AS
CONTRADIÇÕES ENVOLVENDO O TEXTO DA NOVA
PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA (2014) E O COTIDIANO DAS ESCOLAS PÚBLICAS
ESTADUAIS
Quase vinte e
cinco anos depois da implantação da primeira versão da proposta curricular
catarinense, e 18 anos da segunda versão, em 2014 o governo do estado
surpreendeu os catarinenses, bem como os (as) professores (as) com uma nova
proposta curricular, que segundo seus organizadores (as) se constitui em um
documento avançadíssimo por contemplar pormenores da contemporaneidade, dentre
eles as diversidades sociais e culturais como princípio da construção
individual e coletiva. Quem acompanhou passo a passo as etapas que converteram
nas três versões, 1991, 1998 e 2005, deve estar se perguntando, por que
investir tempo e dinheiro em uma nova propositura, quando se sabe que
dificilmente será concretizada com as que antecederam?
Outra vez os
dispositivos contidos no novo texto se contrapõem as diretrizes neoliberais
excludentes que embasam as políticas públicas para a educação dos atuais
governos. Para exemplificar, basta relembrar os cortes bilionários do
orçamento para educação nos dois últimos anos e a o teor restritivo do texto
relativo a BCNC (Base Curricular Nacional Comum). São passivos também de alusão
outros estratagemas de natureza classificatória como os sistemas de
avaliação nacional (ENEM/IDEB) que, por si só, já embaraça todo o arcabouço
teórico e metodológico esboçado nos Planos Nacional, Estaduais, municipais e na
PC-SC, 2014.
Será que outra vez
os (as) professores (as) da rede estadual terão que “engolir seco” mais um
engodo de uma proposta como as demais, que não tiveram participação efetiva na
sua elaboração? Relembrando a primeira proposta de 1991, depois de aprovada nos
10 anos que se seguiram, cópias foram distribuídas às escolas, que permaneceram
esquecidas ou apenas enfeitaram as estantes das secretarias e bibliotecas.
Habitualmente, quando o documento era trazido à discussão permeava entre os
(as) professores (as) certo desconforto pelo fato do distanciamento entre
teoria e prática. Embora a proposta fosse fundamentada seguindo a
filosofia sócio interacionista, a realidade se mostrava funcionalista,
cartesiana.
Uma proposta com
foco teórico metodológico alicerçado em vertentes marxistas, como
Vigotsky, Paulo Freire, Valon, entre outros, não coadunaria com os reais
objetivos das políticas públicas dos governos de plantão delineadas pelo
capital. Isso é tão real que, tivessem as propostas executadas, não teria o
Estado enfrentado inúmeras e extensas greves como as que se transcorreram na
vigência das Propostas Curriculares anteriores. A greve do
magistério que se sucedeu no governo de Pedro Ivo Campo, do PMDB, década de
1990, e violentamente reprimida pela polícia, foi uma delas. Na época a
categoria do magistério apresentava como com uma das suas bandeiras de luta o
cumprimento da proposta curricular.
Foi, portanto, nos
quatro anos da administração de Paulo Afonso Vieira, que sucedeu a revisão da
primeira proposta, que resultou em outro documento também fundamentado no
materialismo histórico e dialético. O governo de Paulo Afonso, comparado ao de
Pedro Ivo Campos, foi também pautado num discurso populista, cuja prática
negava categoricamente o que era dito. Sua plataforma de governo seguiu as
prerrogativas ditadas pelos banqueiros internacionais, que redirecionaram os
currículos à lógica da qualidade total. O treinamento de gestores e
professores através de cursos a distância como as teleconferências foi uma das
prerrogativas do seu governo.
Mais uma
vez, tanto Paulo Afonso como os governadores subseqüentes encaminharam a nova
versão revisada da proposta curricular às escolas, porém, o resultado foi
precisamente o que se presumia, infinitas cópias distribuídas às escolas e
professores (as). Como já era de esperar, o plano curricular não atraiu a
atenção dos (as) profissionais, ocupando junto com as propostas anteriores as
estantes das bibliotecas. Inevitavelmente, o processo de ensino e avaliação
manteve-se inalterado seguindo o modelo tradicional positivismo, conteúdo
tracejado na verdade, na realidade como algo dado, definitivo, acabado.
