CENSURA
ÀS ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS DE SANTA CATARINA
Os
regimes autocráticos travestidos de democracias sempre se utilizam de
instrumentos nefastos para coibir as liberdades de expressão. A mordaça à
imprensa é uma das formas mais utilizadas, onde é impondo severo controle sobre
informações impressas e faladas. Quando não acontece de modo explícito, a
censura se manifesta velada, por meio de decretos e regulamentos legais, estabelecendo
critérios limitadores na divulgação de informações.
Um
exemplo para provar que a névoa da ditadura ainda paira sobre as instituições
de ensino público, sobretudo de Santa Cataria, é o documento encaminhado por
integrantes do governo estadual às Gered e escolas, restringindo qualquer divulgação
de informações negativas das referidas unidades sem o consentimento dos órgãos
estatais competentes. Não há dúvida que tais medidas insensatas têm relação
direta com o espectro reacionário do governo federal que deve estar respingando
nas instâncias estaduais.
É
claro que tal postura por parte desse dirigente infringe dispositivos da
constituição federal que assegura o direito a livre expressão. Entretanto,
embora o secretário da educação tenha lançado nota resposta no site da SED,
afirmando que o documento não condiz com os preceitos defendidos pela
secretaria, o fato é que outras situações similares ocorreram há pouco tempo,
protagonizados pelo ex-ministro da educação e por uma deputada estadual
catarinense do PSL, mesmo partido do governo e presidente da republica.
No
instante que governo e membros do partido governista realçam discursos jurando seguirem
posturas distintas ao modelo tradicional de gestão, que priorizarão o novo, o
diferente, os acontecimentos recentes, o caso do ministro, da deputada e agora
desse membro da SED, dão nítidas provas que viveremos um cenário futuro de
retrocessos, disciplinador, de controle dos currículos e dos corpos.
Durante
a campanha eleitoral em nenhum instante se ouviu dos candidatos de partidos
tradicionais conservadores, discursos que vislumbrassem uma possível ruptura
com o projeto escolar anterior, funcionalista, reprodutivista. Desde a primeira
metade do século XIX, quando ocorreu a institucionalização da docência em Santa
Catarina, nenhum chefe do executivo estadual teve a ousadia de tornar concreto
discurso de campanha eleitoral, que sempre foi priorizar a educação. Os problemas ainda recorrentes nas escolas
públicas estaduais, como estruturas fragilizadas e escassez de recursos para
manutenção, são remanescentes do século passado.
Algumas
paliativas melhorias que possibilitaram a não interdição definitiva de centenas
de escolas estaduais em todo o estado se deu grassas a forte pressão da
imprensa local e estadual com publicações de reportagens denunciando a
irresponsabilidade dos governos com a educação. Mais uma vez deve ser
ressaltado que o funcionamento satisfatório das mais de mil escolas estaduais
se deve ao incansável e interminável empenho dos profissionais e da comunidade
que integram as respectivas unidades de ensino.
O
parco recurso que chega às escolas, não supri as incontáveis demandas
enfrentadas durante o ano letivo. Para compensar tais carências financeiras,
inúmeras atividades para dar suporte financeiro como bingos, festas juninas,
rifas, são promovidas durante o ano. Os recursos arrecadados cobrem despesas
como aquisição de material de limpeza, expediente, pagamento de serviços como reparo
da rede elétrica, limpeza de condicionado, etc, etc.
Esses
ajustes permitem o funcionamento das unidades de ensino, assegurando aos
estudantes educação que ainda os qualificam em pé de igualdade com unidades
particulares melhores estruturadas. É claro que quando um representante do
governo estadual a exemplo do secretário de educação, visita escolas, vai
encontrar ambas em funcionamento, que é mérito de toda a comunidade escolar e
não do governo, que geralmente se abstém de suas responsabilidades de agente
gestor.
Prof.
Jairo Cezar
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