OS
TERRITÓRIOS PELESTINOS COMO UM "LABORATÓRIO" DAS TECNOLOGIAS DE GUERRA EXPORTADAS
POR ISRAEL
| Foto - Jairo |
O
conflito desencadeado em 7 de outubro de 2023, quando integrantes do Hamas romperam
as fortificações que separam Gaza de Israel gaza e mataram centenas de jovens,
sequestrando outras dezenas em uma festa, admite-se que o ato macabro tenha
sido o resultado de décadas de violação do estado judeu contra palestinos.
Desde o episódio de outubro, o governo de Israel promoveu uma escalada de
ataques ao enclave palestino que já resultou em mais de 40 mil mortos, na sua
grande maioria civis, especialmente crianças. inúmeras foram as acusações de
práticas de genocida coordenadas pelo premie israelense benjamim Netanyahu
contra os palestinos, porém, até o momento nenhuma medida que o levasse ao
banco dos réus foi efetivada, permanecendo incólume às barbaridades praticadas.
Não
é de hoje que o estado sionista de Israel vem lucrando bilhões de dólares com o
enclave em Gaza e as permanentes ocupações na Cisjordânia, transformando esses
espaços em laboratórios às inovações tecnológicas, armamentos de última
geração, como drones, fuzis e equipamentos de vigilância. Isso mesmo, Israel é
hoje um dos maiores fabricantes desses equipamentos e cujos testes da sua
eficiência ocorrem nos territórios ocupados, nas residências, hospitais e nos corpos
de civis indefesos.
As
investidas do governo sionista israelense em Gaza e na Cisjordânia, com o apoio
financeiro e logístico do seu principal aliado o presidente norte americano
Donald Trump, ficaram mais esclarecidas na obra “Laboratório Palestina”,
escrita pelo jornalista investigativo Australiano Antony Loewenstein. O livro é
magnifico, com uma escrita de fácil compreensão, onde o autor procura esmiuçar,
já a partir das primeiras páginas, como Israel exporta tecnologia de ocupação
para o mundo, bem como o modo como essas ferramentas de última geração são
testadas antes do fechamento dos contratos com os compradores, na grande
maioria regimes autoritários.
O
fato é que Israel vem se protagonizando como um dos principais beneficiados dos
conflitos globais, isso, é claro, desde a ocupação ilegal dos territórios
palestinos em 1948. O domínio sobre territórios palestinos, Gaza e Cisjordânia,
vem ocorrendo de forma sistemática com os assentamentos de colonos judeus,
muito dos quais oriundos da Europa, Ucrânia, em especial. É uma estratégia há
muito tempo pensada e executada pelos premies israelenses com vistas a
dificultar ainda mais a criação do Estado palestino. Manter os palestinos
atrelados a um regime opressor, desprovidos de direitos, foi inspirado no
modelo Sul Africano, o Apartheid, instituído entre 1948 a 1995.
Durante
os quase 80 anos de ocupação israelense na palestina, o regime sionista
israelense sempre esteve envolvido direta e indiretamente em inúmeros conflitos,
apoiando geralmente regimes ditatoriais. O apoio acontecia no fornecimento de
armamentos a governos repressores, como a Pinochet no Chile; a Papa Doc e Baby
Doc no Haiti; Nicolau Chauchescu na Romênia; a Alfredo Stroessner no Paraguai;
a Somoza na Nicaragua etc.
Um
país que tem como uma de suas principais fontes econômicas, a fabricação de
armamentos e equipamentos sofisticados de segurança, é claro que os lucros
nessa atividade se tornam polpudos com a ocorrência de conflitos. Portanto, o
11 de setembro de 2001, nos EUA, foi uma “benção” para os negócios israelenses,
fechando inúmeros contratos de vendas de equipamentos de segurança para muitos
países da união europeia e da América do Sul, a exemplo do Brasil. Na época, os
EUA, adotou um plano de caça aos terroristas, que o denominou de Doutrina Bush,
desencadeando incursões armadas no Oriente Médio para prender os inimigos árabes,
dentre eles, Ozama Bin Laden, o arquiteto do 11 de setembro.
A
mesma estratégia de caça aos inimigos, vem sendo adotada pelos israelenses
atualmente, como os ataques a Gaza, cuja alegação é destruir alvos terroristas,
como do grupo Hamas. As imagens exibidas dos bombardeios sem trégua deixam
explícitas a intenção do governo sionista israelense, que é a limpeza étnica,
ou seja, varrer do território os palestinos. Manter sob vigilância permanente
cada cidadão palestino é a tônica do governo israelense. Equipamentos como
drones, usados para vigiar as fronteiras de Gaza e Cisjordânia, estão sendo
hoje adquiridos pelos governos europeus para vigiar as fronteiras, impedindo a
entrada de imigrantes ilegais, principalmente africanos do norte do continente
que tentam atravessar o mar mediterrâneo em precárias embarcações.
