PROJETO
ESCOLA SUSTENTÁVEL E AS ETAs (ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA) DE ARARANGUÁ –
VISITA A ESTAÇÃO AÇUDE BELINZONI
Está
cada vez vais evidenciado que muito mais cedo do esperado os conflitos
regionais e planetários serão travados por disputas de mananciais ou poços
contendo água potável ao invés de petróleo e jazidas de pedras preciosas. A
escassez desse recurso finito já é nítida nos cinco continentes devido a vários
fatores como os antrópicos, ação humana. O Brasil, quem diria, um imenso
território cantado em verso e prosa por possuir as maiores reservas de água
doce do planeta, atualmente, até mesmo a Amazônia vem enfrentando estiagem e o
racionamento de água. São freqüentes as campanhas difundidas pelos meios de
comunicação, escolas e organizações ambientais, alertando à população e o poder
público sobre o risco de faltar água se hábitos de consumo e manuseio do
líquido não forem modificados.
Hoje
em dia mais de 50% da água tratada somente no Brasil é desperdiçada, ou seja, é
perdida devido a problemas na rede ou uso indevido. No caso de Araranguá, o
consumo diário é de 6 a 7 milhões de litros. No entanto, desse total consumido,
apenas 3 milhões de litros seriam suficientes para suprir as necessidades. Isso
significa que é captado das lagoas o dobro de água necessária. Na tentativa de
evitar que tal tragédia planetária venha se concretizar, pondo em risco a
própria existência da espécie humana, a EEBA vem fazendo a sua parte, realizando
o projeto Escola Sustentável, com as temáticas, energia elétrica e água.
Depois
de realizada as visitas as ETAI e ETA II, Morro dos Conventos e Lagoa da Serra,
a coordenação, grupo gestor do projeto e demais professores/as envolvidos/as,
estiveram no dia 22 de novembro de 2017, quarta feira, visitando a ETA III, no
bairro Alto Feliz. Mais uma vez o grupo foi recepcionado pelo técnico do SAMAE,
Gil, que proferiu palestra educativa sobre os ciclos da água, seus riscos de
contaminação e escassez. Relatou que no planeta do total de água existente,
0,26% é doce, estando concentrada nos rios, lagos e no subsolo. Entretanto, apenas
0,002 são consideradas potável, própria para o consumo humano. Informou que água pode ser consumida
naturalmente ou tratada.
Devido
aos problemas advindos da contaminação, cada vez mais o volume de água sem
tratamento disponível vem se tornando escasso. Nesse sentido, são necessários
procedimentos químicos e físicos para torná-la potável à população. O município
é atendido por cinco estações, as três citadas acima, e outras duas, nos
bairros Hercílio Luz e Espigão da Pedra.
A ETA I, do Morro dos Conventos, trata 33 litros de água por segundo. O
líquido é captado no manancial lago do bicho ou lago dourado, que possui 40
hectares de área ocupada pela água. Todo líquido tratado atende exclusivamente
à população do próprio bairro e comunidades do entorno.
A
ETA II, construída no manancial lago da serra, contendo área de abrangência de
110 hectares, fornece água também para o município de Baln. Arroio do Silva. A
cada segundo são tratados, somente para atender a demanda de Araranguá, 95
litros são tratados, que corresponde a 40% da demanda total do município. Já a
ETA III, no Açude Belinzoni, embora a área ocupada seja menor que a do Lago da
Serra, o volume de água tratada é de 55 litros por segundo, correspondendo 60%
do total distribuído à população. Diferente das duas ETAs anteriores, a estação
III, o custo pelo beneficiamento da água é relativamente menor que a da lagoa
da serra e lago dourado, pelo fato de ser de boa qualidade. A pouca presença de
impurezas, evita o adicionamento de substâncias químicas como o alumínio para a
separação de partículas pesadas.
A
existência de densa vegetação ciliar no entorno do lago despertou a atenção do
grupo. O assunto rendeu discussões e reflexões sobre a importância das florestas
na regulação dos lençóis freáticos e contenção das partículas que tendem a se
deslocar para o leito dos mananciais durante as chuvas. Os/as professores/as
que acompanhavam o grupo alertaram sobre os reflexos dos desmatamentos e
queimadas para a regulação dos mananciais. Tais atividades depredadoras vêm se replicando
no município, fazendo desaparecer os poucos remanescentes de mata atlântica no
entorno dos lagos da serra e do caverá. São exatamente nesses pontos frágeis,
onde estão as nascentes, que ocorrem as ações criminosas das queimadas.
Já
se observa na região, estado e no Brasil como um todo a visível redução do fluxo
de chuvas necessárias para a reposição dos aqüíferos e lençóis freáticos. Esse
fenômeno climático adverso, que a cada ano seu ciclo se torna mais longo parece
não despertar a sensibilidade das autoridades quanto aos cuidados com o planeta
e os reservatórios de água doce. O caso da lagoa do caverá é um exemplo
ilustrativo. A mesma está secando literalmente. Para ilustrar os reais riscos à
humanidade aos reduzidos cuidados com a água, o palestrante exibiu documentário,
onde faz menção a uma carta escrita em 2070, descrevendo as debilidades enfrentadas
pela humanidade devido à falta de água. O ritmo de degradação hoje enfrentado
pelo planeta vem demonstrando que tais debilidades poderão ocorrer muito antes
da data destacada no documentário.
Dentre
as medidas que os municípios deverão adotar para reverter tais ameaças estão: a
preservação das mananciais e aqüíferos é o cumprimento dos planos de saneamento
básico. A instalação de sistemas de coleta e tratamento do esgoto é uma das
ações do plano. Hoje 97% das residências do município de Araranguá utilizam
fossas sépticas. Para reverter o problema da contaminação e riscos à saúde, duas
usinas de tratamento foram edificadas, uma nas imediações da Câmara de
Vereadores, que atenderá 15,4 mil habitantes e, a segunda, no Parque Alvorada,
que tratará esgotos produzidos por 15,2 mil pessoas.
Segundo
o técnico do SAMAE, o mesmo informou que o sistema de tratamento irá retirar
90% da sujeira da água, permitindo sua dispersão na natureza sem riscos ao
ambiente. O problema, porém, segundo ele, é quanto aos destinos dos resíduos ou
do lodo recolhidos. Informou que o lodo será secado e descartado. A expectativa
é que os procedimentos no manuseio do esgotamento não se assemelhem ao do
tratamento da água na lagoa da serra e lago dourado, cujo lodo contendo
partículas de alumínio é despejado outra vez ao manancial.
Prof.
Jairo Cezar
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