ENCONTRO NO SOMBRIO DISCUTE FEDERALIZAÇÃO E CRIAÇÃO DO COMITÊ
COMPARTILHADO DO RIO MAMPITUBA
Depois
da reunião do dia 25 de fevereiro de 2016, ocorrida em Torres/RS, entre
integrantes dos comitês estaduais das bacias dos rios Mampituba e Araranguá, o
encontro agora foi no município de Sombrio, dia 07 de março, com a finalidade de
discutir proposições e estratégias que serão apresentadas num grande seminário,
com data a ser agendada, que será novamente o município gaúcho como anfitrião.
Nesse dia certamente se fará a homologação da federalização e posterior criação
protocolar do Comitê Compartilhado do rio Mampituba entre os dois estados de
Santa Catarina.
O
encontro na última segunda feira, 07 de março, teve como local as dependências
da Câmara de Vereadores de Sombrio, com a presença do vice-presidente do comitê
estadual gaúcho e do presidente do comitê Araranguá, além de autoridades de
legislativo e executivo, integrantes de Ongs e Oscips, cooperativas de
agricultores, entre outros, ambos, é claro, dos municípios do lado catarinense.
Durante as falas, foi consensual entre os presentes, que a criação de um comitê
compartilhado muitos dos problemas graves enfrentados atualmente pela população
do extremo sul catarinense, especialmente as que residem às margens do complexo
lagunar, Sombrio e Caverá, poderão ser minimizados, quem sabe até solucionados.
Na
fala do coordenador da Ong Aguapé o mesmo expressou sua preocupação com os dois
mananciais, admitindo que num prazo máximo de 10 (dez) anos aproximadamente a
população do Sombrio não terá mais água para o consumo. As atividades mineradoras, extração de turfa e
areia, somadas a poluição oriundas de dejetos orgânicos, são atualmente uns dos
principais vilões dos mananciais. O representante da comissão do Comitê
Araranguá pró-lagoa do caverá relatou que acompanhou junto com o representante
dos moradores da comunidade do mesmo nome, pesquisadores do IFSC UFSC que
coordenam o projeto VACEA, no qual pesquisam os efeitos climáticos extremos em
comunidades vulneráveis de agricultores e suas estratégias de adaptações.
Afirmou que os relatos conclusivos podem servir de subsídios para o
encaminhamento de ações futuras, quando o comitê for oficializado.
Como
encaminhamento da reunião, ficou agendado o dia 23 de março de 2016, como data
para a realização do I Seminário Comitê Mampituba Compartilhado, cujo local
será o auditório da câmara de vereadores de Sombrio. Cada um dos presentes terá
por incumbência estender o convite a outros representantes da sociedade civil e
entidades governamentais estaduais e municipais. Entre os representantes do
governo de Santa Catarina que serão contatados, estão a ADR (Agência para o
Desenvolvimento Regional/Araranguá) a SDS (Secretaria para o Desenvolvimento
Social/SC), FATMA (Fundação Amparo e Tratamento do Meio Ambiente), onde irão
ouvir as metodologias sobre a criação do comitê e posteriormente expor suas
políticas em relação ao meio ambiente e a água, bem como seus planos para o
desenvolvimento sustentável do Extremo Sul de Santa Catarina. O Ministério
Público Estadual, Fundações Municipais do Meio Ambiente, OAB, Polícias
Ambiental e Militar, Ongs, Oscips, também serão contatados.
Nesse
seminário será detalhado o processo legal de federalização de comitês, bem como
o compartilhamento das experiências no lado gaúcho e catarinense, suas
contribuições para a redução dos conflitos e impactos ao ambiente. Em relação
ao manancial Lagoa do Caverá cuja maior abrangência do território está situada
dentro das fronteiras dos municípios de Araranguá e Balneário Arroio do Silva, é
imprescindível o comprometimento de ambos os municípios nas discussões sobre a
proposta do comitê compartilhado. Essa é uma necessidade inquestionável pelo
fato da vazão da lagoa ocorrer no respectivo rio. Nesse sentido, os atuais problemas
que envolvem o manancial como a secagem definitiva poderá ser discutida no
comitê com reais possibilidades de sucesso.
O que se nota nas últimas décadas é o absoluto abandono das autoridades em relação ao complexo lagunar. A falta de perspectiva vem tornando a população vulnerável e incrédula quanto ao seu futuro. Historicamente, o dia a dia dessas comunidades sempre foi compartilhado com a dinâmica natural dos mananciais. É da lagoa do caverá que é captada a agua para o abastecimento do município do Sombrio. Isso ocorre pelo fato do manancial do Sombrio não apresentar condições adequadas para o abastecimento humano. Com a virtual extinção do complexo lagoa do caverá, medidas emergenciais devem ser tomadas.
Em
relação ao município de Araranguá e Arroio do Silva, a lagoa da serra, que
abastece amos os municípios, também vem sofrendo os impactos ambientais, que mereceria
atenção especial doas autoridades e da população em geral. Preservar as lagoas,
rios, nascentes, aquíferos, é de responsabilidade de todos e compromisso do
poder público e dos órgãos ambientais. É função do poder público promover
políticas públicas que informam e instruam a população sobre o modo correto de proteger
os mananciais e o consumo racional da água. Ter consciência que a água é recurso
finito. Esse trabalho não deve ocorrer apenas em momentos especiais
comemorativos como o dia mundial da água, semana mundial do meio ambiente, etc,
etc. Deve ser cotidianamente, e a escola é, sem duvida, um local apropriado.
Que também só trabalha em eventos especiais. Cuidar da água é como escovar os
dentes diariamente e outros hábitos de higiene, algo que deveria fazer parte de
nossas vidas.
O
salvamento da lagoa do carverá dever ser compromisso de todos (as) os (as)
cidadãos (as). Esperar que as autoridades se sensibilizem pela causa demorará
muito. O tempo já se esgotou, ou agimos ou perderemos a lagoa. Portanto, precisamos sair da nossa zona de
conforto e atuar junto com os que não estão medindo esforços por uma causa tão
nobre que beneficiará a todos, hoje e sempre.
Não havendo o comprometimento, a única certeza no futuro são os
conflitos, as disputas por água. Olha que essas disputas por água já foram
presenciadas na última grande estiagem, de 2011 e 2012, envolvendo seguimentos
produtivos da região.
Prof.
Jairo Cezar
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