Protocolo de kyoto,
15 anos de fracasso
Depois da grande Conferência Mundial sobre o clima, conhecida como a Rio-92, que teve uma participação aproximada de 200 chefes de estados, três anos depois na cidade de Berlim, Alemanha, realizou-se a primeira Cop (Conferência das Partes), cujo objetivo foi traçar linhas emergenciais para reafirmar itens discutidos no Rio de Janeiro como a imediata redução das emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa e aquecimento global, dentre eles o (Co2) dióxido de carbono.
No entanto foi em 1997 na cidade de Kyoto,
Japão, que ocorreu a Cop-3, considerada a mais importante depois da Rio-92, onde
chefes de nações, entidades ambientais e demais organizações, tiveram clareza da
real gravidade climática que vinha passando o planeta, das previsões negativas do aquecimento global e da
urgência de colocar em prática acordos assumidos em 1992, no Rio de janeiro,
com vistas a amenizar possíveis catástrofes climáticas previstas por cientistas
e estudiosos do clima para o século XXI.
Dentre as ações, a mais importante foi a
construção de um documento de intenções, chamado Protocolo de Kyoto, cuja
finalidade foi comprometer os países membros em especial os mais
industrializados a desenvolverem tecnologias limpas que reduzam o equivalente a
5,2% da emissão de gases poluentes a atmosfera entre os anos de 2008 a 2012, índices
estes relativos a 1990.
As assinaturas de ratificação ao
protocolo passaram a ser coletadas a partir de 1998, porém sua efetivação
somente ocorreu em 2004 após a aceitação e confirmação da Rússia. Para que o
Protocolo adquirisse validade seria necessária a assinatura de 55 países,
dentre eles os industrializados, que juntos respondiam por 55% das emissões de
gases estufa. São hoje 174 países que ratificaram o acordo, com exceção os
Estados Unidos. A Austrália passou a
integrar o grupo em 2007. Portando, dentre os países ricos apenas os Estados
Unidos continuam resistindo a acatar o acordo. Para se ter noção da gravidade
que é a não participação desse país fortemente industrializado, o mesmo
contribui, sozinho, com 36% da emissão.
O que vem se constatando desde o
encontro da Eco-92 e da primeira Conferência
das Partes é a elevação progressiva dos índices de poluentes na atmosfera. Os
acordos assinados visavam reduzir as emissões, porém, os relatórios
apresentados vêm gerando preocupação em decorrência do aumento significativo de
partículas geradoras do efeito estufa, ultrapassando todos os limites
inimagináveis.
Enquanto que em 1990, a emissões de
gases poluentes alcançavam cifras equivalentes a 22,7 bilhões de toneladas, 11
anos depois, em 2011, esse número já
tinha superado os 34 bilhões de toneladas.
O que causa apreensão e indignação as entidades que atuam em defesa do
ambiente, é o fato de que desde 1995, já
ocorreram 18 Conferências em países diferentes, com milhares de participantes e
com gastos públicos exorbitantes. No entanto, nos 15 anos de vigência do protocolo
de Kyoto a quantidade de poluentes lançados à atmosfera bateu todos os recordes
históricos, estando o planeta cada vez mais ameaçado. As previsões para os
próximos 8 anos não são animadoras. Acredita-se que até 2020, haverá um
crescimento de 20% a mais de emissão de gases
poluentes totalizando 40 bilhões de toneladas.
O fracasso do protocolo de Kyoto ocorreu
quando os países mais industrializados e que emitem cifras exorbitantes de poluentes
à atmosfera, se recusaram em implementar políticas mais severas para limitar e
emissão de gases. Os projetos adotados até o momento ainda são modestos, e a
justificativa pela não efetivação completa está na escassez de recursos disponíveis
e a substituição das plantas tradicionais por outras mais limpas requer grandes
somas de recursos financeiros. É visível
perceber que as políticas desenvolvimentistas ou tecnologias adotadas que estão
sendo adotadas são extremamente letais para o planeta resultando em catástrofes
climáticas cada vez mais freqüentes como furações e estiagens prolongadas. Portanto há uma combinação explícita entre elevação do PIB, aquecimento global e
mudanças climáticas. Será que para proteger o planeta de um possível hecatombe
global será necessário que as economias dos países sofram uma forte recessão
como que ocorreu nos Estados Unidos, entre os anos de 2008 e 2009, com redução
significativa Pib e também forte redução dos índices de emissões de Co2?
