTOS
AGROTÓXICO - VIAS PÚBLICAS DO MORRO DOS CONVENTOS
Com
base em avaliações técnicas que comprovam riscos à saúde e ao ambiente, em 2015
a ANVISA encaminhou resolução designando que sejam punidos administradores
públicos que autorizarem a capina química, bem como empresas que comercializam
produtos do gênero sem seguir as normas legais recomendadas. A legislação
também impõe que as empresas do setor somente poderão comercializa-los apresentando
receituário descrito por profissionais autorizados, nesse caso o agrônomo.A não
obediência desses dispositivos legais incorre empresas e o poder público sem sansões
jurídicas e administrativas. Nos municípios as próprias vigilâncias sanitárias são
autorizadas a promoverem ações educativas e de conscientização para prevenir e
eliminar riscos da capina química à saúde pública.
São
inúmeros os componentes sintéticos que compõem os agrotóxicos que
comprovadamente quando estão em contato com a água e o ar provocam reações
químicas cujos efeitos são ainda desconhecidos. No interior dos organismos das
plantas e animais o processo segue princípios semelhantes. Araranguá, cuja
permeabilidade do solo é quase nula devido a pavimentação com lajotas e
asfáltica das ruas, há de se acreditar que os resíduos de herbicidas lançados e
retidos, com a chuva, serão transportados para as bocas de lobos contaminando
os lençóis freáticos, córregos, mananciais, rios, oceanos, etc.
Segundo
relatório da ANVISA,herbicidas como o GLIFOSATO NORTOX NA (Classe II), quando
são aplicados em vias urbanas, não sofrem degradação com a incidência de água e
ar, mantendo-se ativo por longo tempo intoxicando e contaminando microrganismos,
minhocas, aves, abelhas e mamíferos, etc. Certos microrganismos erradicados
pelo veneno são indispensáveis para a regeneração do solo. A própria IARC
(Agência Internacional de Pesquisa Sobre o Câncer) vinculada a OMS, classificou
variedades de venenos como herbicidas de Classe II (herbicidas) modificadores
do DNA humano e que resultam em cânceres.
Acatando
as pressões do agronegócio devido a altas incidências de pragas resistentes aos
agrotóxicos convencionais, em 2013 ou 2014 a ANVISA autorizou a importação do
agrotóxico 2,4 D, que se tornou o terceiro mais comercializado no Brasil. O que
causou apreensão diante da decisão da ANVISA é que esse agrotóxico já está
banido em países como Dinamarca, Suécia e Noruega desde 1997, devido a sua alta
periculosidade. O risco dos venenos é que diante de sua insistente aplicação,
“plantas daninhas”, fungos entre outros organismos invasores, vão adquirindo
resistência exigindo mais e mais doses adicionais de venenos.
Em 2014
foi publicado artigo“Governo e gigantes da agroquímica colocam em xeque à
saúde da população brasileira” onde faz
revelações contundentes acerca da política dos agroquímicos no Brasil.Traz
também dado como o aumento da incidência de doenças degenerativas nos estados
com o predomínio do agronegócio: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo,
etc. O artigo ressalta a postura complacente dos órgãos reguladores e
fiscalizadores;congresso nacional e do próprio poder executivo federal frente
aos impactos ambientais resultantes dos agrotóxicos.
http://morrodosconventos-jairo.blogspot.com.br/2014/07/governoe-gigantes-da-agroquimica.html
Depois de intensas investidas de entidades
científicas como a IARC, vinculada a OMC, que durante anos vinham pressionando
a ANVISA para rever seu posicionamento quando alguns agrotóxicos autorizados
como o Glifosato, em 2015 finalmente saiu o parecer da agência no qual classificou
o componente do herbicida de provável cancerígeno. Não podemos esquecer que
esse componente, o Glifosato, é o de maior consumo no Brasil. Agora a pressão é
que se faça o mesmo com o agrotóxico 2,4 D.
Muitas vezes quanto questionados, tanto os porta
vozes dos fabricantes de agrotóxicos e os técnicos da própria ANVISA acerca da
periculosidade de aditivos que compõem os agroquímicos, ambas as respostas dão
conta que riscos ambientais e humanos são mínimos. O que não revelam é que
quando componentes ou moléculas distintas são aplicados numa mesma planta tais moléculas
tendem a reagir distintamente, cujos efeitos aos ecossistemas são ainda
desconhecidos. Outro dado preocupante é quanto a revisão das pesquisas
relativas às moléculas dos agrotóxicos, ou seja, a avaliação laboratorial se
ambas continuam preservando os mesmos comportamentos químico/físicos quando das
últimas análises realizadas.
Nos Estados Unidos esses procedimentos ocorrem entre
10 ou 15 anos, enquanto que no Brasil, não se tem previsões de quanto em quanto
tempo. A alegação dos órgãos competentes brasileiros da não realização
rotineira das avaliações é devido a escassez de profissionais. Depois de anos de
pesquisa envolvendo pesquisadores de 11 nacionalidades, incluindo o Brasil, a
IARC/OMC publicou monografia que traz informações referentes a cinco
ingredientes ativos nos agrotóxicos. Além da molécula Glifosato está nessa
lista o tetraclorvinfós, banido na União Europeia. Esse último, no Brasil e EUA
são comercializados para uso veterinário e antipulgas para animais de estimação.