Alguém ainda
lembra-se do caderno de Estudos Temáticos, outra proposta ousada sancionada em
2005, que discorria sobre diretrizes que revolucionariam o ensino a partir das
séries iniciais. O foco no momento era a alfabetização baseada no letramento,
na educação e trabalho, entre outras ações mirabolantes, que dificilmente
sairiam do papel. Constituiu-se como manual semelhante as duas propostas
curriculares, extremamente ricas em informações e criticidade, porém, inviável
à aplicação, no modelo de administração que se seguia.
Durante sua
vigência quantas vezes professores, pais, estudantes, se reuniram para dialogar
e definir estratégias ou cronogramas de execução conjunta? É claro que não
foram e nem terão oportunidade para tanto, pois os estudos temáticos trazem à
luz a reflexão dos problemas do cotidiano em que a solução está na supressão
das desigualdades sociais e maiores investimentos em educação e qualificação
profissional. Frente aos novos desafios do capital que insiste em se reinventar
diante das crises cíclicas, às nações periféricas são imputadas agudas reformas
estruturais na educação, preconizando currículos mais enxutos e funcionais.
No Brasil esse processo de ajuste do capital vem se concebendo via
reforma curricular através da aprovação da BNCC, que já traz no seu corpo teórico
todo um recorte de saberes válidos, reconhecidos e aceitos, em detrimento de
outros.
A sistematização
do arcabouço teórico do que deve ser aprendido e o que ficou silenciado ou
excluído da Base Nacional foi parte de uma decisão política, pelo fato da
formulação do documento partir de um grupo de intelectuais indicados a partir
também de critérios políticos. Na mesma lógica dos governos populistas que
estiveram envolvidos na elaboração das propostas curriculares de 1991 e 1998,
os atuais continuam desperdiçando dinheiro com calhamaços e mais calhamaços de
cópias de uma nova proposta sem qualquer expectativa de que seja aplicada na
sua totalidade. Tentam enganar ou desviar a atenção da sociedade e dos (as)
professores (as) com algo que seria essencial antes de discutir currículo
e outras medidas desnecessárias nesse momento que é a recuperação física das
escolas e o cumprimento das legislações relativas ao piso salarial e plano de
carreira dos (as) professores (as).
Quanto as
escolas públicas estaduais, que inclui salas de aulas, quadras e ginásios
esportivos, anfiteatros e outros compartimentos, a região que congrega a 22ª GERED,
expõem um retrato preocupante em relação as condições infraestruturais das 43
unidades de ensino, que talvez se assemelhe as demais 1800 estaduais espalhadas
por “Toda Santa Catarina”. A informação repassada por um integrante
do Corpo de Bombeiro, que é o órgão responsável pela concessão de alvarás de
funcionamento das escolas, nos 16 municípios da AMESC onde existem unidades
estaduais, apenas 03 ou 04 possui alvarás. São escolas recém construídas e
inauguradas há dois ou três anos.
As demais 39 estão
irregular, porém, seu funcionamento foi autorizado desde que o órgão gestor, na
época SDR, encaminhasse plano de revitalização. Em 2014 o Secretario do órgão assinou
o primeiro termo de compromisso de recuperação, cujos prazos não foram
cumpridos. Em 2015, mais uma vez o acordo foi assinado com a promessa de que no
prazo máximo de 6 a 8 meses a secretaria apresentaria projeto propondo a
recuperação de todas as escolas. Só a documentação com o diagnóstico das
escolas avaliadas o orçamento ficaria próximo de 1 milhão de reais, disse o
profissional do Corpo de Bombeiro.
Para que as
respectivas escolas sem alvarás não tivessem o ano letivo comprometido, como
medida cautelar, o órgão fiscalizar autorizou o funcionamento com a condição de
que havendo denúncia de acidente ou situação de risco eminente, o órgão gestor,
nesse caso a ADR, seria autuada com o pagamento de multa de 4 mil reais. Alguns
eventos autorizados nas escolas como festa junina em uma das escolas no
município de Araranguá, sua realização somente foi possível devido ao
encaminhamento de um termo de compromisso assinado pelo corpo gestor prometendo
não utilizar obras construídas como cozinhas e banheiros.
