quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

 

 

OS TERRITÓRIOS PELESTINOS COMO UM "LABORATÓRIO" DAS TECNOLOGIAS DE GUERRA EXPORTADAS POR ISRAEL

Foto - Jairo


O conflito desencadeado em 7 de outubro de 2023, quando integrantes do Hamas romperam as fortificações que separam Gaza de Israel gaza e mataram centenas de jovens, sequestrando outras dezenas em uma festa, admite-se que o ato macabro tenha sido o resultado de décadas de violação do estado judeu contra palestinos. Desde o episódio de outubro, o governo de Israel promoveu uma escalada de ataques ao enclave palestino que já resultou em mais de 40 mil mortos, na sua grande maioria civis, especialmente crianças. inúmeras foram as acusações de práticas de genocida coordenadas pelo premie israelense benjamim Netanyahu contra os palestinos, porém, até o momento nenhuma medida que o levasse ao banco dos réus foi efetivada, permanecendo incólume às barbaridades praticadas.

Não é de hoje que o estado sionista de Israel vem lucrando bilhões de dólares com o enclave em Gaza e as permanentes ocupações na Cisjordânia, transformando esses espaços em laboratórios às inovações tecnológicas, armamentos de última geração, como drones, fuzis e equipamentos de vigilância. Isso mesmo, Israel é hoje um dos maiores fabricantes desses equipamentos e cujos testes da sua eficiência ocorrem nos territórios ocupados, nas residências, hospitais e nos corpos de civis indefesos.

As investidas do governo sionista israelense em Gaza e na Cisjordânia, com o apoio financeiro e logístico do seu principal aliado o presidente norte americano Donald Trump, ficaram mais esclarecidas na obra “Laboratório Palestina”, escrita pelo jornalista investigativo Australiano Antony Loewenstein. O livro é magnifico, com uma escrita de fácil compreensão, onde o autor procura esmiuçar, já a partir das primeiras páginas, como Israel exporta tecnologia de ocupação para o mundo, bem como o modo como essas ferramentas de última geração são testadas antes do fechamento dos contratos com os compradores, na grande maioria regimes autoritários.

O fato é que Israel vem se protagonizando como um dos principais beneficiados dos conflitos globais, isso, é claro, desde a ocupação ilegal dos territórios palestinos em 1948. O domínio sobre territórios palestinos, Gaza e Cisjordânia, vem ocorrendo de forma sistemática com os assentamentos de colonos judeus, muito dos quais oriundos da Europa, Ucrânia, em especial. É uma estratégia há muito tempo pensada e executada pelos premies israelenses com vistas a dificultar ainda mais a criação do Estado palestino. Manter os palestinos atrelados a um regime opressor, desprovidos de direitos, foi inspirado no modelo Sul Africano, o Apartheid, instituído entre 1948 a 1995.

Durante os quase 80 anos de ocupação israelense na palestina, o regime sionista israelense sempre esteve envolvido direta e indiretamente em inúmeros conflitos, apoiando geralmente regimes ditatoriais. O apoio acontecia no fornecimento de armamentos a governos repressores, como a Pinochet no Chile; a Papa Doc e Baby Doc no Haiti; Nicolau Chauchescu na Romênia; a Alfredo Stroessner no Paraguai; a Somoza na Nicaragua etc.

Um país que tem como uma de suas principais fontes econômicas, a fabricação de armamentos e equipamentos sofisticados de segurança, é claro que os lucros nessa atividade se tornam polpudos com a ocorrência de conflitos. Portanto, o 11 de setembro de 2001, nos EUA, foi uma “benção” para os negócios israelenses, fechando inúmeros contratos de vendas de equipamentos de segurança para muitos países da união europeia e da América do Sul, a exemplo do Brasil. Na época, os EUA, adotou um plano de caça aos terroristas, que o denominou de Doutrina Bush, desencadeando incursões armadas no Oriente Médio para prender os inimigos árabes, dentre eles, Ozama Bin Laden, o arquiteto do 11 de setembro.  

A mesma estratégia de caça aos inimigos, vem sendo adotada pelos israelenses atualmente, como os ataques a Gaza, cuja alegação é destruir alvos terroristas, como do grupo Hamas. As imagens exibidas dos bombardeios sem trégua deixam explícitas a intenção do governo sionista israelense, que é a limpeza étnica, ou seja, varrer do território os palestinos. Manter sob vigilância permanente cada cidadão palestino é a tônica do governo israelense. Equipamentos como drones, usados para vigiar as fronteiras de Gaza e Cisjordânia, estão sendo hoje adquiridos pelos governos europeus para vigiar as fronteiras, impedindo a entrada de imigrantes ilegais, principalmente africanos do norte do continente que tentam atravessar o mar mediterrâneo em precárias embarcações.

