Relatório Sócioeconômico do Bairro Morro
dos Conventos
Dando prosseguimento ao Projeto Memória
Local da Escola de Educação Fundamental Padre Antônio Luiz Dias, em 2011, os
professores José Carlos dos Santos e Junior, ambos de geografia, coordenaram
pesquisa envolvendo os estudantes da sexta série, cuja finalidade foi
diagnosticar a realidade sócioeconômica do bairro.
Para abranger um público maior, os (as)
estudantes foram divididos (as) em dez grupos. Foram 333 pessoas entrevistadas,
somando com os demais indivíduos que compunham cada família, totalizaram 864
pessoas. Finalizando as entrevistas,
concluiu-se que a média de indivíduos por família do bairro é de
aproximadamente 2,5 membros. Pouco mais da metade da população pesquisada
nasceu no próprio município, ou seja, 172, enquanto que as 161 restantes são de
55 municípios diferentes, destacando os estados de Santa Catarina e Rio Grande
do Sul.
Constata-se um forte processo migratório
para o bairro. Nos últimos dez anos, dos 297 pesquisados, 115 estão residindo
há menos de dez anos, sendo que muitos desses novos habitantes são aposentados.
No bairro, das 80 (oitenta) profissões registradas, as mulheres
lideram o ranque, sendo que 73 delas exercem o papel de donas-de-casa, seguindo
a ordem estão os aposentados, com 65; pescadores com 15; professores e
pedreiros com 13 e agricultores e domésticas com 12.
Embora o número de profissões seja grande,
o nível instrucional da população é relativamente baixo. Das 864 totalizadas,
25 são analfabetos, 340 possuem o 1º grau incompleto, 120 completaram o 1º
grau. 125 indivíduos concluíram o ensino médio, enquanto que 102 não
completaram. Dos 107 que ingressaram no
ensino superior, 69 finalizaram, enquanto que 38 desistiram ou continuam
estudando.
A
condição instrucional da população do bairro reflete diretamente nos salários recebidos.
Dos 331 pesquisados, 178 recebem até 2 salários mínimos, que equivalem a R$ 600
a R$ 1000 reais; 111 possuem renda de 2 a 4 salários; 28 percebem de 5 a 7 e,
apenas 14, possuem renda superior a 7 salários.
Em se tratando da religiosidade, das 348
respostas, 241 consideram-se seguidores do catolicismo; 80 são evangélicos, com
destaques a Assembléia de Deus, Adventista do Sétimo Dia, Quadrangular,
Universal do Reino de Deus e Afro-Brasileira. 27 declararam não possuir
religião.
Quanto aos serviços prestados pelo poder
público, a pesquisa avaliou o grau de satisfação e insatisfação da população.
Das 347 entrevistadas, 246 se dizem atendidas pelo SAMAE (Serviço de
Abastecimento Municipal de Água e Esgoto). No bairro são 101 residências que
utilizam ponteiras ou poços artesianos como sistema de abastecimento. Das
atendidas pelo poder público, 38 consideram ótima os serviços prestados pela
autarquia; 144 declararam bom; 55 definiram como regular e 09 consideram
péssimos os serviços.
Quatros entrevistados alegaram que a água
fornecida pelo Samae não é de boa qualidade enquanto que outra admitiu que a
qualidade da mesma não é melhor em decorrência da poluição provocada pelos Jet
ski e lanchas no principal manancial do bairro.
Sobre a coleta de lixo, dos 374
entrevistados, 50 consideram ótimo; 203 bom; 96 regular e 25 péssimo. Dentre as
reclamações, destacam-se: coletar o lixo mais vezes durante a semana; mais
lixeiras na praia. Sobre a limpeza das ruas, das 368 entrevistas, 38 consideram
ótima, 196 bom, 96 regular e 40 péssima. Alguns entrevistados reclamam dos
animais como gatos e cães soltos nas ruas; criticam o trânsito de veículos na
orla marítima; pedem calçamentos e lombadas e principalmente uma ciclovia que
possa interligar o bairro ao centro da cidade.
Quanto a iluminação pública, dos 331
pesquisados, 26 consideram ótima, 143 boa, 96 regular e 66 péssima. Vinte
entrevistados admitiram que o bairro está as escuras e que é necessário,
urgentemente, melhorar a iluminação das ruas. Muitas ruas possuem postes sem
lâmpadas ou, quando possuem, não funcionam ou
estão quebradas.
Sobre os serviços prestados pelo
ambulatório do balneário, dos 357 pesquisados, 52 consideram ótima, 156 bom;
107 regular e 42 péssimo. No entanto, os números acima revelam que a população
não está satisfeita com o desempenho do centro de saúde, sendo que as
principais queixas são as seguintes: mais investimentos na saúde, contratando
mais e bons profissionais; mais atendimento de qualidade no hospital; mais
fichas disponíveis à população, evitando, desse modo, filas; mais acesso de
informações à população quanto a prevenção de doenças.