O Anfiteatro Célia
Belizzaria, único espaço público para eventos de grande porte no município de
Araranguá, mais uma vez sofreu intervenção dos órgãos fiscalizadores, pelo fato
da ADR mais uma vez não ter cumprido o acordo firmado no final de 2015, de não
ter apresentado projeto de revitalização do respectivo espaço e dos demais
ambientes da EEBA. Como medida paliativa que pudesse evitar a intervenção
definitiva da escola foi realizada alguns reparos como a fixação de placas
informativas, lanternas de emergência, instalação de extintores de incêndio,
entre outros.
Portanto, foram
apenas ações provisórias até que fossem feitos os reparos definitivos. A exemplo da EEBA, além da reestruturação do
ginásio de esportes, deveria se fazer também a recuperação de todo sistema
hidráulico da unidade de ensino com custo orçado em cerca de 150 mil reais. É importante
também enfatizar que em 2015 o Sinte – Regional Araranguá encaminhou ofício as
defesas civis e vigilâncias sanitárias de todos os municípios que congregam a
22 GERED, para que realizassem inspeção em todas as escolas estaduais da região.
Conforme relatou um dos coordenadores da vigilância sanitária, se fosse considerado
todos os itens contidos na resolução, talvez uma ou duas escolas estivesse em
conformidade com a mesma.
Quem leu a
proposta curricular catarinense, versão 2014, deve ter notado que a mesma se
apresenta como um compêndio de boas intenções do Estado, porém, muito longe da
realidade das escolas como foram as propostas anteriores. A proposta fala de
educação básica e Formação Integral, da estruturação do trabalho pedagógico, da
diversidade do princípio formativo, etc. etc. Nesse aspecto, a proposição
insiste em reafirmar que uma formação integral parte do pressuposto de que toda
a comunidade escolar deva estar envolvida no processo decisório, da construção
do currículo conforme as diretrizes do PPP.
Segundo
dispositivos contidos na nova versão da proposta curricular “o PPP é
compreendido como documento síntese, um instrumento e um movimento da escola,
carrega consigo a potencialidade de se transformar em um fio condutor entre o
contexto escolar e a comunidade, realçando o envolvimento da família, de modo
que esta seja parte das decisões da escola”. (41) Quantas escolas da
rede pública estadual de ensino nesses quase trinta anos de proposta
curricular, ousaram se rebelar a fazer valer o que realmente estabelece seus
projetos pedagógicos? Não somente professores (as), mas também os próprios pais
na elaboração dos conteúdos, das avaliações e demais decisões importantes no
processo organizacional da escola.
Claro que foram
pouquíssimas as escolas. Esse distanciamento se dá pelo fato de a escola ainda
se manter distante da comunidade. Além do distanciamento, estão cada vez mais
fechadas, protegidas por muros, cercas elétricas e câmeras de vigilância por
todos os cantos. A sociedade não as vê mais como extensão das suas vidas, como
as igrejas cujas portas permanecem abertas para o público quase vinte quatro
horas. O próprio desleixo dos governos com a conservação dos prédios,
equipamentos pedagógicos e com os (as) professores (as), reflete diretamente na
própria comunidade que não as reconhece como ambiente intrínseco a sua
existência, que os transforma e os humaniza.
Nada disso, a
escola para muitos estudantes é algo traumático, um terrível fardo a ser
carregado diariamente. Ainda hoje, como no começo do século XX, os (as)
estudantes são recolhidos (as) às salas, distribuídos (as) um atrás do outro
(a) durante quatro ou mais horas por dia. O agravante é que tem de suportar
aulas tediantes, muitas dos quais com temas descontextualizados da realidade.
Bem diferente do que diz a proposta na Proposta Curricular quando ressalta que
o currículo deve corroborar com ações que proporcione a educação integral com
práticas das quais os estudantes possam utilizar o conhecimento empírico, do
cotidiano, para transformá-lo ou convertê-lo em ações concretas e conscientes.