Há cerca de dez anos mais ou menos, quase diariamente, a imprensa mundial divulgava imagens de embarcações repletas de imigrantes africanos capturados pela marinha italiana, grega, entre outras nações, tentando chegar à costa europeia. Muitas embarcações naufragaram repleta de refugiados, onde não tiveram a sorte de serem resgatados antes do barco afundar. Com tanta tecnologia de vigilância a disposição, o que causa estranheza é como essas embarcações não foram detectadas em tempo hábil pelas guardas costeiras. Não há dúvida que a decisão das autoridades acerca das embarcações no mediterrâneo foi fazer vistas grossas à presença dos refugiados africanos, paquistaneses, afegãos etc.

Financiar grupos rebeldes com a venda de armamentos usados para práticas genocidas, a exemplo de Ruanda, faz parte do currículo de atrocidades cometidas por Israel. Muitos devem lembrar do conflito tribal sangrento envolvendo grupos étnicos Hutus e Tutsi, em Ruanda. Foi Israel que vendeu metralhadoras, granadas de mãos, entre outros armamentos, para os Hutus. Em cem dias aproximadamente de conflitos, mais de 800 mil Tutsis foram mortos pelos Hutus, se configurando como sendo um dos episódios mais violentos de extermínio sistemático de civis de todos os tempos.

A Índia também é um caso emblemático em termos de conflitos decorrentes de litígios territoriais, estando mais uma vez Israel envolvido nesse imbróglio. O litígio tem como epicentro a região de Caxemira, ocupada predominantemente de árabes paquistaneses, porém, sob o domínio político e administrativo da Índia. Por décadas o Paquistão e a Índia vêm disputando o território. Atualmente o presidente da Índia vem mantendo vínculos comerciais com Israel. Equipamentos para vigilância são adquiridos pelo governo indiano para vigiar e controlar os cidadãos paquistanês na Caxemira.

As mídias sociais são severamente vigiadas, e os infratores, torturados por publicar informações contrárias ao regime indiano. Outro fato que merece destaque, a partir de 2019, o governo da Índia autorizou que não caxemirenses comprassem propriedades na região, uma tentativa clara de mudar sua composição geográfica, seguindo o mesmo modelo da Palestina. A China, no entanto, também se enquadra nesse grupo de compra de equipamentos militares israelenses para monitorar a população a sua população. A intenção é coletar informações dos seus cidadãos e tentar prever o seu comportamento.   

Como principal aliando de Israel, os Estados Unidos, também é grande comprador, fabricante de equipamentos de vigilância, usados no monitoramento de suas fronteiras, principalmente as que fazem divisa com o México. Se os territórios palestinos são os laboratórios para os equipamentos israelenses, por exemplo, armamentos, o estado do Arizona, nos EUA, é um campo de testes dos Estados Unidos. Equipamentos, como drones, são usados para vigiar e impedir a entrada de migrantes latinos.   

O papel das Big Tech tem desempenhado papel importante no controle dos palestinos dentro de seus territórios. O autor do livro, Antony, traz um capítulo específico denunciando plataformas como o Facebook, Tik Tok, entre outras, pela descarada censura as falas dos palestinos, silenciando-as nas suas redes. Relata também que os assentamentos na Cisjordânia não são rotulados nos mapas dos aplicativos como territórios disputados, mas como simples dados da realidade. Ou seja, são vistos como territórios pacificados, dando legitimidade aos israelenses e negando a existência do outro, o povo palestino.  

O caso dos assentamentos de colonos judeus na Cisjordânia pode ser comparado ao conflito entre Ucrânia e Rússia, onde as redes sociais e a própria imprensa ocidental tentam “lacrar” o líder russo como um invasor maligno, atribuindo ao ucraniano o seu legítimo direito de resistir. Portanto, a resistência ucraniana é legítima e moral para a imprensa entreguista oficial ocidental pró establishment. Já a ação israelense sobre os territórios palestinos, de cerceador de direitos, de massacrar crianças, não recebe julgamento semelhante ao “inimigo” do ocidente, Putin.

Prof. Jairo Cesa             

Nenhum comentário:

Postar um comentário