Há
cerca de dez anos mais ou menos, quase diariamente, a imprensa mundial
divulgava imagens de embarcações repletas de imigrantes africanos capturados
pela marinha italiana, grega, entre outras nações, tentando chegar à costa
europeia. Muitas embarcações naufragaram repleta de refugiados, onde não
tiveram a sorte de serem resgatados antes do barco afundar. Com tanta
tecnologia de vigilância a disposição, o que causa estranheza é como essas
embarcações não foram detectadas em tempo hábil pelas guardas costeiras. Não há
dúvida que a decisão das autoridades acerca das embarcações no mediterrâneo foi
fazer vistas grossas à presença dos refugiados africanos, paquistaneses, afegãos
etc.
Financiar
grupos rebeldes com a venda de armamentos usados para práticas genocidas, a
exemplo de Ruanda, faz parte do currículo de atrocidades cometidas por Israel.
Muitos devem lembrar do conflito tribal sangrento envolvendo grupos étnicos
Hutus e Tutsi, em Ruanda. Foi Israel que vendeu metralhadoras, granadas de
mãos, entre outros armamentos, para os Hutus. Em cem dias aproximadamente de
conflitos, mais de 800 mil Tutsis foram mortos pelos Hutus, se configurando
como sendo um dos episódios mais violentos de extermínio sistemático de civis de
todos os tempos.
A
Índia também é um caso emblemático em termos de conflitos decorrentes de litígios
territoriais, estando mais uma vez Israel envolvido nesse imbróglio. O litígio tem
como epicentro a região de Caxemira, ocupada predominantemente de árabes paquistaneses,
porém, sob o domínio político e administrativo da Índia. Por décadas o
Paquistão e a Índia vêm disputando o território. Atualmente o presidente da
Índia vem mantendo vínculos comerciais com Israel. Equipamentos para vigilância
são adquiridos pelo governo indiano para vigiar e controlar os cidadãos
paquistanês na Caxemira.
As
mídias sociais são severamente vigiadas, e os infratores, torturados por
publicar informações contrárias ao regime indiano. Outro fato que merece
destaque, a partir de 2019, o governo da Índia autorizou que não caxemirenses
comprassem propriedades na região, uma tentativa clara de mudar sua composição
geográfica, seguindo o mesmo modelo da Palestina. A China, no entanto, também
se enquadra nesse grupo de compra de equipamentos militares israelenses para
monitorar a população a sua população. A intenção é coletar informações dos
seus cidadãos e tentar prever o seu comportamento.
Como
principal aliando de Israel, os Estados Unidos, também é grande comprador,
fabricante de equipamentos de vigilância, usados no monitoramento de suas
fronteiras, principalmente as que fazem divisa com o México. Se os territórios
palestinos são os laboratórios para os equipamentos israelenses, por exemplo,
armamentos, o estado do Arizona, nos EUA, é um campo de testes dos Estados
Unidos. Equipamentos, como drones, são usados para vigiar e impedir a entrada de
migrantes latinos.
O
papel das Big Tech tem desempenhado papel importante no controle dos palestinos
dentro de seus territórios. O autor do livro, Antony, traz um capítulo
específico denunciando plataformas como o Facebook, Tik Tok, entre outras, pela
descarada censura as falas dos palestinos, silenciando-as nas suas redes.
Relata também que os assentamentos na Cisjordânia não são rotulados nos mapas
dos aplicativos como territórios disputados, mas como simples dados da
realidade. Ou seja, são vistos como territórios pacificados, dando legitimidade
aos israelenses e negando a existência do outro, o povo palestino.
O
caso dos assentamentos de colonos judeus na Cisjordânia pode ser comparado ao
conflito entre Ucrânia e Rússia, onde as redes sociais e a própria imprensa
ocidental tentam “lacrar” o líder russo como um invasor maligno, atribuindo ao
ucraniano o seu legítimo direito de resistir. Portanto, a resistência ucraniana
é legítima e moral para a imprensa entreguista oficial ocidental pró establishment.
Já a ação israelense sobre os territórios palestinos, de cerceador de direitos,
de massacrar crianças, não recebe julgamento semelhante ao “inimigo” do
ocidente, Putin.
Prof.
Jairo Cesa
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