CAÇA
AO TESOURO – ATIVIDADE LÚDICA QUE DESENVOLVE HABILIDADES COGNITIVAS, AFETIVAS E PSICOMOTORAS NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
Há
muito tempo vem se escrevendo que brincadeiras como a caça ao tesouro são
atividades recreativas importantes para o desenvolvimento físico, motor,
emocional, cognitivo e social das crianças.
Partindo dessa premissa e aproveitando as férias escolares de 2018, pela
segunda vez, um grupo constituído por cinco crianças (duas de 11 anos, outras
duas de 12 e 14 e outra menor de 5) se
aventurou pelas ruas, trilhas, dunas e furnas do balneário Morro dos Conventos à
procura das pistas que levaram ao um tesouro enterrado. Desde a primeira edição
ocorrida há 3 anos, a construção do novo roteiro da brincadeira, com dois mapas
lúdicos e 13 pistas descritivas, requereu certo esforço e perseverança tanto do
mediador como das crianças envolvidas na atividade.
A
proposta dessa vez era tornar a brincadeira mais desafiadora, pois o grupo
teria que se deslocar por um trecho maior, repleto de obstáculos, que exigiria bom preparo
físico. No entanto, como a equipe agora apresentava
novo componente, uma criança de cinco anos, era necessária algumas precauções
para que o mesmo participasse sem incidentes. Por ser a região na qual a
brincadeira foi desenvolvida repleta de narrativas ditas e repetidas por
antigos moradores, como latas de tesouros enterrados, presença de piratas,
caracachas, etc, nada mais estimulador que
vivenciar tais aventuras.
Recriar
cenários o mais aproximado possível à realidade foi o principal desafio.
Conhecendo o histórico da criança de cinco anos que iria participar da
brincadeira, pois se sabia que nessa não distinguem o lúdico do real, nada mais
apropriado para o momento do que estimular seu olhar ficcionário aos contos
infantis amplamente divulgados pela literatura e transformados em filmes. A
Ilha do Tesouro (1950); O Tesouro do Barba Ruiva (1955); A Princesa Prometida
(1987); Hook: A Volta do Capitão Gancho
(1991); Saga Piratas do Caribe (2003-2017), entre outras produções do gênero
literário, que resulta em embarcações antigas,
piratas e tesouros enterrados,
passou a ser a idéia mediadora da brincadeira.
Como
ocorreu na primeira versão da brincadeira em 2015, escolher o prêmio (tesouro)
e o local a ser escondido foi certamente o principal desafio. Dessa vez, permeava
no imaginário do grupo, pequenas nuances retratando temíveis piratas caçadores
de tesouros, que teriam navegado pelas costas do oceano atlântico escondendo
latas ou baús contendo moedas de outro e prata. Por existir no balneário Morro
dos Conventos uma furna marinha esculpida pela natureza há milhões de anos e
que serviu de abrigo para povos “indígenas” que habitaram a região há milênios,
diz à lenda que moradores do bairro encontraram no local, latas contendo moedas
de ouro ou prata deixadas por aventureiros saqueadores ou pilhadores.
Se
foram encontrados ou não os ditos tesouros, ninguém até hoje confirmou. Entretanto,
o fato é que a furna continua fantasiando o imaginário da população, que vez ou
outra alguém, motivado por sonhos ou intuição, se aventura ao local fazendo
escavações na crença exacerbada de que encontrarão panelas ou latas recheadas
de moedas. Diante de tantas histórias, por
que não escolher a furna como local derradeiro da aventura, escondendo em um
dos cantos um pequeno baú contento o tão desejado e misterioso tesouro.
Três
dias aproximadamente foram necessários para os preparativos da brincadeira, que
começou com a pesquisa no Google Earth definindo a área e a escala que
abrangeria a brincadeira. A partir do recorte da imagem de satélite foi
necessário montar um pequeno croqui ou desenho descrevendo o nome das ruas,
residências e outros pontos conhecidos que serviriam de referência para o grupo
localizar as pistas. No sábado, 20 de janeiro, no período vespertino, a aventura
teve início com a entrega da primeira pista.
De
posse da mesma, leram-na coletivamente. Imediatamente abriram o mapa,
identificaram a rua citada e se dirigiram até o farol, local da pista seguinte.
Entusiasmados e repletos de expectativas em poucos minutos lá chegaram. Como o monumento era demais conhecido, não tiveram
dificuldades para localizar a pista seguinte. Como sugestão para a próxima
edição, caso se repita o farol como local de esconderijo de pista, pode-se
explorar melhor o ambiente, inserindo mais informações acerca do monumento, data de construção, sua
importância para a navegação, etc.