Uma educação
integral não é compatível com ambientes cercados por muros ou cercas. Esse
modelo de educação deve partilhar com a vizinhança e arredores que também
cumprem papéis pedagógicos. Gradativamente as escolas estão se fechando em
intransponíveis muralhas com intuito de se protegerem dos marginalizados que
também são vítimas do próprio econômico que exclui. A escola, portanto, não
pode se eximir desse complexo cenário de instabilidade no qual é desafiada a
enfrentar. Querer se esquivar não trazendo para o debate os conflitos e as
contradições da sociedade e não inseri-los no seu currículo, torna a escola
também cúmplice dos problemas no qual vem enfrentando.
Quantos (as)
estudantes conhecem realmente a realidade do entorno das escolas, a
precariedade das vias públicas, os problemas de mobilidade; a falta de
saneamento básico; os déficits de moradias, iluminação pública, entre
outras? A proposta de currículo integral é ampliar o repertório
vivencial da vida escolar dos sujeitos, buscando relacioná-los às vivências na
comunidade (Pag. 44). Portanto, aqui está a resposta ao instrumento de
alienação da educação pública, que sonega da escola tal vivência, pelo fato de
poder despertar a consciência crítica, compreendendo que as causas estão na
negligência do próprio Estado em cumprir com sua função constitucional.
Incluir no PPP a
proposta de integralidade até pode ser, porém, traduzi-lo em ações efetivas por
meio de diagnósticos e intervenção sistematizada, impacta com o real projeto de
educação que se preconiza, que é a prevalência do status quo social por meio de
reformas pontuais sem promover rupturas. Todos que vivenciam o cotidiano das
escolas públicas concordam que há anos os profissionais da educação perderam a
autonomia de sujeitos construtores (artesãos) do conhecimento como era
estabelecido nas propostas curriculares e outros dispositivos legais.
Encontros,
seminários ou paradas pedagógicos, para dialogar currículo ou PPP,
necessariamente deveriam emanar da necessidade da própria escola. Como entidade
autônoma e pública, ou seja, do povo e não do governo e seu agrupamento
partidário, a escola não deve permanecer sujeitada aos mandos e desmandos de
desgovernos burgueses, sem qualquer pretensão de ruptura do atual modelo de
educação que molda corpos para o trabalho.
Até que
ponto é aceitável que itens como o respeito aos direitos
humanos, ambientais, a diversidade, ambos como princípio formativo sejam
inseridos no PPP, se o (a) próprio (a) professor (a) não é
respeitado (a) como profissional, estando reduzido (a) à condição de
trabalhador (a) “serviçal” da educação. Outra falácia relativa à Proposta
Curricular diz respeito ao seguimento avaliativo das escolas quando reconhece
que os índices classificatórios do ENEM e do IDEB não deveriam se configurar em
ranqueamentos, de que a avaliação externa não substitua o que está estabelecido
nos PPP. Num encontro pedagógico (parada pedagógica) realizado recentemente, a
fala de uma assistente técnica pedagógica revela exatamente o quadro deprimente
vivido pelas escolas públicas estaduais de SC.
Segundo ela “A
função social da escola de ambiente transformador, de envolver pesquisa, arte e
cultura no processo construtivo dos sujeitos é um sonho distante. O que se faz
hoje é ensinar matemática, física, fazer provas bimestrais, disputar notas e
nada mais. Onde está, portanto, a arte, cultura? Esse é o retrato da escola,
dar conta da prova do ENEM”. Ou fazemos cumprir o que estabelece a
função social da escola, ou teremos que rediscuti-lo, adequando ao mundo real e
não o fantasioso da escola, do faz de conta.
Quanto
ao sistema de reanqueamento das escolas, tudo leva a crer que o próprio governo
e seu secretario da educação não foram informados de que a proposta curricular
versão atualizada se posiciona contrária ao dispositivo classificatório. Mais
uma vez a proposta se mostra contraditória revelando que como as que
antecederam se converteram em documento impresso, emoldurando as estantes das
secretarias e bibliotecas. Também se prestará como material de propaganda política
para ludibriar o povo catarinense, afirmando equivocadamente que o modelo de
educação proposto é compatível com as aspirações dos professores e das
entidades que as representam como o SINTE.