A paratina metílica, também classificada como cancerígena,
proibida nos EUA em 2013, União Europeia e, surpreendentemente na China. No
Brasil esteve na lista para banimento, porém foi suspenso através de um mandato
de segurança que permaneceu no mercado para comercialização. O fato é que tais
ações, na burocracia que é a justiça brasileira, podem ser proteladas por meses
e até anos. Nesse interim as empresas que ajuizaram as ações enquanto não julgadas
permanecerão produzindo e comercializando os produtos sem qualquer impedimento
legal. A Malationa, usado na agricultura e em programas de saúde pública,
controle de insetos, também é um possível cancerígeno. Diazinona, também se
aplica na agricultura, uso veterinário e jardinagem. Esse princípio ativo, nos
EUA seu uso é autorizado com restrição, enquanto que na União Europeia foi
banido.
Quanto aos componentes do glifosato, em 2008 foi
lançada portaria que autoriza a reavaliação dos componentes desse agrotóxico. A
empresa contratada foi a FIOCRUZ , que não indicou seu banimento por não ter
provas concretas na formação de tumores e outras patogenias. Quando da
comprovação que tais ingredientes são causadores de patogenias crônicas ou
outras males, a Lei n. 7.802/1989 e o Decreto n. 4.074/2002 determinam que sua
comercialização seja proibidahttp://portal.anvisa.gov.br/wps/content/anvisa+portal/anvisa/sala+de+imprensa/menu+-+noticias+anos/2015/anvisa+esclarece+sobre+carcinogenicidade+de+cinco+substancias+comercializados+no+pais
Em
relação a legislação brasileira sobre os agrotóxicos a mesma é extremamente
falha. Outro problema brasileiro é em relação as agencias responsáveis pela
avaliação e reavaliação das composições dos agrotóxicos. Enquanto nos Estados
Unidos são 850 profissionais disponíveis para tais fins, no Brasil, o número é
absurdamente ridículo, são 45 técnicos ao total. Somente em 2013 havia 1.300 produtos na fila
de espera para avaliação de toxidade. O agravante é que tais agências
reguladoras incorrem de investidas políticas partidárias, ou seja, as
funções gerenciais ou de superintendências são barganhadas para partidos
políticos de base governista em troca de apoio.
As
disparidades também são observadas no que tange ao custo financeiro para
avaliação de qualquer ingrediente ou composto químico de uso agrícola. Nos
Estados Unidos para cada molécula estudada o governo federal disponibiliza
cerca de 650 mil dólares. Já no Brasil, pouco supera os 10 mil dólares. Esses
valores absurdamente distintos comprovam a facilidade que é a liberação de
certos agrotóxicos. Anualmente nos Estados Unidos é cobrado uma taxa para
manutenção do registro do produto, enquanto aqui nada é cobrado.
O que é
mais estarrecedor nisso tudo é que há manifestações no congresso nacional já
com leis tramitando visando flexibilizar o poder dessas agências, IBAMA e
ANVISA, no que tange as políticas de regulação. Embora essas entidades sofram
todos os problemas de desmandos, ainda assim mantem certa independência e
imparcialidade nas suas decisões. Criar nova agência, unificando-as, ou
subjugá-las ao Ministério da Agricultura como se pretende, abriria totalmente as
portas para o completo domínio de seguimentos do agronegócio.
Muitos
devem estar perguntando por que o Brasil conquistou o título mundial de maior
consumidor per capto de agrotóxico do planeta. A resposta está na própria
política adotada pelos governos de estimular o agronegócio, associado a
comercialização de sementes geneticamente modificadas e agrotóxicos. No Brasil
há alguns as empresas que produzem e comercializam esses produtos foram
isentadas de pagamento de IPI; PIS/CONFIS e 60% do valor recolhido de ICMS.
Isso faz com que o produto chegue às mãos do agricultor a um valor muito baixo.
São essas isenções no qual o governo deixa de recolher que poderia estar sendo
investido em políticas de incentivo a agricultura familiar ou programas de
agroecologia.
Somente
nos Estados Unidos existem 50 agências reguladoras ou agências de proteção
ambiental. Esse seguimento, naquele país, é reconhecido como o quarto poder,
ficando atrás dos poderes executivo, legislativo e judiciário. É uma prova
cabal do compromisso e da respeitabilidade conferida ao seguimento agrícola e
aos seus derivados. Tem um orçamento de 10 bilhões de dólares, 3 mil
profissionais de tempo integral, todos doutores. A resposta do por que da
contratação de doutores está simples fato de que esses profissionais estão
munidos de informações capazes de confrontar com os técnicos das corporações
altamente gabaritados.
Essa
informação acima é reveladora, pois explica o motivo pelo qual de muitas ações
terem sido ganhas na justiça no Brasil por empresas do seguimento agrário. Se o manejo de certas pragas fosse realizado
de forma adequada no Brasil, haveria uma redução expressiva no consumo de
agrotóxicos alcançando a um patamar de 50%. https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=www.ihu.unisinos.br%20-%20fragilidade-da-anvisa-e-o-uso-indiscriminado-de-agrotoxicos-no-brasil-entrevistas-especial-com-victor-manoel-pelaez-alvarez(Instituto Humanitas Unisinos)
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