Outra
breve consulta ao mapa e imediatamente o grupo se deslocou até o ponto seguinte
onde os praticantes de parapentes faziam seus vôos. Do mesmo modo como havia se
sucedido na segunda pista, rapidamente a encontraram. De praxe, consultaram outra
vez o mapa seguindo a rota estabelecida pela
pista. O não cumprimento integral dessa etapa, ou seja, o desvio da rota por
outro caminho provocou confusão durante as buscas da pista quatro. Nesse
sentido foi necessária a intervenção do mediador, com dicas que ajudassem a identificar
o local exato do esconderijo. A confusão, portanto, se deveu a desatenção do
grupo ao respectivo item escrito: “contem
dez passos, vão até a parede de tijolos e procurem a próxima pista”. Em vez
de procurar exatamente no limite dos dez passos indicados, se deslocaram por
cerca de cem metros à frente, cuja procura foi em vão. Por ser o hotel e a ponte
considerados dois monumentos do patrimônio arquitetônico do bairro e indicados
nessa pista, ambos podem outra vez serem indicados numa próxima edição da
brincadeira explorando melhor suas histórias.
De
posse da pista quatro, o grupo teve de enfrentar os primeiros obstáculos,
estradas de pedras e buracos, bem como subidas íngremes. O que chamou a atenção,
diante dos obstáculos, foi disposição dos integrantes que em instante algum
reclamaram de cansaço o fadiga. Nessa etapa da brincadeira todos/as puderam
contemplar a felicidade da criança de cinco anos no momento que identificou a
pista, uma pequena lata rente ao muro e coberta por uma pedra. Mais uma vez na
pista seguinte (quinta) o grupo se sentiu desorientado requerendo outra vez a
intervenção do mediador.
A
desorientação se deveu a atitude um tanto quanto individualista do grupo, bem
como a inexistência de uma liderança que mediasse à ânsia, os desejos e
frustrações de cada componente. Sendo assim, solicitei que abrissem o mapa e
analisassem atentamente o nome da rua onde insistiam equivocadamente encontrar
a próxima pista. Depois de quase quinze minutos de tentativas e erros, uma das
componentes finalmente identificou a sexta pista. Sem titubear, saíram em
disparada até o ponto seguinte, onde visualizaram rapidamente a pista seguinte,
fixada sobre uma árvore. Uma pequena inspeção no mapa, conferindo a trajetória
que deveriam seguir, em poucos minutos o grupo estava no local indicado. Como havia
sido colocada às pressas rente a um muro de tijolos, foi necessária mais uma vez
a participação do mediador ajudando-os a localizar. 54-99928805 conecta
Na
pista oito a equipe teve de interpretar uma charada para atingir a etapa
seguinte. A charada estava assim descrita: “sou filho mais velho do pai do pai do
Guilherme”. Por alguns minutos discutiram entre si e cuja resposta lhes
levou diretamente ao local onde estava à pista, nas mãos do irmão mais velho do
mediador. Tendo transcorrido quase duas horas de caminhada, de subidas e
descidas, o grupo demonstrava leve cansaço. Mas isso não os/as impediu de
encerrar as atividades naquele dia. Uma pequena pausa para recarregar as
baterias e seguiram em frente, enfrentando os trechos mais difíceis, de trilhas
e dunas.
A
proposta inicial era dividir a brincadeira em dois momentos, a primeira etapa
no sábado e, por último, o domingo. Porém, várias vezes os questionei sobre tal
proposição, porém, as respostas foram sempre negativas, pois queriam a todo custo
finalizar naquele mesmo dia. Então, seguimos em frente na busca da próxima
pista, a décima, que estava escondida nas dunas. Para facilitar sua localização
teriam que avistar uma bandeirinha azul fixada sobre uma vara. Outra vez
necessitaram da intervenção do mediador para se situarem no local. No instante
que avistaram o objeto azul, dois componentes saíram em disparada sem se aterem
aos obstáculos à frente. Afoitos/as desenterraram-na e fizeram a leitura
conjuntamente.
Deslocaram-se
pela trilha em direção à orla do balneário, se dirigindo até as proximidades do
campo de futebol, local ou abrigo onde há poucos dias havia sido abrigado o
papai Noel. Já que a idéia era concluir a brincadeira no mesmo dia, havia certa
apreensão das crianças para localizar rapidamente a pista. Era quase que
presumível que a pista 10 iria requerer do grupo tempo significativo maior para
identificá-la, pois não havia muitos detalhes ou referências que pudessem lhes
auxiliar. Outra vez a participação do mediador foi decisiva, com informações
que lhes levaram diretamente ao ponto.
Naquele
momento o vento nordeste soprava muito forte, que possivelmente imporia ao
grupo esforço redobrado para concluir as últimas duas etapas. Porém, primeiro,
teriam que encontrar a pista 11 escondida em um dos três mirantes situados na
lateral da rua Caxias dos sul. Como não havia tempo para inspecionar os três
mirantes, imediatamente os informei qual dos mirantes teriam que procurar. A
pista, por sua vez, foi inserida dentro de uma latinha, fixada sob o assento no mirante. Entretanto, devido ao
forte vento que soprava, a latinha desatou e foi lançada ao chão. Esse fator motivou
a intervenção do mediador, que juntos procuraram o respectivo objeto. De posse
da mesma, por várias vezes o mediador sugeriu que as próximas etapas da
brincadeira fosse transferida para o dia seguinte, cuja resposta mais uma vez
foi negativa.
