segunda-feira, 14 de julho de 2025

 

ESTADOS UNIDOS ADOTAM NOVAS ESTRATÉGIAS PARA MANTER INTACTA  SUA POLÍTICA DE SUBSERVIÊNCIA SOBRE O SEU PRINCIPAL QUINTAL DE DOMINAÇÃO, A AMÉRICA LATINA

Desde o começo do século XIX, os Estados Unidos vêm se colocando como país que tem influenciado direta e indiretamente nos regimes de muitos governos no mundo inteiro, tendo como principal trunfo sua forte capacidade bélica de destruição. A doutrina Monroe, adotada pelo presidente James Monroe, em 1823, deu início ao processo de interferência na América latina, sendo usado a partir daí o slogan “América Para os Americanos”. Nesse período, a Inglaterra se apresentava como principal potência bélica e econômica, motivava pela Revolução Industrial. Com o fomento da industrialização nos EUA, passou-se a construir o discurso do anticolonialismo, ou seja, divulgação de narrativas de que a América Latina não deveria mais continuar sob a influência do império britânico, de que a região teria que ficar “livre”, claro que agora sob o “guarda-chuva” dos Estados Unidos.

Progressivamente, as nações latino américas e do caribe passaram a sofrer intervenções do império em construção, os Estados Unidos, que usavam como pretexto, o combate às ameaças externas, dentre elas o monstro do comunismo, que “assombrava as liberdades individuais”.   A República Dominicana, em 1905, com o pretexto de evitar uma invasão militar europeia sobre a ilha caribenha, com intuito de cobrar dívidas contraídas, os Estados Unidos entram no cenário aplicando a doutrina Monroe, interferindo nas alfândegas do país caribenho. Nicarágua, Haiti, Panamá, Cuba, também sofreram intervencionismo estado unidense e cujos reflexos são sentidos atualmente, como regimes tiramos, guerras civis intermináveis, a exemplo do Haiti.

O espectro do comunismo na américa latina a partir do início da guerra fria, 1947, fez os governos dos Estados Unidos, que iam se sucedendo, a atuar como “xerife” “às liberdades” às nações que apresentavam algum foco de mobilização anticapitalista.  A Guatemala, foi um desses países afetados por um golpe sangrento arquitetado pelo imperialismo norte americano e tendo apoio de ditadores da Venezuela, Nicarágua, República Dominicana, entre outros. Com a institucionalização de um governo de base popular, a Guatemala passou por transformações estruturais significativas. Porém o estopim para uma intervenção externa que resultou no golpe de 1954, foi a proposta do governo guatemalteco de promover uma profunda reforma agraria, projeto que afetaria diretamente os interesses da United Fruit, poderosa empresa norte americana que controlava a produção e comercio de bananas na Guatemala.  

Na realidade, o golpe na Guatemala serviu como exercício, um demonstrativo, ou seja, um ensaio para outros golpes semelhantes que iriam se suceder da li para frente. Depois de décadas sob o domínio de um regime sanguinário e sendo um protetorado dos Estados Unidos, Cuba conseguiu romper com esse domínio do norte por meio de uma revolução político administrativa em 1958, tendo como principal líder, Fidel Castro. Desde o momento da queda do regime de Fulgência Batista, lacaio dos interesses norte-americanos, Cuba vem sofrendo de forma ininterrupta embargo econômico dos Estados Unidos, com objetivo de fragilizar politicamente o regime socialista da Ilha Caribenha.

Novas intervenções estadunidenses que resultaram em golpes militares se intensificaram principalmente na América do Sul. Além da Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, o Brasil teve um governo eleito democraticamente derrubado, cuja alegação foi de estar arquitetando plano de instalar o regime comunista aqui. A participação de CIA no movimento golpista de 1964 foi determinante no sucesso da ação. Tanto aqui quanto nos demais países do cone sul, governados por ditaduras, o número de mortos e desaparecidos pelos regimes repressores superaram os milhares. O fato agravante nisso é de os generais que atuaram na gestão do Brasil durante esses 20 anos de ditadura, envolvidos nas atrocidades contra civis, jamais foram levados aos tribunais para serem processados e sentenciados ao cumprimento de penas contra os crimes cometidos. Diferente do país Argentino cuja corte suprema levou à prisão muitos dos generais sanguinários.

Mesmo com a redemocratização política das nações do cone sul, as centelhas do golpismo jamais foram suprimidas definitivamente do cenário político. A permanência das elites burguesas escravistas, muitas das quais vinculadas ao latifúndio agroexportador, a qualquer descuido mostram suas “garras afiadas” ameaçando regimes democráticos.  Sem esquecer que tais elites, tanto as agrarias quanto as industriais, sempre tiveram e continuam tendo todo o suporte das forças imperialistas estadunidense, muitas das quais intercedidas pelos seus comparsas infiltrados no congresso nacional.  O impeachment de 2016 contra a presidente Dilma Roussef e o ato golpista de 8 de janeiro de 2023 são alguns exemplos do poder dessas elites que sempre se alimentaram da ignorância e da espoliação do trabalho de milhões de brasileiros. Retornarei a esse assunto mais à frente.

Saindo do epicentro América Latina, os Estados Unidos procuraram manter a sua influência e sua superioridade bélica em todas as áreas de interesses. O conflito no Vietnam e na Coreia pode ser compreendido como outro ensaio da sua força destrutiva, ainda tendo como inimigo imaginário, o comunismo soviético, em expansão devido a guerra fria.  Porém, o desfecho da intervenção americana no Vietnam foi avaliado pela opinião pública como um fracasso dos Estados Unidos e de seus aliados. Mesmo assim, as elites, por meio dos filmes, séries, documentários etc., tentaram de todas as formas mostrar o contrário, que o imperialismo norte americano foi vitorioso.