Em relação a Educação Infantil, dos 223
pesquisados, 43 declararam ótima, 99 boa, 66 regular e 16 péssima. Sobre a
educação escolar, dos 325 pesquisados, 43 consideram ótima, 195 boa, 52 regular
e 20, péssima. Porém, verificou-se que alguns entrevistados gostariam que a
escola oferecesse, nos fins de semana, atividades recreativas. Outros
solicitaram que a escola criasse horários para atender os estudantes de forma
integral.
Na área de segurança, dos 288 pesquisados,
14 declararam ótima, 54 boa, 134 regular e 90 péssima. Somando os números de
pessoas que declararam os serviços de segurança regular ou péssima, ultrapassam
em muito com os que declararam ótima ou boa. Dentre as solicitações
emergenciais duas merecem destaques: instalação de um posto policial e o
aumento de efetivo de policial no bairro, não apenas na temporada, mas durante
todo ano. Muitos afirmam já terem suas residências assaltadas.
O transporte coletivo também recebeu um
expressivo percentual de declarações negativas. Dos 351 pesquisados, 18
consideram ótimo, 125 bom, 103 regular e 105 péssimo. Desses que foram
entrevistados, cinqüenta e três, além de assinalar sua resposta, fizeram
questão de que o entrevistador relatasse sua posição. Os cinqüenta e três
reclamaram da insuficiência de horários de ônibus; solicitaram arrumação as
paradas de ônibus; estudos para analisar melhor os horários; ônibus apenas para
estudantes e passageiros; passagem cara; abrir oportunidades para outras
empresas de ônibus; horários à tarde e à noite; linha de ônibus no Paiquerê.
Dos 298 pesquisados, 249 afirmaram existir
Associação de Moradores no Bairro enquanto que 49 disseram não existir ou não
sabem. Desse total, 46 declararam ótima, 96 boa, 87 regular e 44 péssima. Nesse
item é importante levar em consideração que os entrevistados pertencem a três
comunidades específicas: Morro dos Conventos, Paiquerê e Canjiquinha. Dessas
apenas o Bairro Morro dos Conventos possui uma associação ativa. São muitos os
que declaram desconhecer a associação. No entanto, aqueles que afirmaram
existir alegam fraco desempenho por parte de seus integrantes. Muitos
declararam que a Associação deve trabalhar para envolver a comunidade na
discussão dos problemas existentes. A comunidade do “Paiquerê” pede a
construção de um salão de festas ou um centro comunitário.
Sobre a coleta seletiva, dos 226
pesquisados, 58 disseram que faziam a coleta enquanto que 168 afirmaram que
não. Porém o que alegam os entrevistados quanto a não realização da coleta
seletiva é a não existência de um serviço público ou particular que receba esse
material e transporte para um local devidamente apropriado.
Dos 287 entrevistados, 170 afirmaram que
tem horta em suas casas enquanto que 117 disseram que não possuem. Sobre o
Ambiente, dos 208 entrevistados, 101 afirmaram ser muito importante, 100
alegaram importante, 5 acharam indiferente e 2 comentaram que esse assunto não
tem importância. Dentre os problemas levantados destacam-se: coibir o barulho
no camping; cuidado com o ambiente; denunciar queimadas; fiscalizar a derrubada
de árvores nativas; não por lixo em terrenos baldios; multar as pessoas que
jogam entulho nas ruas; campanha mais efetiva ao turista, quanto a preservação
do morro dos conventos; não haver poluição sonora.
No final da entrevista foi elaborada uma
pergunta cujo entrevistado estaria livre para expressar sua opinião quanto ao
desempenho do poder público no bairro. Dentre as inúmeras respostas destacamos:
o poder público deveria dar mais atenção ao Morro dos Conventos; os políticos
prometem e não fazem; o prefeito deveria visitar mais vezes o Bairro;
melhoramento infra-estrutural do Loteamento Delci; reforma na conduta dos
políticos brasileiros; retirar a rótula de entrada o Paiquerê; os cuidados do Bairro deixam a desejar;
limpeza da praia é péssima; o Morro dos conventos está atrasado; investir no
turismo; o prefeito só se importa com o bairro no verão para impressionar os
turistas; mudar de repertório no primeiro do ano, carnaval, as bandas, pois
ninguém agüenta mais o disco furado; creche na canjiquinha; falta banheiro
público; instalar academia pública; instalar radares; cuidar das ruas;
esgotamento das ruas; mais atenção com
os idosos e crianças. É fundamental a implantação de um plano diretor
específico para o Bairro; implantação da intendência municipal com orçamento
próprio.
Prof. Jairo Cezar
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