CAMPANHA
DA FRATERNIDADE DE 2025 – FRATERNIDADE E ECOLOGIA INTEGRAL
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Desde
que o papa Francisco assumiu o papado em 2013, foram inúmeras as ações
deliberadas em defesa do planeta terra. Um das mais importantes foi a campanha
da fraternidade de 2015, quando propôs que o tema tivesse alguma relação com a
defesa da mãe terra. Na época, o planeta já dava sinais nítidos dos efeitos
perversos da ação humana sobre sua biosfera, que medidas deveriam ser tomadas
urgentemente para não alcançar o estágio do não retorno. A terra como sendo o habitat
de todos os seres vivos, o tema inserido nas capas das cartilhas da campanha da
fraternidade de 2016 foi Laudato SI, que em língua portuguesa significa
“Louvado Seja”- O Cuidado da Casa Comum.
O
tema da campanha da fraternidade faz alusão a própria Encíclica com o mesmo
nome lançada pelo papa Francisco em 2015. O termo Encíclica é uma espécie de
carta escrita pelo papa, que é enviada as igrejas cristãs de todo o mundo, comunicando
alguma atualização à doutrina. Essa encíclica contém cerca de 200 paginas,
destacando pontos importantes de como os humanos deveriam se comportar para não
coloque em risco de colapsar a mãe terra, a casa comum de todos os seres vivos.
Durante a quaresma, com duração de quarenta dias, católicos, cristãos
ortodoxos, anglicanos, luteranos, e outras denominações Presbiterianas e
Reformadas, espalhadas pelo planeta, devem ter lido e debatido os capítulos da
cartilha, e certamente, tiveram melhor compreensão de que cuidar da terra ou da
casa comum é um ato divino, que segundo essas e outras religiões monoteístas, as
concebem o planeta terra e o próprio universo como uma criação de Deus.
Dez
anos depois da publicação da encíclica e da campanha da fraternidade, o cenário
que hora se vislumbra no horizonte do planeta terra é de extrema atenção e
preocupação. Parece que os ensinamentos trazidos por essa encíclica, mínimos
foram os resultados positivos nos corações e mentes das autoridades e do
segmento produtivo global. Desde então o clima do planeta vem sendo acometido por
intempéries com graus catastróficos de destruição. Os constantes e contínuos episódios
climáticos extremos, enxurradas e estiagens avassaladoras, dão mostras de que a
manutenção das atuais políticas produtivas insustentáveis está colocando o
planeta terra em um caminho perigoso do não retorno.
Parece
que os rotineiros encontros de cúpulas em defesa do clima, a exemplo das Cops,
como a de Paris, em 2015, não estão assegurando resultados desejados, como por
exemplo, evitar que a temperatura média do planeta não alcance a média crítica
de 1.5 graus Celsius, antes do final desse século. De acordo com estudos obtidos por organizações
que fazem o acompanhamento diário das temperaturas no planeta, há evidencias
claras que o limite preocupante de 1.5 graus Celsius, foi atingindo em 2024.
Sendo assim, o planeta já está em uma condição de emergência climática, ou
seja, que todas as medidas pensadas e discutidas nas COPs com prazos mais longos
para serem executadas, deverão ser imediatamente revistas, pelo fato de o limite
médio de temperatura de 1.5 termos sido antecipado em mais de meio século.
O
fato é que existem evidências claras que o planeta está aquecendo além do seu
limite desejado. São ondas de calor que vem transformando países ou continentes
inteiros em um verdadeiro caldeirão, cujas temperaturas facilmente superam os
40 graus Celsius. O que demorava cinquenta ou cem anos para quebras de
temperaturas médias globais, nos últimos cinco anos os cientistas comprovaram
por meio de monitoramento ter havido quebras recordes de temperaturas médias.
Os impactos do aumento médio da temperatura global influenciam diretamente em
toda a complexa biótica planetária, principalmente nos oceanos onde habitam espécies
extremamente frágeis e profundamente afetadas pelo aquecimento global.
Além
das entidades cientificas estarem envolvidas na tentativa de reverter o
possível hecatombe climático que o planeta terra está trilhando, organizações
sociais, ONGs, movimentos religiosos também estão se engajando conjuntamente na
esperança de sensibilizar as autoridades globais e segmentos econômicos, para que
repensem suas políticas e práticas produtivas consideradas degradantes e
impactantes à mãe terra. Novamente a igreja católica, como havia feito há dez
anos, por iniciativa do sumo pontífice, o papa Francisco, quando lançou à
encíclica, em 2025, determinou que a campanha da fraternidade nesse ano
abordasse tema vinculado à ecologia.
O
que causa espanto é o fato de uma religião como a católica com mais de um
bilhão de fieis seguidores no mundo inteiro, cujos reflexos da encíclica de
2016, Láudano Si, pouco efeito teve nas mudanças de comportamento das
autoridades no modo de compreender o planeta como um elemento vivo e frágil. Talvez
agora o Papa Francisco, pela sua forte vinculação às causas sociais,
humanitárias, tenta lançar sua última cartada em vida na tentativa de mais uma
vez sensibilizar a humanidade de que estamos num caminho sem volta. Ou repensamos e mudamos nossas praticas
comportamentais nada saudáveis com a nossa mãe terra ou teremos uma existência
bem curta junto com as demais espécies vivas existentes.
O
tema “Fraternidade e ecologia integral e o lema Deus viu que tudo era muito
bom”, tende a propor uma forte mobilização das igrejas cristãs cuja expectativa é
fazer as pessoas pensarem que a atual realidade planetária é extremamente
critica. Ecologia integral tem como fundamento, pensar o planeta como uma
grande casa viva, um complexo conjunto de teias, interconectadas e sensíveis a
qualquer ação antrópica. Apelar à religião, a fé, se mostra até plausível,
entretanto, nos debates acerca do tema é necessário dar bastante ênfase ao
atual modelo econômico, o poder das grandes corporações do petróleo, dos
agrotóxicos, entre outras, que estão por trás desse insano desejo de domínio
planetário.
Como
vem se observando no atual cenário global, dominado por guerras e disputas
comerciais entre grandes potencias, são raros, nos encontros envolvendo tais
lideranças, para tratar acordos de paz ou de negócios, a inclusão de demandas
elencadas nas conferências do clima, como a redução das emissões dos gases do
efeito estufa, investimentos em energias renováveis, agroecologia, etc. Fora
toda a negação articulada pelo grande capital sobre pautas ambientais, mais uma
vez é importante louvar o papa Francisco, que vem cumprindo a risca com o seu
propósito a frente do pontífice, a busca da conciliação entre as religiões, construção
de uma um mundo mais fraterno, mais tolerante, sem injustiças sociais.
Prof.
Jairo Cesa
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