Incorporação dos afluentes da Bacia
do Rio Mampituba/Santa Catarina ao Comitê Araranguá foi defendido em
seminário realizado no Sombrio
Dando
continuidade as tratativas à criação do Comitê Compartilhado da Bacia do Rio
Mampituba, envolvendo os afluentes do lado catarinense e gaúcho, no dia 30 de
março de 2016, nas dependências da Câmara de Vereadores do Sombrio foi
realizado o I Seminário para discutir o tema acima. Na abertura do evento, o coordenador
Marcelo Fagundes Areão, que também é vereador e membro da ONG Aguapé, fez breve
retrospectiva dos passos trilhados até o momento sobre o assunto.
Na
sequência, o representante da Diretoria de Recursos Hídricos da SDS (Secretaria
do desenvolvimento Social), Cesar Rodolfo Seibet apresentou Slides no qual detalhou
o funcionamento e os trabalhos que a Secretaria vem desempenhando frente a
criação dos comitês no estado, reiterando o fortalecimento dos já existentes.
No que tange a federalização do Mampituba, por ser uma bacia federal de pequeno
porte, a Agência Nacional de Águas não demonstra interesse priorizando rios de maior
porte.
A proposta discutida em encontros anteriores
de se tentar no lado catarinense o mesmo procedimento do estado vizinho, ou
seja, a criação de comitê apenas com os afluentes do Mampituba, não é um
caminho seguro e oportuno, segundo o representante da SDS. O fato é, segundo
Cesar, que a Resolução do Conselho Estadual de Recursos Hídricos de Santa
Catarina, não prevê a criação estadual do Comitê Mampituba. O que poderia ser
feito, porém de sucesso pouco provável, é a alteração da resolução na Assembleia
Legislativa de Santa Catarina.
Propôs,
como medida paliativa, até que a ANA incluísse o Mampítuba na pauta, que fossem
agregados os afluentes ao comitê do Araranguá. Citou exemplos de bacias no
estado que tomaram tal procedimento como o Rio Canoinhas que abraçou o Rio
Negro; o Rio da Madre contígua ao rio Cubatão. Se essa decisão for tomada,
instruiu os membros sobre os procedimentos que deverão seguir para sua
homologação, dentre elas a redação de documento a ser encaminhado ao comitê
Araranguá para um provável aceite.
Depois
da explanação do representante da SDS, o Vice-Presidente do Comitê estadual Mampituba,
lado gaúcho, José Antônio Dambras, também discorreu sobre a história do comitê,
criado em 2012, através de decreto n. 19.834. Enfatizou municípios como Torres/RS
que tem se empenhado disponibilizando recursos para a viabilização de ações em
prol do comitê. Lembrou também de audiência na Procuradoria Federal de Criciúma
onde foram tratados procedimentos legais para a federalização da bacia. Reafirmou
que sua posição é pela federalização e o compartilhamento com o estado vizinho,
Santa Catarina.
Na
sequencia, teve a palavra o presidente do comitê Araranguá, Davide Tomasi,
destacando o longo e complexo caminho
trilhado pelo comitê desde a sua criação em 2001 através do decreto n.
3.620. Destacou, entre as muitas ações desenvolvidas, a apresentação do plano
de bacia, em 2015, e a mediação do comitê apaziguando disputas por água em 2012
envolvendo usuários de bacia. Na época a região enfrentou uma das maiores
estiagens da história. Concluídas as falas, deram inicio aos questionamentos. Um
dos participantes afirmou que o problema
da lagoa do caverá é antigo, que desde
2004 as autoridades vêm enrolando os moradores do entorno do manancial com
promessas de soluções jamais cumpridas. Foi citado documento emitido pela FATMA
(Fundação Tecnologia do Meio Ambiente) contendo 33 adendos ao projeto original,
porém, continua encalhado. Também foi questionado o paradeiro de documentos de
reuniões realizadas no passado, que comprovam que os debates relativos da criação
do comitê não são novos.
Um dos debatedores defendeu a criação de um
comitê próprio pelo fato da região apresentar características geomorfológicas
peculiares e distintas a bacia do rio Araranguá. A proposta de federalização seria
uma alternativa mais viável, citando exemplo o pacto federativo que estrangula
financeiramente os municípios. Portanto com a federalização ser teria maior
aporte de recursos federais, acrescentou.
Discutiu-se também acerca da formação de uma comissão para ir à ALESC
(Assembleia Legislativa de Santa Catarina) e forçá-la a alterar a resolução
sobre os comitês.
Cesar
da SDS alertou que a criação e pequenos comitês, como se pensa para os
afluentes do lado catarinense poderá emperrar no quesito representatividade, ou
seja, nos percentuais obrigatórios envolvendo usuários, sociedade civil e
governo. Que o melhor caminho, nesse momento, é o comitê da bacia contígua, envolvendo
os afluentes do lado catarinense ao Araranguá. Outro aspecto relevado quanto ao
comitê contíguo ao Araranguá é que tendo bons resultados e o subgrupo gestor
demonstrar empenho, isso os ajudará nas negociações junto a ANA e relação ao Mampituba.
Finalizando
as discussões, um dos debatedores propôs até que as propostas elencadas fossem encaminhadas
para votação. Sua defesa foi pela criação de um comitê próprio. Um dos integrantes
da comissão alertou que indo para votação, poderia haver divisão levando a um
possível aborto do movimento pró-comitê. O pedido de não votação foi acatado, prevalecendo
à proposta de contiguidade das bacias,
onde será debatido com a nova coordenação executiva do comitê Araranguá. Para
dar viabilidade as ações seguintes, foi constituída comissão permanente que
participará das tramitações tanto para obter o aceite do comitê Araranguá como
de tratativas futuras.
A comissão
foi assim constituída: Presidente, Watson Luiz Raiser da Cruz (Samae-Praia
Grande/SC); Secretário, Marcello Fagundes Areão (Vereador e integrante de ONG
Aguapé – Sombrio/SC); 2ª Secretária, Cleusa Pereira da Silva (Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Sta Rosa do Sul/SC);
José Gonçalves Elias ( Agricultor – Araranguá/SC) e Valdir Bardini
(Representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jacinto Machado/SC).
Formada a comissão, no dia 31 de março três
dos integrantes se fizeram presentes na assembleia ordinária do Comitê
Araranguá onde apresentaram solicitação de integração dos afluentes do Mampituba
ao Araranguá. Foi sugerido que se fizesse levantamento cuidadoso dos trâmites
do Comitê Tijuca integrado ao Biguaçu. Tais informações poderão auxiliar nos
trâmites legais envolvendo o Mampituba e o Araranguá. Foi também proposto que a
comissão elabore minuta e apresente na reunião do conselho consultivo do comitê
que ocorrerá em 28 de abril de 2016.
Prof.
Jairo Cezar
Nenhum comentário:
Postar um comentário