Rapidamente
subiram a rua Caxias do Sul, subindo às dunas que lhes levariam a pista 12,
onde lhes informariam o local que estaria enterrado o tão esperado e desejado
tesouro. Sobre o topo da duna avistaram o ponto azul, cerca de cem metros do
local, conforme estava descrito na pista. As três crianças maiores do grupo
correram em disparada até o local e recolheram a pista. O mediador e a criança
menor ficaram mais acima, caminhando lentamente sobre as íngremes dunas.
Entretanto, o vento soprava cada vez mais forte lançando areia aos olhos da
criança que reclamava estar com dificuldades para abrir os olhos. Como estava escurecendo,
e a próxima e última etapa seria a mais complexa, o mediador propôs que fosse
transferida para o dia seguinte.
No
dia seguinte, domingo à tarde, para fechar a brincadeira o grupo novamente se
reuniu, tendo agora a inclusão de mais uma componente que participou da
primeira edição em 2015. O que não esperávamos era a atitude da criança de
cinco anos que trouxe na sua mochila espadas e facas de brinquedo para
enfrentar “os temíveis piratas que poderiam estar escondidos no local onde o
tesouro estava enterrado”. Por terem lido a última pista no dia
anterior, todos/as já tinham conhecimento do caminho seguiriam até o exato
local do tesouro escondido. Sendo o local uma furna ou abrigo sobre rocha, próxima ao oceano, a criança menor acreditava
que na entrada ou interior da mesma, piratas armados guardavam o tesouro.
Para
dar mais originalidade à aventura, de imediato o mediador nomeou a criança para
o posto de “capitão”, aquele que iria à frente dos demais para protegê-los.
Entretanto, no momento da descida da duna e travessia do córrego, a criança
manteve-se a frente dos demais, demonstrando coragem. Próxima a entrada da
furna, recusou o posto de capitão alegando estar com medo. Ao entrar no abrigo,
qualquer ameaça foi avistada. Não mais temendo a presença dos temíveis piratas,
a criança se dirigiu ao monitor reivindicando outra vez o posto de capitão.
Agora
era o principal desafio: como saber exatamente onde estaria enterrado o baú ou
lata contendo o rico tesouro? Para tornar essa etapa mais empolgante o mediador
entregou-os um pequeno mapa, que segundo ele foi deixado no local, sobre uma
rocha, pelos piratas. O mapa continha setas e linhas retas, informando o número
de passos que deveriam dar até o ponto exato do tesouro. Sem qualquer
demonstração de cansaço, porém ansiosos, lá estava o grupo abrindo o baú e
removendo as pequenas pedras, que cobriam as inúmeras balas depositadas ao
fundo. O mais intrigado com o achado realmente foi a criança menor que fez a seguinte
questionamento ao monitor: será que os piratas gostavam de balas?
Terminada
a brincadeira, muitas possibilidades pedagógicas a atividade caça ao tesouro
ainda pode proporcionar, podendo ser exaustivamente explorada com as crianças
de forma prazerosa. A construção de maquetes, desenhos, relatórios, exposição
de fotografias, exibição de filmes e documentários, produção de pequenos
filmes, contação de histórias com antigos moradores, são algumas sugestões a
mais que podem resultados extraordinários no desenvolvimento das capacidades
cognitivas e psicomotoras das crianças.
DESENVOLVIMENTO DA BRINCADEIRA A CAÇA AO TESOURO
ENTRAR NA PÁGINA DO GOOGLE EARTH E DELIMITAR A ÁREA E ESCALA UTILIZADA NA CONFECÇÃO DO MAPA COM AS PISTAS. |
CONFECCIONAR O MAPA QUE SERVIRÁ DE GUIA PARA A LOCALIZAÇÃO DAS PISTAS DO TESOURO ESCONDICO |
PISTA 2
ENCONTRADA A PISTA, SIGAM OUTRA
VEZ PELA RUA ATLÂNTICA ATÉ O PARAPENTE. CHEGANDO AO LOCAL, VÃO ATÉ A LIXEIRA QUE
ESTÁ A DIREITA DA PRINCIPAL ENTRADA. ENCONTRE A PRÓXIMA
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PISTA 14
MAPA CONTENDO AS SETAS E OS PASSOS QUE DEVERÃO SER DADOS ATÉ CHEGAR AO TESOURO
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PISTA 14 MAPA CONTENDO AS SETAS E OS PASSOS QUE DEVERÃO SER DADOS ATÉ CHEGAR AO TESOURO |
PISTA 13
MAPA CONTENDO AS SETAS E OS PASSOS QUE DEVERÃO SER DADOS ATÉ CHEGAR AO TESOURO
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PISTA 13
MAPA CONTENDO AS SETAS E OS PASSOS QUE DEVERÃO SER DADOS ATÉ CHEGAR AO TESOURO
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PISTA 13
MAPA CONTENDO AS SETAS E OS PASSOS QUE DEVERÃO SER DADOS ATÉ CHEGAR AO TESOURO
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PISTA 13
MAPA CONTENDO AS SETAS E OS PASSOS QUE DEVERÃO SER DADOS ATÉ CHEGAR AO TESOURO
Prof. Jairo Cezar
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