A Cop-18 , realizada em Doha, capital do
Catar, entre os dias 26 e 6 de dezembro de 2012, se configurou como um fracasso
já previsto. Com uma estimativa de 200
países presentes, nada significativo foi acordado, apenas a prorrogação do Protocolo
de Kyoto até 2015, quanto deverá ser discutido outras estratégias visando novos
acordos entre os países e a criação de uma nova agenda global sobre o clima.
O fracasso do encontro como das inúmeras
conferências realizadas está na recusa de países como Russia, China,
India, EUA, Japão, Canada e a própria União Européia de colocarem em
prática suas políticas de redução de Co2, sendo que juntos contribuem com mais
de 80% da emissão. O protesto dos países
industrializados ao protocolo está na não inclusão da China, India e Brasil como nações obrigadas ao
cumprimento da resolução de Kyoto. A
situação é tão delicada, pois a China, que é um país em crescimento, só em 2010
liberou à atmosfera 8,9 bilhões de toneladas de Co2, alta de 600 milhões.
Segundo alerta do Banco Mundial na conferência de Doha, se o ritmo de poluição
for mantido, haverá uma elevação aproximada da temperatura do plante em 4 graus
centígrados.
Um dos principais reflexos da elevação
média da temperatura global já pode ser percebido nas regiões ou cidadãs
situadas nas médias latitudes cujos picos de calor registrados no mês de
novembro de 2012 ficaram acima da média. O exemplo foi o município de Criciúma,
situado no sul de Santa Catarina na latitude 28º40, cujos termômetros acusaram 39,8
graus centígrados.
Na 17ª Conferência das Partes ocorrida
na cidade de Durban, África do Sul, com a participação de 194 países mais os
industrializados chegaram num consenso de prorrogar o protocolo de Kyoto para
mais quatro ou sete anos com início em 2013. Porém nesse tratado os Estados
Unidos estão excluídos por não ratificar o protocolo, enquanto que países como
China, Índia e Brasil não há obrigatoriedade para que os mesmos cumpram
rigorosamente os acordos. Um avanço em Durban foi a criação de uma comissão que
irá elaborar um novo acordo a partir de 2012, na Conferência de Doha, Catar, em substituição ao de 1997. Esse documento
terá um prazo de três anos para ser construído e entrará em vigor em 2015.
No Catar, o que foi hegemônico entre os
participantes foi a constatação de que a
agenda de Kyoto não resultou em ganhos substanciais para o planeta, durante os
15 anos de existência. A dúvida e o
ceticismo que perpassou entre os participantes ligados a organizações em defesa
do ambiente é quanto as promessas lançadas para os próximos 8 anos. O que vem
ocorrendo tanto entre as nações que aderiram o protocolo como aquelas que
ficaram de fora são a implantação de programas ambientais isoladas como a Austrália que promete reduzir
5% de CO2, enquanto que os Estados Unidos
propõem ações mais ousadas, ou seja, em
20% até 2020. Outro tema polêmico em Doha foi quanto a efetivação do Plano
Verde que obriga os países industrializados a captarem 100 bilhões de dólares
ano, até 2020, fundo esse que será destinado as nações subdesenvolvidas como
Brasil para recuperar suas florestas e outras ações. Essa proposta do fundo
verde iniciou suas discussões em Copenhague, Dinamarca, na Cop-15, porém sua
criação foi em Cancun, México, na Cop-16.
Na Cop-17 a Coréia do Sul foi o primeiro
país em oferecer recursos para a criação do fundo. Porém, tantos os Estados
Unidos como União Européia não seguiram o mesmo caminho da Coréia, alegando
indisponibilidade de recursos em decorrência da forte crise econômica que
assolam suas economias. Tanto a China como o Brasil cobram das nações ricas o
cumprimento dos acordos acerca da aplicação dos recursos.
Prof.
Jairo Cezar
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