O fim do socialismo soviético, 1989, abriu caminho para que o imperialismo estadunidense forjasse outros inimigos, para justificar a manutenção e até mesmo o crescimento da sua poderosa indústria bélica. O Oriente Médio se transformou no novo epicentro dos conflitos envolvendo grandes potências que disputam o comando geopolítico dessa região estrategicamente importante para a economia do planeta. Embora aparentemente não havendo mais o espectro do comunismo da guerra fria, a Rússia e os Estados Unidos, ainda desfrutam de forte influência no mundo globalizado. Agora tendo outros atores envolvidos nesse imbróglio político, China, Iran, Índia e alguns países árabes, gravitando tanto do lado da Rússia, como das potências ocidentais que integram a OTAN, e que são aliadas dos Estados Unidos.

O ataque as Torres Gêmeas do World Trade Center por extremistas da AL QAEDA em 2001, foi usado como justificativa pelo governo americano para empreender investida bélica contra o regime de Saddam Hussein em 2003. O Iraque havia invadido o Kuwait em 1990, porém, teve que abandonar o país em 1991, graças uma coalisão de forças liderada pelos Estados Unidos. A argumentação do governo americano na época para destituir o regime de Hussein era de que ele estaria armazenando armas biológicas de destruição em massa, suspeita que jamais foi confirmada. Combater o terrorismo passou a ser usado como pretexto para invadir e suprimir regimes políticos.

O Afeganistão também foi outro país atacado pelo imperialismo americano, também tendo como justificativa o combate ao terrorismo. Após o 11 de setembro, os EUA tinham informações que o líder da AL QAEDA, Osama Bin Laden, estava escondido naquele país e protegido pelo regime do Taliban. Em 2001 o país foi ocupado pelas forças americanas, com o apoio da Inglaterra, que resultou na prisão, morte de Osama e na destituição do regime do Taliban. Passados 20 anos de ocupação norte americana, em 2021, forças militares deixam o Afeganistão, abrindo o caminho para que o regime do Taliban retornasse no comando do país e mantivesse a sua política de violação de direitos principalmente em relação às mulheres. 

O conflito entre Ucrânia e Rússia, mais uma vez teve a interferência norte americana com o fornecimento de dinheiro e armamento em favor do regime ucraniano. Tentativas de pôr um fim no conflito que já dura três anos há pouco tempo foram intermediadas pelo atual governo dos Estados Unidos, Donald Trump, porém, sem sucesso. A derrocada da Síria, as ações do exército de Israel na faixa de Gaza com mais de 60 mil palestinos assassinados até o momento, bem como o lançamento de misseis as instalações nucleares do Irã, todas essas ações tiveram o apoio bélico e logístico dos Estados Unidos, tanto na deposição do ex-líder Sírio Bashar al al-Assad, como também nas ações contra o Irã, com o nítido propósito de derrubar o líder religioso Xiita Aiatolá Ali Khamenei.   

Além dos conflitos no oriente médio e entre a Ucrânia e Rússia, outro conflito passou a ter repercussão na economia do mundo inteiro, o conflito das tarifas comerciais cuja o protagonismo também foi dos Estados Unidos com objetivo claro de atacar a China, país em forte expansão econômica. Esse imbróglio tarifário iniciado pelos Estados Unidos está sendo embasado na filosofia de campanha eleitoral adotada por Donald Trump, cujo slogan foi “Vamos Fazer a América Grande outra vez”. A elevação das tarifas de importação passou a ser fundamentadas com a ideia de proteger suas indústrias, os empregos dos norte-americanos. Porém, em uma economia globalizada essa medida vem provando ser ineficaz, cujo grande perdedor são os norte-americanos.

O Brasil não ficou de fora dessas políticas de taxações, porém, no primeiro momento, os índices estabelecidos para os produtos brasileiros não geraram tanto impacto à estrutura produtiva. Isso até a última semana, começo de julho de 2025, quando chegou a informação de que os estados unidos haviam imposto tarifas de 50% para todos os produtos brasileiros que chegassem na alfândega do país do norte.  A notícia caiu como uma bomba junto ao governo e a segmentos importantes que tem os Estados Unidos como um dos principais compradores. No entanto, a indignação foi maior quando se soube que a ação de taxação feita pelo do presidente norte americano ao Brasil foi influenciada pelo senador licenciado Eduardo Bolsonaro, que vive atualmente nos Estados Unidos. Se sabe que a estratégia do senador, bem como da extrema direita brasileira era que com a elevação das taxações de produtos brasileiros se desestabilizaria politicamente o governo Lula colocando a opinião pública com o seu governo.         

Parece que a estratégia bolsonarista do filho do ex-presidente agora inelegível e que provavelmente será preso pelos atos golpistas em 08 de janeiro de 2023 não surtiu o resultado desejado. O que é mais grave foi a postura de muitos parlamentares bolsonaristas no congresso nacional, de terem concordado em elaborar moção de louvor ao líder americano e ao senador Eduardo Bolsonaro. No documento elogiaram as atitudes tomadas por ambos com vistas a pressionar o governo e o STF em rever suas posições quanto as tratativas que vem sendo tomadas contra os golpistas do 8 de janeiro. Independente do que aconteceu no congresso, diante da moção de apoio ao governo norte americano pelas taxações em 50% aos produtos brasileiros importados por aquele país, o fato é que tais atitudes são uma demonstração nítida da continuidade histórica da subserviência das nossas elites ao regime imperialista que insiste em manter nossas “veias abertas” para sugar nosso sangue.

Prof. Jairo Cesa

https://operamundi.uol.com.br/pensar-a-historia/70-anos-do-golpe-da-guatemala-um-ensaio-para-as-intervencoes-dos-eua-na-america-latina/

 

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