É preciso debelar
essa farsa governamental que está sendo disseminada por todo estado através das
mídias conservadoras burguesas. Na reportagem de capa do dia 9 de setembro de
2016, do DC, a manchete expressou o seguinte teor quanto ao resultado da
avaliação do ensino fundamental e médio das escolas brasileiras: “Dados
do IDEB mostram que Santa Catarina precisa de reformulação da grade curricular
para evitar os altos índices de reprovação e de evasão entre adolescentes”.
Quando ressalta
a necessidade de reformulação da grade curricular, a impressão que fica é que
não houve nenhuma reformulação curricular no estado. Houve sim, em 2014, que
embora não tenha tido a participação expressiva dos profissionais da educação,
o documento se mostra inovador se aplicado integralmente. Os resultados,
portanto, quanto às avaliações inquestionavelmente serão bem melhores aos que
foram apresentados.
Ou talvez não,
pelo fato da proposta se estruturar num modelo de currículo, cujos conteúdos e
avaliações aplicados não irão contemplar com os modelos padronizados nacionalmente.
Outra importante consideração acerca das notas do IDEB e o consequente
ranqueamento das escolas é que esse dispositivo avaliativo não condiz com que
estabelece a proposta curricular de Santa Catarina, muito menos ainda com a
proposta filosófica dos PPP. Entre as prerrogativas elencadas na filosofia da
construção do processo pedagógico estão: a participação da coletividade, dos
pais, estudantes, conselhos deliberativos, grêmios estudantis.
O sistema de
avaliação nacional conhecido por IDEB é um instrumento injusto e
discriminatório por excluir do processo escolas contendo menos de 200
estudantes matriculados. O que se constatou nos jornais, depois da divulgação
da listagem das notas e a posição das escolas, foram as publicizações das
“melhores” e das “piores”. Numa concepção neoliberal, é claro que as
unidades de ensino melhores ranqueadas poderão ter as suas matrículas
expandidas e o conseqüente fechamento daquelas que não obtiveram êxito. Com a
política de sucateamento das escolas, a tendência é a debandada de estudantes
para as municipais ou outras que ofereçam condições estruturais melhores. Na
esteira desse processo desliza a estratégia da municipalização.
As escolas,
especialmente as públicas estaduais, na hipótese de querer fazer valer a
proposta curricular de forma integral estarão sujeitas a eventuais fracassos
nas avaliações do IDEB e ENEM. Se todas as áreas de conhecimentos se pautassem
em abordar temáticas que realçassem os problemas sociais num contexto
multidisciplinar, seria quase que óbvio que o regime de avaliação seguiria o
mesmo princípio, ou seja, se focaria nas múltiplas inteligências e não apenas
num único instrumento, o quantitativo, hoje aplicado e centrado na memorização.
Na opinião de outra professora que participou da parada pedagógica, a mesma
ressaltou que a “escola pública permanece engessada às práticas
pedagógicas no começo do século XX. É preciso lutar por uma escola diferente,
com internet de qualidade, com salas diferentes. A escola tem que dar
resposta aos problemas da sociedade”.
Na reportagem do
jornal, inúmeros foram os entrevistados, dentre eles o gerente de projetos do
movimento empresarial Todos pela Educação, onde afirmou que o problema da
educação está na falta de atratividade, com currículo extenso e curta jornada,
além da ausência de políticas integral para os adolescentes. O secretário da
educação de Santa Catarina disse que o problema está na taxa de abandono
e reprovação. “Têm alunos que
não vieram preparados no ensino fundamental e acabam desistindo ou reprovado”.
Em nenhum momento
a reportagem fez qualquer menção às condições de trabalho e de infraestrutura
das escolas públicas especialmente as estaduais. Alegar a culpa do fraco
desempenho do ensino médio ao nível fundamental é mais uma vez criminalizar o
professor, como se fosse ele o “vilão” da história. Deveria ter dito o
secretário que é quase impossível desenvolver aulas com qualidade quando falta
tudo na escola, do material de limpeza ao papel higiênico. Se as notas
relativas ao ensino médio foram abaixo do esperado, poderia ter sido pior se os
professores não sacrificassem seus finais de semana com a família para a
preparação de aulas e correções de trabalhos. O que é mais traumático ainda é
que toda essa gama de trabalho extra não reverte em qualquer compensação
remunerativa para o professor. Tudo por amor a educação?
Prof. Jairo Cezar
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